O Livro do autor Arthur Reis na leitura inicial explana sobre a imensa participação que a Amazônia tem sobre o mundo
Por: Sara • 22/12/2018 • 2.148 Palavras (9 Páginas) • 485 Visualizações
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Com o advento da guerra Brasil e Washington iriam assinar o que chamaria “acordos de Washington”, onde a produção da hévea silvestre além de outras matérias primas se voltaria para auxiliar os combatentes no conflito mundial. O que gerou uma nova onda imigratória, recrutando o número estimado de 24.300 pessoas, o que após o fim da guerra, abrir-se-ia novamente uma crise.
Os seringueiros que é o tema central que escolhir para este trabalho, em sua maioria foram trazidos do nordeste, pois na sua região se encontravam em estado de calamidade, passando principalmente por fome, e vinham em direção ao norte com o objetivo de alcançar o tão imaginado “eldorado” descrito esta na Amazônia, e ao conseguirem obter o tão esperado propósito poderem retornar para suas terras onde haviam deixado seus familiares. O que na prática estaria longe de se realizar, pois como o próprio documentário “Borracha para a vitória” nos mostra é que os seringueiros ao chegarem na Amazônia já se encontravam endividados e por tanto dificilmente conseguiriam quitar os devidos débitos.
As dívidas já se davam até mesmo pela aquisição do material necessário para extração do látex, além de dívidas adquiridas pela manutenção da família no qual se encontrava distante, que segundo relata o autor isso era feito mesmo se os seringueiros não tivessem saldo positivo nas “casas aviadoras”. O autor Arthur Reis trás uma indagação quanto a condição de o seringueiro ser o homem livre ou escravo, e como já sabemos tudo o que o seringueiro adquiria era posto em dívida, que eram todas registradas. “Todas as despesas dos seringueiros são devidamente registradas [...] tiram-se-lhes, mensalmente, as contas, que lhes são remetidas para que se certifiquem de como se encontram: devedores ou credores”.
Os seringueiros em grande maioria eram analfabetos, e por motivo de o barracão central se encontrar distante (barracão central era um local que a principio era residência do seringalista, servindo também como depósito e outras utilidades necessárias, que tempo depois viria a ser a residência do proprietário do seringal) a averiguação da sua conta era feita a cada trimestre, logo se grande parte dos seringueiros não era alfabetizada, o risco de serem enganados era grande. “[...] de modo a ter o seringueiro sempre sem saldo credor, o que significa permanência nas estradas, trabalho continuado, submissão por mais uma safra ao patrão”.
Ora, se sempre o seringueiro acaba ficando em saldo negativo, e o mesmo de acordo com o que autor relata de não possuir salário, pois seu trabalho era como “autônomo” no qual vendiam o que se conseguia produzir, o mesmo não receberia em dinheiro a força da sua mão-de-obra pois sempre estaria a quitar dividas, devido a preços superfaturados, a cotação baixa da borracha, além é claro daquilo que poderia vim a ser acrescentado em seus registros do que não se adquiriu, mas foi posto pelo seu senhor. “Essa situação de quase permanente dívida, amarrando o seringueiro ao seringalista e este ao “aviador [...] deu margem a uma literatura que acusou os seringalistas e aviadores de manterem os seringueiros na condição de escravos e não de homens livres”
Getúlio Vargas, segundo mostra o documentário, estabeleceu uma espécie de contrato com os americanos, passando assim a alavancar esse processo de busca por pessoas que viriam trabalhar na produção da borracha na região. Todo o atrativo que poderia ser usado em favor da borracha para atrair trabalhadores, contou com a grande ajuda de um artista plástico suíço que cooperou fortemente na estrutura dessa propaganda, o que levou por aproximar um número significativo de pessoas no qual ao chegarem ao campo de trabalho constatavam que não era nada do que se vislumbrava nos cartazes espalhados na cidade, que a realidade em que agora se encontravam era cruel, que o sucesso seria do seu senhor e não propriamente de si.
Os seringueiros contratados assinavam um contrato que obtinha três vias, uma ficava junto ao soldado, outra ao seringalista e a última a companhia. No contrato havia um termo que constava sobre indenização, de se aposentarem igual aos combatentes da guerra, no entanto não tiveram tal promessa cumprida conforme é citado no documentário. As condições de trabalho dos seringueiros, segundo podemos constatar no filme assim como no documentário, não era condições agradáveis ou como eles imaginavam que viria a ser, toda produção da borracha era carregada em meio à lama, na costa, estavam sujeitos a todos os perigos encontrados na floresta, além do próprio índio que representava perigo ao homem da borracha, a comida não era o suficiente para satisfazê-los, nada se vislumbrava diante do prometido.
“[...] o primeiro é o nordestino novato nas operações de extração do látex. Chegado ao seringal, desconhece as técnicas de trabalho e o segredo da mata”. Inicialmente os seringueiros segundo viabilizado no filme recebem algumas dicas básicas quanto ao trabalho que foram ordenados, e para a retirada do látex realizavam o que se chamou por sistema de arrocho, que consistia em ferir a árvore de cima a baixo, amarrada em cipós, o que ao realizar essa técnica primária, dificilmente se conseguiria manter a extração do látex dessa mesma árvore por um tempo mais longo. “Ensina-lhe tudo [...] vencida essa fase de experiência, de tomada de contacto, deixa então de ser um “brabo”. E atinge a condição ambiciosa de “seringueiro”.
No seringal devido à ausência da família da maioria dos seringueiros, de acordo com relatos no documentário, nas noites de bebedeira dançavam com seu próprio companheiro, imaginando ser a dama, se viabilizava ali a carência de mulheres, e nas ocasiões quando surgia alguma dama, havia disputas, brigas pela mulher que ali se encontrava, não importando se a mulher fosse jovem ou não. Com a ausência do ser feminino, com os anos longos que ali já se encontravam o filme “A Selva” nos mostra que os homens saciavam seus desejos com os animais ou até mesmo com seu próprio companheiro do seringal.
Arthur Reis no capítulo XXI, descreve que no século XVI o que chegaram ao Brasil vieram sem a companhia dos familiares, mas por aqui foram vivendo suas vidas com mulheres indígenas, no século seguinte, a mulher indígena era a companhia dos sertanistas, quanto ao seringal no inicio do “rush” os mesmo obtinham uma família, o que não viria a se suceder com o ápice da borracha. Essa falta da mulher, nem a Igreja como o próprio texto cita não tinha um meta de resolver essa situação, portanto a única solução encontrada pelos seringueiros era
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