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Análise da canção Eleanor Rigby

Por:   •  12/2/2018  •  1.675 Palavras (7 Páginas)  •  350 Visualizações

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Mais e mais perguntas retóricas aparecem em nosso pensamento. Não é possível obter respostas a todas elas. Podemos descobrir informações sobre diversas pessoas, mas nunca suas histórias inteiras. Cada um enfrenta suas próprias batalhas e não é possível ter tempo para ouvir a luta de cada um.

Padre McKenzie escreve um sermão que ninguém vai ouvir. Talvez porque a fé religiosa tenha desaparecido da vida das pessoas, ou porque simplesmente estão ocupadas com outras coisas. Como salvará alguém se não tem fiéis? Como salvará a si mesmo sem poder cumprir sua missão? Quando está sozinho, trabalha. Remenda suas meias à noite. Ninguém chega perto. Ele está sozinho. Com o que ele realmente se importa? Ele é feliz?

As perguntas retóricas voltam a surgir em nossa mente e as presentes na música são repetidas no mesmo ritmo sereno: De onde vêm todas as pessoas solitárias? A que lugar todas elas pertencem? E logo são seguidas, quase como se fossem respondidas com a intimação do começo da canção, a ordem, a súplica para pararmos de ser egoístas e olhar para e pelas pessoas solitárias.

Não há tristeza ou desespero claramente explícito na letra da música. O ritmo da melodia, porém, faz parecer que a solidão é um sentimento neutro (percebe-se quando o som está sereno) que aos poucos, entre um parágrafo e outro, torna-se um vazio que cresce por dentro e torna-se um buraco negro que suga qualquer tipo de emoção. Parágrafos estes representados pelas intimações que a letra faz, onde o ritmo fica intenso, frio e curto, representando fortemente pelo violino, causando um certo suspense e melancolia.

Eleanor não parece se alterar e espera pacientemente pela morte, a qual acontece na Igreja. Talvez como uma forma de redenção, recompensa ou até mesmo talvez de conforto. É enterrada somente com seu nome, a representação da única coisa que realmente teve em sua vida. Ela mesma. Talvez nem tenha deixado herdeiros. Ninguém compareceu ao enterro. Nem amigos, filhos, família, ninguém. Nos faz pensar que não será lembrada, que suas histórias não serão contadas, que não haverá flores em seu túmulo. Que não há uma única pessoa nesse gigantesco mundo que sentirá sua falta ou que chorará de saudade. É importante ressaltar que a frase “Eleonor Rigby morreu na Igreja” encontra-se no passado. Já passou, acabou. A vida dessa mulher não voltará mais. Perambulou por aí sem rumo, sem ter para onde voltar, sem ter importância para nenhum outro ser humano. Se seus dias não valeram a pena, não há mais esperança, jamais irão valer. Não teve uma última declaração de amor, não riu pela última vez, não amou pela última vez, não pediu perdão. Só, simplesmente, morreu. Não distinguiu a realidade da mentira. Morreu sozinha, sem simpatia, sem dó, sem comentários por ter deixado a vida.

Limpando as mãos sujas, o padre McKenzie sai da sepultura de Eleanor. A frase “limpando a sujeira de suas mãos” no presente contínuo representa, talvez a continuação da vida que segue solitária, mas segue.

Foi ele quem a enterrou. E aí é onde o destino dos dois se encontram. É a única interação presente na música. E, talvez a mais importante. Realmente, ninguém foi salvo por suas palavras, nem aquela que aparentemente, frequentava a igreja com frequência. Porque afinal, a morte chega para todos, o que nos resta é saber se a vida vale a memória que fica dela.

Os dois são retratados como símbolos das pessoas solitárias como um todo. Representam a dificuldade que as pessoas têm de encontrar umas às outras. Mostram que muitas vezes, o enterro é o único tipo de “contato” feito durante anos de separação afastamento.

Não há um modelo certo para viver. A solidão nem sempre representa tristeza. Há padrões mais comuns dentro da sociedade, mas não necessariamente devem ser seguidos. Sempre podemos distinguir pessoas que não se encaixam em padrões. Pessoas que vivem sozinhas, que não convivem com a família. O que elas fazem?

Eleanor Rigby é com certeza uma das canções mais bonitas dos Beatles. Foi originalmente lançada no álbum Revolver de 1966 e marca o fim da fase mais pop e alegre dos Beatles para se transformarem em uma banda mais séria e adulta. As músicas desse álbum têm temas mais misteriosos e reflexivos.

É provavelmente a música mais chocante dos Beatles. Não só por conta de sua melodia melancólica mas porque lança uma sombra sobre todo o álbum. Todas as outras músicas parecem tentar responder as perguntas indecifráveis feitas na canção. O tema da música coloca a invisibilidade dos solitários como foco, sobretudo os mais velhos e como o fim da vida pode ser triste. O álbum todo parece analisar onde as coisas deram errado, qual foi o ponto de rompimento com a felicidade.

Eles fazem um retorno à infância em “Yellow Submarine” e contam como eram felizes com amigos e tinham tudo que precisavam. Na letra de “she said she said” ele cita como “quando era um garoto estava tudo certo”. Ou quando eles podiam simplesmente dormir sem preocupações citadas na música “I’m only sleeping”.

O amadurecimento é inicialmente retratado em “taxman” na qual criticam os altos impostos ingleses. Logo em “Doctor Robert” onde fazem referências a um médico que receitava anfetaminas a seus pacientes famosos e em seguida “got to get you into my life” que retrata suas experiências com coisas mais pesadas. “I want to tell me” representa a dificuldade ao comunicar-se com a avalanche de pensamentos em que viviam. O abraço urgente do amor sexual em “love you to”. Tentam sentir-se mais espiritualmente evoluídos em “here, there and everywhere” que logo nos leva a “for no one” um vazio desesperado apresentado pela morte do amor. Depois a “tomorrow never knows” onde ele responde que “o amanhã ninguém sabe” e que é necessário jogar o jogo da existência até o fim, acreditar em si mesmo, desligar sua mente, viver e amar e ver onde os caminhos vão dar.

As perguntas da música não são claramente

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