ANALISAR A ATUAL SITUAÇÃO QUE A EMPRESA SE ENCONTRA
Por: Sara • 30/11/2017 • 1.784 Palavras (8 Páginas) • 452 Visualizações
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Ora, se o domínio da norma culta fosse realmente um instrumento de ascensão na sociedade, os professores de português ocupariam o topo da pirâmide social, econômica e política do país, não é mesmo? Afinal, supostamente, ninguém melhor do que eles dominam a norma culta.
A revista Nova escola traz em algumas de suas edições, algumas explanações bem relativas que visam concomitantemente esclarecer as variações que a língua sofre, visando assim romper com a prática do preconceito linguistico dentro (e fora) da sala de aula. Especificamente na edição de Maio de 1999, a revista abordou de forma mais intensa a questão do preconceito linguistico, trazendo em uma de suas seções um fragmento do livro de Marcos Bagno, que defende vigorosamente a vivacidade da língua, denunciando e esclarecendo os mitos consagrados pelo autor como os piores, pois em muitos casos, não passam de mera ignorância, simplesmente os indivíduos se acham no direito de criticar as pessoas por sua forma de falar, desconsiderando assim sua bagagem cultural e até mesmo seu conhecimento de mundo. Nessa seção o redator da revista analisa as considerações de Bagno acerca dos mitos preconceituosos
O autor do livro descreve a existência de um círculo vicioso de preconceito lingüístico composto de três elementos: o ensino tradicional, a gramática tradicional e os livros didáticos. Na visão de Bagno, isso não funciona assim, "a gramática tradicional inspira a prática de ensino, que por sua vez provoca o surgimento da indústria do livro didático, cujos autores, fechando o círculo, recorrem à gramática tradicional como de fonte de concepções e teorias sobre a língua". “A maneira como o ensino é administrado tem sido estudada pelo Ministério da Educação e nos Parâmetros curriculares nacionais” reconhece que há "muito preconceito decorrente do valor atribuído às variedades padrão e ao estigma associado às variedades não-padrão, consideradas inferiores ou erradas pela gramática. Essas diferenças não são imediatamente reconhecidas e, quando são, é objeto de avaliação negativa.
Revista Nova Escola, maio de 1999.
O redator da revista complementa ainda que
Diz-se que o “brasileiro não sabe Português” e que “Português é muito difícil”. Estes são alguns dos mitos que compõem um preconceito muito presente na cultura brasileira: o lingüístico. Tudo por causa da confusão que se faz entre língua e gramática normativa (que não é a língua, mas só uma descrição parcial dela). Separe uma coisa da outra com este livro, que é um achado.
Revista Nova Escola, maio de 1999.
Nesta edição da revista foi sugerido também que os leitores assistissem um vídeo em que Claudio Bazzoni, assessor de Língua Portuguesa da Prefeitura de São Paulo, explica que existem diferentes variantes linguísticas na Língua, uma vez que ela é viva e adquire características sociais, históricas e regionais.
Percebemos o quanto a revista aborda relativamente a questão do preconceito linguistico, visto que esse fator é bem relevante dentro do âmbito escolar, acreditamos que se faz necessário um olhar mais atento para a questão desse tipo de preconceito, uma vez que se dá de forma mais ampla e significante dentro do âmbito escolar por ser considerado um ambiente referencial para a aprendizagem do falar certo, faltando da parte da redação da revista uma forma ou estratégia de incutir em seus leitores a desmistificação dessa ideologia preconceituosa.
4. O preconceito a luz de alguns teóricos
Como bem sabemos existe uma regra de ouro da Linguística que diz: "só existe língua se houver seres humanos que a falem".
Segundo Bagno (1997), a unidade linguística do Brasil é um mito, e devido às diferenças existentes a língua portuguesa dividiu-se em dois grupos: o português padrão, supervalorizado pelas camadas superiores da sociedade, sendo eleita a língua “correta”, concedendo a quem a fala, todo o prestígio; e o português não-padrão, desvalorizado pela sociedade, tido como língua “errada” e “inferior”, que é falada por pessoas incultas.
Para SCHERRE, "Preconceito linguístico é o julgamento depreciativo, desrespeitoso, jocoso e, conseqüentemente, humilhante da fala do outro ou da própria fala". Todos os falantes devem ser respeitados, independentemente do uso do português padrão ou português não padrão.
Ronald Beline (2005) defende que, embora o indivíduo possa utilizar variantes, é no contato com outros falantes de sua comunidade que ele vai encontrar os limites para a sua variação individual. Como o indivíduo vive inserido numa comunidade de fala, deverá haver semelhanças entre a língua que ele fala e a que a que os outros membros da sua comunidade falam.
Considerações finais
O ensino vem passando por transformações e o ensino da língua, como uma ciência viva que está em constante evolução, passa por um processo de melhoramento e não por uma crise, sendo assim, “a língua, pois, não está em crise, como querem alguns mal informados. Ela prossegue em sua evolução, como reflexo das alterações sociais da comunidade” (Preti 1990, apud LEITE, 1999, p. 204).
Nesse sentido, é relevante termos claro que a língua está em constante mudança, sofrendo enormes alterações de acordo com sua cultura e região.
Enfim, como vimos o preconceito linguístico é visto significativamente no cotidiano dos indivíduos, e na escola não é diferente, principalmente na relação professor/aluno, alguns professores costumam corrigir seus alunos quando os mesmos não respeitam a norma padrão da língua portuguesa, ou seja, para eles os discentes devem falar de acordo com a norma padrão. Para BAGNO (2007)
Os métodos tradicionais de ensino da língua no Brasil visam, por incrível que pareça, a formação de professores de português! O ensino da gramática normativa mais estrita, a obsessão terminológica, a paranóia classificatória, o apego à nomenclatura — nada disso serve para formar um bom usuário da língua em sua modalidade culta. Esforçar-se para que o aluno conheça de cor o nome de todas as classes de palavras, saiba identificar os termos da oração, classifique as orações segundo seus tipos, decore as definições tradicionais de sujeito, objeto, verbo, conjunção etc. — nada disso é garantia de que esse aluno se tornará um usuário competente da
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