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Fatores externos e as mudanças nas estruturas sócias e politicas em África (séculos XVI a XVIII)

Por:   •  1/8/2018  •  2.848 Palavras (12 Páginas)  •  324 Visualizações

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O empreendimento europeu

A descoberta do continente africano sempre esteve intimamente ligada a imperativos econômicos. Os portugueses iam à África a procura de pó de ouro, marfim e principalmente escravos. As principais preocupações dos portugueses eram de regulamentar o regime comercial que oscilava entre o monopólio e o comercio privado ao longo das costas africanas. O monopólio sobre um produto ou um espaço era de privilegio de algum grande concessionário ou dos reis que permitiam a intromissão em seus domínios pelas empresas privadas, pois não conseguiam conservarem sozinhos seus monopólios. O comercio em sim não era muito intenso, Portugal em meados do século XVI não mandava pela Rota das Índias mais de uma dúzia de navios e desses apenas quatro retornavam. Os soberanos locais faziam acordos com alguns portugueses para a venda de seus prisioneiros ou condenados de guerra. O desenvolvimento do trafico de escravos intensificou as lutas internas entre as próprias sociedades africanas. Em XVI outros países europeus começaram a intervir na África ocidental, enquanto, ao mesmo tempo, a força de Portugal declinava no continente.

Os europeus fizeram uso do conhecimento astronômico e da experiência mulçumana para elaborar representações mais fieis e exatas do mundo, sendo essas elaborações mais concretas e precisas do que as encontradas no mappae mundi, elaborado na Alta Idade Média. Para alguns europeus ocidentais se concebia a ideia de que a Etiópia se localizava na Ásia e que lá encontrariam um rei católico com o qual poderiam estabelecer relações comerciais. Em 1419 o filho de D. João I, rei de Portugal, conhecido com O Infante D. Henrique esteve ligado a viagens de exploração para o sul e o ocidente do Atlântico com intuito de melhor implantar os recursos portugueses, aplicando-os de modo mais vantajoso ao contornar por mar o poderio de Marrocos em vez de ataca-lo diretamente. Apenas em 1434 que o empreendimento de D. Henrique começou a ganhar impulso, se estalando permanentemente no ano de 1443 em Sagres no cabo de São Vicente dedicando suas energias a exploração. Todos os anos seus capitães pesquisavam mais da costa africana, anotando a respeito da sua hidrografia, dos seus povos e costumes e sobre sua economia. A primeira fase desse empreendimento durou cerca de quinze anos reunindo apenas informações para ultrapassar o cabo Bojador, e explorando depois por dez anos a costa saariana e chegando em 1444 ao Cabo Verde. Já em 1460 essas terras descobertas já estavam a ser colonizadas para serem usadas como base permanente ao comercio com o litoral adjacente de Guiné. Por mais de um século Portugal foi responsável por praticamente todas as relações entre a Europa e a África tropical.

Algumas novas estruturas sociais e politicas

Uma mudança importante foi à substituição de um sistema próprio da África Subsaariana, o Jonya (termo equivalente a cativo) por um sistema de escravidão ocidental e oriental. O sistema Jonya, se definia em um cativo ligado a uma linhagem, não sendo cedível e possuindo a maior parte do que produzia. Integrava-se com a classe dominante, sendo então um cidadão exclusivo do Estado e pertencente ao seu aparelho politico. O Jonya, enquanto sistema e categoria social, desempenhou papel importante em alguns Estado e Impérios africanos. Diferente do Jonya, a escravidão ocidental e oriental que se expandia na África do século XVIII apenas visava estabelecer um modo de produção onde fazia do escravizado praticamente privado de direitos ou uma mercadoria negociável ou cedível. A instabilidade crescente contribui para a expansão do Jonya no século XVI se sobrepondo geograficamente as regiões com sistemas de escravidão do estilo colonial. A partir do século XVII com a criação dos Estados mulçumanos e a implantação das tradições e de seus direitos, a escravidão substituiu o sistema Jonya, porém o Jonya continuou existindo em alguns lugares que não tinham sofrido influências mulçumanas, como no Sudão ocidental.

Entre os séculos XII e XVI a cena politica africana já apresentava certo nível de equilíbrio e de estabilidade. Em XVI a África mediterrânea representava um sistema do Império Árabe-Otomano, enquanto a África Austral ainda contava com poucas estruturas estatais. Já na África Central existiam dois sistemas políticos, um sob domínio dos Reinos Congo e Tio e outro sob o Reino Luba. Novos estados apareceram, sendo os mais bem armados ou com mais saídas marítimas, as pressões exercidas por forças exteriores e guerras internas mudaram ou extinguiram fronteiras, a própria natureza do Estado africano foi modificada, algumas regiões que até então não contavam com chefes ou soberanos começaram a ser conquistadas e transformadas em Estados centralizados. Depois do século XVI a vida politica começou a se concentrar nas regiões costeiras, em portos que serviam de base aos corsários e nas feitorias. Governantes africanos implementaram repartições dos impostos arrecadados sobre o comercio estrangeiro. O Marrocos a Tunísia e a Argélia assinam acordos comercias com a Espanha e até mesmo com americanos, esses tratados foram de curta duração, em 1780 a guerra entre o Marrocos e a Espanha terminou com a afirmação de um tratado que tinha como objetivo redefinir as fronteiras dos dois países. Foi preciso guerras e destruição de barreiras e restrições de trocas para convencer estados europeus a recomeçar a pagar imposto. Entidades politicas representavam regiões que atingiram equilíbrio considerando questões internas. As estabilidades das Nações juntamente com suas fronteiras e de seus governos eram variáveis, algumas eram confederações de Estados, outras de estados únicos ou de chefes limitados e algumas ainda mantiveram suas formas inicias ate a conquista colonial.

Desafios e possibilidades sobre a construção da História da África

A História da África quando discutida, não apenas no âmbito acadêmico como também no conhecimento popular, tende a despenhar para o eurocentrismo, já que na maioria das vezes se utiliza de fontes e obras escritas por europeus ou ocidentais, e que geralmente não tem experiências com os contextos africanos. A escassez de documentos e arquivos acaba por intensificar concepções etnocêntricas, se algo ou alguém não possui relatos escritos sobre sua historia quer dizer que não a tem, ou seja, são sujeitos sem memória. Nesse sentido chega-se a fraca concepção que o continente africano não possui outra historia a não ser a escrita e relatada pelos europeus. Desse modo se faz cada vez mais necessário uma revisão das Ciências humanas que usam como premissa o discurso

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