Resenha avaliação desmistificada
Por: SonSolimar • 17/10/2018 • 2.587 Palavras (11 Páginas) • 251 Visualizações
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Esse tipo de avaliação ganha a definição de utópico, pois segundo Hadji, a avaliação formativa não possui um modelo ideal (não sendo nem científica, nem operacional), sendo oferecida como uma “ajuda aos professores” que podiam usa-la para fazer suas constatações. Assim, a avaliação formativa ganha uma finalidade, mas não consegue mostrar o caminho que se deve seguir, tornando-se uma “utopia promissora”.
A avaliação formativa vista como uma “utopia” é valida somente para a colocação de que a avaliação seja uma prática pedagógica com finalidade educativa. E assim sendo, essa expressão faz relação com um modelo inacabado da avaliação formativa.
Para poder compreender melhor o quesito da avaliação formativa, o autor coloca que os professores podem desenvolver novas práticas, entretanto, afirma que uma parte do contexto avaliativo, sempre será apenas idealizado.
Para auxiliar na compreensão dos professores, o autor afirma que a avaliação não é um instrumento de medida. Uma vez que os resultados dependem da utilização dos instrumentos, ou seja, o resultado da avaliação depende do porque e do para que ele foi empregado. Dessa forma Hadji quebra com o conceito enraizado entre os discentes e docentes: a avaliação ela não pode se um instrumento de medida de rendimento, porque a medida em si deveria se estabelecer como uma regra geral, e isso não acontece: cada método avaliativo tem uma finalidade. Há assim a necessidade de tornar o instrumento de avaliação em algo mais confiável.
Para tal feito, é preciso corrigir os defeitos do sistema avaliativo, mas antes de tudo conhecê-los. Um dos defeitos do sistema de avaliação apontado por Charles é em relação à correção das avaliações. As influencias do dia a dia tornam as avaliações sensíveis ao contexto social, o que não faz da avaliação tão objetiva quanto medida.
Os procedimentos de redução de divergências de notas se tornam pouco eficazes, amenizando as consequências, mas não põe fim as causas. E qual seria a causa? Talvez não repreender os próprios corretores das avaliações.
Para minimizar os efeitos das divergências de notas, o autor aponta que é necessária uma especificação do objeto de avaliação, construindo, portanto o objeto de avaliação durante a avaliação. Além disto, Charles afirma que o aumento do numero de corretores -a multicorreção- também não é o caminho que deve ser traçado: a melhoria só é efetuada quando o objeto avaliativo é focado nas competências dos que são avaliados.
O desempenho do aluno é tido como resultado da relação professor/corretor e a condição social. Dessa forma a avaliação se torna um instrumento de comunicação, e o professor o ator desse processo de comunicação (p. 41). A correção da avaliação é formada a priori, pois o corretor analisa os desempenhos anteriores daquele que está sendo submetido à nova avaliação, para então dar um resultado. O autor aponta que podem existir ambiguidades nas questões elaboradas, gerando nas crianças duvidas sobre o que os adultos realmente pretendiam naquele exercício. O aluno poderá também mostrar diferente desempenho dependendo da condição social, já que as provas são relacionadas com esse contexto durante sua elaboração. A isso se identifica na problemática de colocar os alunos no mesmo nível (sem relevar as dificuldades e singularidades de cada um).
A avaliação serve nesse sentido para demonstrar a relação entre o rendimento desejado pela escola e o conhecimento que foi de certa forma adquirido pelo aluno, ou seja, a situação do aluno perante o ensino. A avaliação não se torna algo cientifico, e o “valor do aluno” é atrelado a uma nota que pode não lhe ser apropriada, por conta da nivelação constante entre os alunos.
Charles Hadji aponta que para melhorar o sistema avaliativo, devem ser elaboradas regras avaliativas fixas, através de discussões e finalmente de um consenso. A esse respeito aponta que não adianta “aprimorar o avaliador”, pois isso só melhoraria a sua capacidade de disseminar notas, a mudança deve vir da estruturação da avaliação.
O avaliador cria uma expectativa em relação à avaliação, e sendo assim, a sua avaliação tem uma leitura orientada. Portanto, a leitura é seletiva, e não deveria servir de medida. O professor/avaliador deveria analisar a que medida a avaliação se torna ou não adequada para seus alunos, para só assim analisar se o desenvolvimento de cada aluno foi ou não adequado.
Para o autor a única maneira de colocar a avaliação a serviço dos alunos, é fazendo com que o avaliador entenda as diferenças e compreenda que existe uma necessidade de pluralizar os objetivos da avaliação.
Na terceira parte de seu trabalho, o autor se dedica a dizer que é possível responder e compreender há três questões que considera importante. A primeira questão que o autor traz é sobre a avaliação quantitativa, questionando seus princípios e analisando se ela deveria ou não ser definitivamente abandonada. A esse respeito fala que esse tipo de avaliação não traz para o ensino uma igualdade, relembrando que as notas finais dadas pelos professores são geradas a partir de comparações gerais. Desta forma o autor tenta mostrar que se deve priorizar mais os desempenhos individuais do que o desenvolvimento que deveria ser atingido através de uma média definida por um modelo divergente.
A segunda questão a qual o autor se dedica é relacionada ao julgamento do desenvolvimento dos alunos, ou seja, de julgar as notas obtidas através do meio avaliativo. Nesse ponto o autor acredita que o desempenho do aluno não deve ser julgado. Para o aluno devem ser transmitidas somente as informações que forem necessárias para a correção de erros anteriores e aprimoramento de seu conhecimento. Assim, a avaliação ganha caráter de ajuda, e, portanto não deve ser julgadora. Para Hadji “não é importante julgar, mas compreender” aquele que está sendo submetido à avaliação.
A avaliação deixa de designar um valor – o que caracterizaria o aluno como objeto- e passa a ser empregada em primeira pessoa (a autoavaliação), ganhando outra utilidade com a mesma finalidade: o aluno que desenvolve uma autoavaliação pode analisar seu resultado de acordo com as “ações passadas”, podendo ele reorganizar suas ações (corrigindo os erros) para então alcançar seu objetivo. Portanto, é sim possível fazer uma avaliação sem julgamento.
Não há, entretanto, avaliação sem observação, e a avaliação vai além das tomadas de informações. E para conseguir obter êxito – nas avaliações
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