Leitura e produção de texto
Por: Juliana2017 • 20/9/2018 • 4.810 Palavras (20 Páginas) • 315 Visualizações
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Todos os dias nascem novos textos, novos gêneros e novas formas de se comunicar. A humanidade se encontra em caminhada constante. O atual reescreve o antigo. A modernização depende do passado, “fonte de conhecimento inesgotável”. E o homem, sempre a procura, tenta encontrar seu espaço e firmar sua identidade como ser.
Antes de aprender a ler, já se sabe o que dizer. Lê-se sem saber. E, de repente, surgem palavras, símbolos, pontuações e definições. Com isso, aprende-se a transcrever o pensamento, organizando-o em frases, parágrafos e margens. Dão-se opiniões, argumentações e normas de instruções, para serem aceitas ou não.
Leitura e literatura são bens destinados aos homens, criaturas capazes de raciocinar. Através da fala e escrita, passam a se expressar. Mostram o que realmente são, e porque são. Definem-se, redefinem-se em busca de explicações. Aos poucos, chegam a soluções, definindo seus próprios padrões.
Introspectivos, impessoais, formais e informais, criam textos. Uns, patrimônios literários raros; outros, nem tanto. Cada um dita o contexto que escolhe; a finalidade que tem. Verdadeiras, falsas, fictícias ou não, suas palavras transmitem convicções, visões de mundo e afirmações.
- LEITURA TEXTUAL: COMO INTERPRETÁ-LA
2.1 APREENSÃO E COMPREENSÃO
Se por um lado, a apreensão e a compreensão de um texto tendem a facilitar a sua decodificação e descoberta de sentidos; por outro, as concepções e estratégias de leitura caracterizam e especificam o ato de ler, bem como sua utilidade de comunicação aliada à visão de mundo de cada pessoa.
Na apreensão, os significados são captados tanto pelo reconhecimento das palavras, quanto pela identificação de relações pré-estabelecidas entre elas. Já na compreensão, há uma associação do texto lido com o conhecimento de mundo do leitor, que se liga, por sua vez, aos aspectos políticos, econômicos e sociais que circulam na sociedade.
2.2 CONCEPÇÕES DE LEITURA: FOCOS TEXTUAIS
Outro fator importante, para que haja um melhor entendimento textual, é percebido através das Concepções de Leitura, as quais variam conforme a visão de sujeito, de língua, de texto e de sentindo, possuindo três focos principais:
- Foco no autor - entende-se a concepção de língua
Como representação do pensamento e de sujeito como senhor absoluto de suas ações e de seu dizer, o texto é visto como um produto - lógico - do pensamento (representação mental) do autor, nada mais cabendo ao leitor senão “captar” essa representação mental, juntamente com as intenções (psicológicas) do produtor, exercendo, pois, um papel passivo (KOCH & ELIAS, 2006, p. 9, grifos nossos).
Em outras palavras, Koch & Elias nos faz perceber que, neste foco textual, o texto é construído a partir da representação mental do autor, ou seja, do seu próprio pensamento. Assim, o leitor deve “captar” os sentidos do texto, a fim de entender o que o autor pretende informar.
- Foco no texto - trata-se da concepção de língua como código ou como mero instrumento de comunicação, ou seja, “o texto é visto como simples produto da decodificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, bastando a este, para tanto, o conhecimento do código” (KOCH & ELIAS, 2006, p. 10, grifos nossos).
- Foco na interação autor-texto-leitor - através da interação dialógica - autor, texto e leitor conversam entre si -, este foco considera as experiências e os conhecimentos de mundo do leitor, a fim de que este entenda o que lê, sob sua própria percepção.
2.3 ESTRATÉGIAS DE LEITURA
Em relação às Estratégias de Leitura, podemos fundamentá-las na teoria de Vygotsky, a qual defende que:
A língua possui duas finalidades: a de intercâmbio social e a de pensamento generalizante. A primeira serve para a comunicação entre os indivíduos, e a segunda é a ordenação do real, é o processo de inter-relações que desenvolvem a consciência e a percepção de determinado objeto/situação, posteriormente transmitidos para outros conceitos e outras áreas do pensamento (VYGOTSKY, 1991, grifos nossos).
Seguindo a teoria de Vygotsky, percebemos que a leitura é uma prática social que remete o texto lido a outros textos e outras leituras (objetivando a comunicação); é, portanto, um processo cognitivo de construção de sentidos, onde o leitor utiliza inúmeras estratégias de compreensão (psicológicas e/ou mentais) para decifrar o que se lê. Nessa mesma perspectiva, em síntese, Paulo Freire afirma que
[...] o ato de ler [...] não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas [...] se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade e da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e contexto (FREIRE, 1981, grifos nossos).
2.4 LEITURA: PRODUÇÃO DE SENTIDOS
Ao lermos, utilizamos as nossas próprias experiências individuais, sensoriais, representações e lembranças para determinar as diferentes formas de leitura e de sentidos percebidos no texto, sendo auxiliados pelos conhecimentos lingüísticos, esquemas cognitivos ou pela bagagem cultural que acumulamos durante a vida. Desta forma, “é o leitor quem constrói o sentido com base em seus conhecimentos, em sua expectativa e em sua interação de leitor [...]. Só ele pode transformar o que precisa ser lido em algo significativo e prazeroso” (BRAGA; SILVESTRE, 2002, pag. 27, grifos nossos).
É perceptível que a leitura nos faz entender o mundo e conhecer a nós mesmos. Quando lemos, viajamos por outras dimensões, desvendando alguns mistérios da humanidade ou adentrando pelas veredas psicológicas da alma. E se interpretamos o que lemos, é porque somos capazes de sentir e ver o mundo sob nossos próprios pontos de vista, sem esquecer que vivemos numa sociedade onde não estamos sozinhos, onde há pessoas que pensam ou não como nós. A leitura nos torna capaz de respeitar o outro e aceitar diferenças, fazendo-nos tolerantes e íntegros.
3 GÊNEROS TEXTUAIS OU DISCURSIVOS PRESENTES NA REVISTA ÉPOCA
3.1
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