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Tradicao oral

Por:   •  6/11/2017  •  3.165 Palavras (13 Páginas)  •  427 Visualizações

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Foi a partir dos desenhos das figuras existentes em cada comunidade e da simplificação dos desenhos representativos de cada coisa que chegou-se à criação das letras e de alfabetos.

Cada letra é um signo gráfico abstrato, oriundo de uma forma figurada de algum elemento da natureza, que é também representado por um som. A junção de letras leva a formação de palavras designativas das coisas ou conceitos e conjuntos de palavras leva ao discurso explicativo de comunicados mais completos. (Roberval José Marinho)

Essas comunidades ágrafas espalhadas pelo planeta legaram grandes contribuições para a posteridade, o ser humano dos dias hodiernos acostumados com as facilidades de expressar suas memórias, talvez não perceba toda a riqueza que foi legada para a posteridade desses povos que ainda não tinham a escrita como forma de registros, pode-se notar uma diferença enorme na forma de perceber a tradição oral da tradição da escrita segundo aponta J. Vasina; “Uma sociedade oral reconhece a fala não apenas como um meio de comunicação diária, mas também como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, venerada no que poderíamos chamar elocuções-chave, isto é, a tradição oral.” Nas culturas que não tinham a escrita como forma de registro se valorizava a figura dos anciãos, como diz um velho ditado africano “Na África, quando um velho morre, é uma biblioteca que queima!”. A tradição oral tem também os seus problemas, pois por ser passada de uma pessoa para outra através da fala corre-se o risco de ser transmitidos fatos que foram vivenciado por testemunha ocular ou apenas ser fruto de boatos. Diante desse constante perigo de textos orais existentes serem apenas boatos, como deve agir o historiador? J. Vansine no seu artigo diz o seguinte:

Mas somente as tradições baseadas em narrativas de testemunhos oculares são realmente válidas, o que os historiadores do Islã compreenderam muito bem. Desenvolveram uma complicada técnica para determinar o valor dos diferentes Hadiths, ou tradições que se pretendiam palavras do profeta, recolhidas por seus companheiros. Com o tempo, o número de Haditths tornou-se muito grande, e foi necessário eliminar aqueles para os quais a cadeia de informantes (Isnad) que ligava o erudito que as havia registrado por escrito a um dos companheiros do profeta não podia ser estabelecida. Para cada legação, o cronista islâmico determinava critérios de probabilidade e credibilidade idêntico aos empregados na crítica histórica atual.

Poderia a testemunha intermediária conhecer a tradição? Poderia compreendê-la? Poderia tê-la transmitido? E, se fosse o caso, quando, domo e onde? (Jan Vanina, A tradição oral e sua metodologia)

Percebe-se através da citação supra citada que é necessário ter alguns critérios na hora de fazer uso de algumas tradições Orais, contudo é evidente a grande fonte de riqueza que foi legada para a posteridade pelas sociedades ágrafas, quer sejam deixadas das maneiras mais plurais tais como utensílios diversos, relatos orais, pinturas, esculturas ou indumentárias.

2. A tradição oral como registro de sobrevivência históricas das minorias.

As histórias são transmitidas de várias maneiras, a depender do lugar onde se está posicionado vai influenciar no rumo em que se olha e compreende o passado. Uma coisa é a tradição passada através dos vencedores e quando se faz menção do período dos grandes colonizadores pode-se ter uma ideia de como é visto os fatos contados através dos textos escritos a partir do olhar dos colonizadores e a história contadas dos colonizados e vencidos.

A partir da história oral de algumas comunidades pode-se fazer análises da história social, cultural e familiar de uma sociedade. Com as colonizações e o avanço missionário onde se levava toda a cultura dos invasores e aos poucos iam apagando as memorias dos povos dominados, surge uma grande necessidade de registrar de forma escrita a sua tradição oral que foi passada por seus ancestrais.

Toda a cultura tem uma narrativa da criação e em várias culturas elas eram passadas de forma oral, uma narrativa da criação é a das tribos da Amazônia;

O Mito da criação do mundo é comum a toda a área cultural de rio Negro, mas apresenta variações de um grupo a outro. Narra como os ancestrais da humanidade partiram do oceano atlântico numa canoa-a canoa-de-transfoemação- numa viagem assimilada á humanização e maturação progressiva dos seres humanos. Subiram o curso dos rios amazonas, negro, uaupés e seus afluentes, e foram parando em numerosas casas de transformação, nas quais faziam festas. Desembarcaram num lugar situado entre as cachoeiras de ipanoré, no médio rio Uaupés. Foi nesse lugar que aconteceu a diferenciação entre brancos e índios. Na versão desana, o branco é retratado segundo as duas faces com que se apresentou aos índios: a do padre missionários, doutrinador, empenhado em destruir as crenças ancestrais, e a do truculento negociante, escravizador de índios. Na representação mítica da criação dos diferentes grupos humanos, o homem branco é o último a sair dos buracos das pedras dos ipanoré, sendo logo enxotado por Emekho sulãn panlãmin, o criador da terra, para bem longe, para o sul, como elemento perturbador do éden mítico original. (José Ribamar Bessa Freire)

Na citação a cima fica claro como os invasores tinham um poder de apagar da memória as tradições dos povos conquistados, muitos foram os pesquisadores que se debruçaram em pesquisas para não permitir que essas fontes históricas da tradição oral se perdesse e fizeram esforços para preservar elementos das culturas ágrafas:

Com relação ás populações ágrafas, muitos são os autores que dedicaram boa parte de suas pesquisas ao estudo e discussão pertinente aos conteúdos apresentados nos diversos registros elaborados por nossos ancestrais. Configurados por pinturas e gravuras- encontrados em suportes variados como paredes de grutas, cavernas, abrigos, blocos, etc. – são englobados pelo termo “arte rupestre. ( Cíntia jalles)

Com o avanço das fontes históricas e um vasto material de pesquisa, surge uma disciplina que pode ajudar na recuperação dos fatos já vividos na busca da memória coletiva dos povos ágrafos, esta disciplina é a etnohistória.

Ao reivindicar a existência da memória coletiva nas sociedades orais, a etnohistória descobre e reconhece o seu valor, o que permite a integração de novas fontes a serem trabalhadas pelo historiador, com novos métodos. E abstraindo, por enquanto, os procedimentos metodológicos, nós sabemos que nada mais que a

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