RESENHA LAVOURA ARCAICA
Por: Natalia Matias • 3/11/2018 • Resenha • 1.109 Palavras (5 Páginas) • 324 Visualizações
Introdução
A obra Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, foi publicado em 1975. É a história de uma família de imigrantes libaneses que vieram para o Brasil. A família muito tradicional, vive no campo e sob constante vigilância da figura paterna irá passar por conflitos psicológicos.
Em 1976, o autor ganhou o prêmio Coelho Neto para romance da Academia Brasileira de Letras e o prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro. Em 2001, o livro tem uma adaptação para o cinema que também foi bem sucedida pela crítica.
Sobre o autor
Raduan Nassar nasceu em 27 de novembro de 1935, em Pindorama, São Paulo. Filho de imigrantes libaneses formou-se em filosofia. Em 1975 publica Lavoura Arcaica, em 1978 publica a novela Um copo de cólera e em 1994 publica o conto A menina a caminho. Atualmente vive como fazendeiro.[pic 1]
Resumo da obra
André, filho de uma família de camponeses, se revolta contra a mentalidade conservadora que estava presente na lavoura e seus habitantes, resolvendo fugir de casa. A narrativa se inicia com seu irmão mais velho, Pedro, decidindo traze-lo de volta. Indo até a pensão onde André estava e tentando convence-lo a voltar para casa. André então conta a Pedro o que andou fazendo e os motivos que o fizeram partir, revelando seus vícios, fraquezas e desejos. Suas irmãs rezavam por sua volta e sua mãe o aguardava ansiosa.
O retorno de André é conflituoso, em uma tentativa de volta o mesmo se mostra ambíguo quanto ao que sente, chegando a desabafar com o pai que não o compreendia. Enquanto isso, seu outro irmão Lula também se revolta e diz que vai fugir da casa, pois não aguentava a vida da fazenda.
Um dia depois o pai prepara uma festa de recepção a André, então Ana dança sensualmente para ele. Pedro que não aguentava mais guardar segredo revela ao pai o que estava acontecendo entre os irmãos, o incesto. Desesperado, o pai mata Ana e acaba morrendo de tristeza logo em seguida.
Elementos da narrativa
Tempo
O tempo da narrativa acontece de acordo com as tensões e memórias, ou seja, é o tempo psicológico. Não é linear, uma vez que a narrativa decorre do fluxo de consciência do narrador.
Espaço
Na narrativa são construídos dois espaços: a lavoura (fazenda) e a pensão. É interessante perceber as diferenças entre os dois espaços:
A pensão apesar de ser fechada é o ambiente libertador.
Os olhos no teto, a nudez destro do quarto; róseo, azul ou violáceo, o quarto é inviolável; o quarto é individual, é um mundo, quarto catedral, onde nos intervalos da angústia, se colhe, de um áspero caule, na palma da mão, a rosa branca do desespero, pois entre os objetos que o quarto consagra estão primeiro os objetos do corpo. (NASSAR, 1989, p. 9).
A fazenda é ampla, aberta e vasta, mas ao contrário é o ambiente de opressão, do tradicional e imutável.
[...] tudo em nossa casa é mordidamente impregnado da palavra do pai [...], eram pesados aqueles sermões de família, mas era assim que ele começava sempre, era essa a sua palavra angular, era essa a pedra que nos esfola a cada instante, vinham daí as nossas surras e as nossas marcas no corpo, mas era ele também, era ele que dizia provavelmente sem saber com certeza o uso que um de nós poderia fazer um dia. (NASSAR, 1989, p. 43)
Narrador
A narrativa é subjetiva uma vez que é contada pelo narrador- personagem André. Em nenhum momento da narrativa Ana tem voz. E as características da família são descritas apenas pela percepção do narrador.
Personagens
Pedro: Filho mais velho, responsável pela volta de André e também por contar a seu pai sobre o incesto. É calmo e brando.
André: Jovem interiormente atormentado por desejar sua irmã Ana, busca a sua liberdade, é constante. Fica em conflito entre suas paixões e rigidez do pai. É o narrador da história.
Ana: Irmã desejada de André, mulher a florescer, confusa e costuma assumir posturas extremas diante das ordens dos pais.
Iohána: Patriarca da família, arcaico, “pai provedor”, tem controle sobre toda a família e bruto e sistemático.
Lula: filho caçula, próximo a André. Tem desejo de fugir da fazenda
Zuleika, Huda e Rosa: As outras irmãs.
Mãe: Super protetora dos filhos, vive em tensão entre obedecer ao patriarca e ceder as vontades maternais.
Linguagem
O romance é construído através da união de prosa e poesia. As ambiguidades das palavras de André também coincidem com as ambiguidades da narrativa
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