O Menino de Engenho

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um carneiro, chamado de Jasmim, com selas e rédea para montar dava lhe banho com sabonete e penteava sua lã, saía para passear pela fazenda cavalgando, passava na casa dos empregados do engenho e brincava com os filhos deles.

Vieram umas primas do Recife, fez amizade com uma delas, a mais velha. Sempre ficavam nas sombras dos cajuzeiros e ela contava histórias sobre viagens em navios as quais ele temia e ele contava histórias como a da cheia e de um incêndio que acabou atingindo a fazenda. Certo dia ele deu um beijo de surpresa nela e depois saiu correndo de volta para a casa grande, no jantar eram apenas olhares, sem nenhuma palavra, e foi assim até o dia que a prima volta para Recife sem demonstrar tristeza, que acabou partindo seu coração. Depois disso, o que lhe restou foram os passeios pelo engenho com Jasmim. Até o dia em que a vida despertou a perversão em seu corpo, sempre ia ver as mulheres tomarem banho no rio que ao mesmo tempo em que o censuravam, e a curiosidade dele as agradava.

Maria, a tia de Carlinhos foi para o recife, comprar algumas coisas para seu enxoval. No engenho os preparativos para seu casamento tomavam conta de todos. Na beira do rio começavam os sacrifícios dos animais, inclusive o carneiro de Carlinhos, Jasmim, pois o animal estava gordo e lhe dariam outro. Agora lhe restava apenas Zefa Cajá, a negra com quem se tornou homem aos doze anos de idade, com isso contraiu uma chamada “doença de homem”. Inicialmente teve a tentativa de esconder e lutar contra ela, mas depois veio ao conhecimento dos moradores da casa grande, e ele sempre era motivo de riso.

Desde o casamento de Tia Maria que o menino se preparava para ir pra escola. Fazia-se o enxoval de Carlos Calças, ceroulas e camisas novas e brancas. Foi para o internato, e sabia que lá poderia ser o que a mãe desejaria que fosse seguindo os conselhos do avô que se estudasse não se arrependeria. Então levou para o internato o coração sacudido de paixões de um homem feito e uma alma mais velha do que seu corpo.