ESTRATÉGIA DE LEITURA DE TEXTO NÃO VERBAL
Por: Lidieisa • 25/9/2018 • 1.941 Palavras (8 Páginas) • 456 Visualizações
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Tentação Destinatário-Sujeito (Competência)
Sedução Destinatário-Sujeito (Performance)
Intimação Destinatário-Julgador (Sanção) =>
Provocaço Cognitiva /Pragmatica
No esquema acima, podemos definir as etapas do (PN) conforme segue:
O actante é manipulado, através de sedução, tentação, intimidação ou provocação, por um destinador-manipulador.
O actante, que é o destinatário-sujeito da manipulação, acredita ter o poder de executar uma performance;
O destinatário-sujeito executa uma performance;
Um destinador-julgador sanciona a performance do destinatário-sujeito em dois níveis: o cognitivo, reconhecendo que a performance foi executada, e o pragmático, concedendo-lhe uma espécie de premiação ou punição.
Na sequencia, temos o nível seguinte, o discursivo, que trata da relação do enunciador com o seu dizer. A enunciação é apresentada dentro da narrativa através das categorias de pessoa, espaço e tempo, por meio da debreagem, que consiste na operação pela qual a enunciação se projeta no enunciado, as operações de debreagem podem ser resumidos como objetividade e subjetividade. Essa debreagem pode ser enunciativa quando o enunciador se coloca como uma instancia presente e explicita na enunciação, exemplo (eu-aqui-agora) criando sentido de subjetividade. Já na debreagem enunciva, a presença do enunciador é pressuposta, ou implícita, exemplo (ele-lá-então) num efeito de objetividade.
No caso da embreagem, o enunciador em primeira pessoa (EU) faz referencia a si mesmo como sendo uma terceira pessoa, buscando assim uma pessoa fora do discurso.
- Plano de expressão:
De acordo com Fiorin (2003, p.77-8), o conteúdo só pode manifestar-se por meio de um plano de expressão. Na junção do plano de conteúdo com o plano de expressão temos então a textualização. O texto é, pois, uma unidade que se dirige para manifestação, sofrendo, nesse processo, as coerções do material em que é veiculado. Por exemplo, no caso de uma poema (plano de expressão verbal) e de uma pintura (plano de expressão não-verbal, isto é, visual) apenas o primeiro texto submete o destinatário a linearidade inerente ao signo verbal: as palavras são lidas uma após a outra, assim como as sílabas que as compõem, o que não ocorre no texto visual (pintura), em que os elementos podem ser apreendidos simultaneamente. Partindo dessa teoria, os textos então tem duas funções sendo elas de utilidade ou estética.
Nos textos verbais, o plano de expressão não interessa ao analista do discurso, uma vez que o mesmo remete diretamente o plano de conteúdo. Diferente disso, o mesmo não ocorre nos textos não-verbais, uma vez que o plano de expressão pode não se limitar a expressar o conteúdo e vai muito além, criando novas relações com o conteúdo. É o caso da analise da poesia, ballet, pintura etc.). “O poeta recria o mundo nas palavras, isto é, recria o conteúdo na expressão, fazendo com que a articulação entre os dois planos contribua para a significação global do texto (FIORIN, 1995).
- Apresentação das Obras
Figura 1 Figura 2
[pic 15] São Franscisco de Assis com a Caveira São Miguel e Almas [pic 16]
(Fonte: Acervo pessoal do autor) (Fonte: acervo pessoal do autor)
Escultura de “São Francisco de Assis com caveira” (figura 1) foi produzido por Antônio Francisco Lisboa (1738-1814). Aleijadinho como era conhecido, esculpi em cedro essa obra de cerca de 40 cm em seu ateliê. São Francisco de Assis em posição cruciforme com o corpo de frente e a cabeça de perfil, voltada para uma caveira que segura na mão direita. Fato bastante comum no período Barroco, a caveira na mão do santo ilustrava a brevidade da vida, a fugacidade do tempo e a inutilidade do cultivo dos bens terrenos.
A imagem de São Miguel e Almas (Figura 2) foi executada em pedra-sabão, após 1778. Trata- se do anjo São Miguel, ou São Miguel Arcanjo, bastante cultuado desde o século XVIII, que é, ao mesmo tempo, o juiz e o salvador das almas do Purgatório. Tradicionalmente usa traje militar romano, como a couraça e o saiote. Na mão esquerda, o Arcanjo segura um escudo com as letras IHS, que são as iniciais de Iesu Homini Soter (Jesus Salvador dos Homens) e, na mão direita, uma balança de metal que remete ao seu status de juiz. Época do estilo rococó traz assimetria da figura de São Miguel, sua movimentação e seu manto esvoaçante. Estilo Barroco do século XVIII.
- Análise do plano de conteúdo das esculturas
Analisando a imagem de São Francisco com a caveira, temos a categoria semântica de base vida vc
morte, sendo o termo vida representado por Francisco de Assis e o termo morte pela caveira. A caveira no contexto não traz negatividade, São Francisco não a lida com repugnância, pelo contrário, volta os olhos para ela. No discurso barroco, a morte é, frequentemente, figurativizada por um crânio ou esqueleto. Na imagem a morte remete para um estado de vida simples, sem luxos ou ganancia e abdicando de bens materiais.
Já no nível discursivo, temos uma debreagem enunciva, a enunciação ocorre em terceira pessoa, remetendo a um lá e a um então. Encontramos a oposição opulência vs. pobreza. Sendo que o termo pobreza é figurativizado pelos trajes simples de São Francisco, seus pés descalços e cabeça raspada.
São Francisco Caveira[pic 17][pic 18][pic 19][pic 20]
Não-Morte Não-Vida
Na escultura de São Miguel e Almas encontramos no nível fundamental a categoria de base Humanidade vs Divindade. Segundo Fiorin (1999, p. 180), “os anjos englobam a não-divindade e a não-humanidade. Entretanto, na escultura em análise, a figura do Arcanjo São Miguel remete ao termo /divindade/, o que pode ser verificado em função das características que descreveremos a seguir.
Primeiramente, observamos que o anjo possui aparência zoo-antropomórfica: tem o aspecto humano, mas, ao mesmo tempo, é dotado de grandes asas. Na mitologia cristã, essa figuração é utilizada para representar seres que não têm existência
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