Centro de Ciências Humanas e Sociais - CCH Licenciatura em História - EAD
Por: Hugo.bassi • 23/12/2017 • 1.816 Palavras (8 Páginas) • 512 Visualizações
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Uma grave crise financeira decorrente dos gastos com a guerra de independência fez com que federalistas articulassem uma convenção, que no início serviria para reformar os Artigos da Confederação, mas ao final, secretamente, serviu para aprovar uma constituição que permitia um papel mais forte do Estado, que apesar de poder intervir em questões de defesa, por exemplo, não dispunha de recursos para mobilizar um exército, pois até a convenção de 1787, não poderia cobrar impostos nem intervir em questões econômicas, deixando a cargo de cada estado.
A convenção visava transformar a Confederação em Federação, dando maiores poderes ao Estado limitado por uma constituição. Era baseada em “freios e contrapesos”. Esta constituição previa ainda a tripartição do poder, sistema bicameral e diretrizes para representação política dos estados, mas precisava ser ratificada por pelo menos 9 estados para entrar em vigor. Os antifederalistas somente admitiam ratificar a constituição se houvesse uma Carta de Direitos, o que pressionou os federalistas à sua adoção. A Declaração de Direitos, uma série de emendas à Constituição, permitia a garantia de direitos fundamentais como liberdade e propriedade, o que possibilitaria a oposição e manutenção da escravidão. Além disso a décima emenda abria uma brecha para constituições estaduais.
Contudo, não se pode caracterizar federalistas como conservadores e antifederalistas como radicais, devemos fugir de generalizações. Interesses ora se entrelaçavam ora se contendiam. Uma disputa parecida ocorreria no Brasil no início da construção nacional, entre aqueles que defendiam um governo central forte e aqueles que desejavam maior autonomia dos estados.
2- Havia muitas divergências entre Norte e Sul dos Estados Unidos.
O Norte do país, uma região com clima mais frio, era mais propícia às atividades manufatureiras que viriam a ser fábricas e indústrias. Defendia o desenvolvimento do mercado interno, adoção de taxas alfandegárias protecionistas, adoção de moeda única, desenvolvimento da indústria, mão de obra livre (através de lenta emancipação dos escravos e chegada de imigrantes), banco central único, centralização de poder, rede transportes que interligassem as diversas regiões do país. Era uma sociedade predominantemente urbana, com crescente classe média e valorizava os ideais burgueses.
Já o Sul, é uma região de clima subtropical, onde houve sucesso a implantação de um regime de plantation, parecido com o modelo de colonização no Brasil, baseado em mão de obra escrava, grandes latifúndios, monocultura para exportação. Com a invenção do descaroçador de algodão aumentou muito a produção do produto que encontrava nas fábricas têxteis da Inglaterra ávidos compradores. Consequentemente, defendia o livre-cambismo, a manutenção da escravidão, maior autonomia do poder local, bancos estaduais, transporte voltado para escoamento da matéria-prima ao exterior. Uma sociedade mais rural, tradicional e conservadora. O escravo, assim como no Brasil, era visto como mercadoria, bem e o número de escravos definia o status de seu senhor.
O equilíbrio tênue entre Norte e Sul, com suas alternâncias de poder e críticas mútuas, sofreria forte tensão a medida que a nação conquistava novos territórios a oeste. Seja através de compra de territórios, acordos ou guerras, espalhou-se a ideia de “América para os americanos”, como o Destino Manifesto e Doutrina Monroe. A rápida expansão para o oeste, região baseada na pecuária, pequenas propriedades agrícolas e mineração, causou intensos debates sobre a instituição da escravidão. Nos Estados Unidos, a terra era barata e as pequenas propriedades propiciaram a formação de um mercado interno que alavancou a industrialização do Norte. Isto preocupava o Sul, principalmente em relação a participação política, que levava em conta o número de habitantes. A discussão se os novos estados e territórios incorporados permitiriam a escravidão tomou conta dos debates políticos. O Norte defendia que fosse proibida a escravidão nos novos territórios, já que no México havia sido proibida a escravidão. O Sul por sua vez, defendia que fosse permitida a escravidão para todos os novos estados ou que, pelo menos, cada estado pudesse escolher se queria ou não permitir a escravidão (o Norte se beneficiava do comércio de escravos e do fornecimento de matéria-prima para sua indústria).
Pelo menos inicialmente, não se discutia a proibição da escravidão nos territórios que já fossem escravocratas. O compromisso do Missouri tentou equilibrar a balança e amenizar as disputas. Contudo, o crescimento do movimento abolicionista que incentivava a fuga de escravos do Sul para o Norte e a eleição de Lincoln (visto como abolicionista, embora em seu discurso prometia manter a escravidão onde já houvesse sido estabelecida), fez com que sulistas quisessem separação, pois os conflitos eram irreconciliáveis, se quisessem manter seu estilo de vida.
3- Tanto Norte quanto Sul tinham vantagens e desvantagens durante a guerra.
O Sul tinha a seu lado a geografia que dificultava o acesso às tropas inimigas, com muitos rios e montanhas para atravessar. Possuía também o aspecto psicológico de defender sua terra, sua gente contra os invasores. Possuía os melhores oficiais de guerra, que haviam lutado na guerra contra o México. Também era melhor defender do que atacar, o que demanda muitos recursos e baixas. As perdas econômicas e baixas poderiam virar o jogo para o lado do sul, o que quase, por diversas vezes, aconteceu.
O Norte tinha maior população, armas mais avançadas, forte indústria naval e controle do transporte marítimo, melhores ligações e ferrovias. Os melhores transportes facilitavam a chegada de suprimentos e armas. A indústria naval permitia a formação de um bloqueio, impedindo a chegada de suprimentos aos confederados. As tropas do Norte recuaram diversas vezes e parecia que o Sul ia ganhar a guerra. Mas devido a sua melhor infraestrutura, tanto em comunicação como em transportes, além da indústria e tecnologia empregadas, a União conseguia recompor suas forças e virar a guerra a seu favor. Armas e reforços eram entregues em grande velocidade.
Além destes muitos recursos e da melhor gestão destes, foi muito importante para a vitória da União a participação de negros na guerra. Com a libertação dos escravos nas regiões rebeladas em 1962, estes viram a oportunidade de ser livres ao se alistarem no exército do norte. Para os negros, representava uma oportunidade de liberdade,
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