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As primeiras civilizações, - Jaime PINSKY (2001). Resenha

Por:   •  21/3/2018  •  1.317 Palavras (6 Páginas)  •  823 Visualizações

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3. AGRICULTORES E CAÇADORES

"Por que se fala em revolução agrícola? Porque o impacto da nova atividade na história do homem foi enorme. E não se trata apenas de mera questão acadêmica, mas de algo muito real e palpável como o próprio número de seres humanos sobre a face da Terra." (p. 33)

4. ... E O HOMEM CRIOU AS CIDADES

"Durante muito tempo, e por inspiração dos filósofos racionalistas do século XVIII, a palavra civilização significou um conjunto de instituições capazes de instaurar a ordem, a paz e a felicidade, favorecendo o progresso intelectual e moral da humanidade. (...) haveria um corte nítido entre pré-civilizados e civilizados, sendo que os primeiros, por terem comportamento muito distinto do nosso (enquanto ocidentais e europeus), seriam uma espécie de homens inferiores, criando sociedades primitivas e à margem da lei. Com medo de limitarmos a denominação a apenas meia dúzia de povos que tiveram influência na formação do mundo ocidental, caímos, às vezes, no extremo oposto: atribuímos a qualquer pequeno grupo de indivíduos capazes de amassar o barro e construir palhoças o título de civilização." (pp. 45-6)

"Uma civilização, via de regra, implica uma organização política formal com regras estabelecidas para governantes (...); implica projetos amplos que demandem trabalho conjunto e administração centralizada (...); implica a criação de um corpo de sustentação do poder (...); implica a incorporação das crenças por uma religião vinculada ao poder central, direta ou indiretamente (...); implica uma produção artística que tenha sobrevivido ao tempo e ainda nos encante (...); implica a criação ou incorporação de um sistema de escrita (...); implica, finalmente, mas não por último, a criação de cidades. De fato, sem cidades não há civilização." (p. 46)

"As grandes descobertas e invenções do Neolítico seriam apenas comodidades se não provocassem, através e por causa da urbanização, uma significativa mudança socio-econômica." (p. 46)

"Há aí uma relação dialética: invenções e descobertas são pré-condições para a organização social do tipo urbano, que por seu lado provoca novas descobertas, mediante o processo de exploração e adequação ao meio ambiente. A cidade não apenas decorre de um determinado grau de desenvolvimento das técnicas e do conhecimento humano, em geral. Ela também impele a espécie humana a crescer." (p. 48)

"Há, na Bíblia, logo no início do Livro do Gênesis, a descrição de como Deus criou os céus e a terra, a partir do caos. Hoje em dia sabemos que muito do que lemos nos primeiros livros bíblicos são adaptações de mitos criados a partir do mundo concreto em que os sumérios e outros povos mesopotâmicos viviam, já que os hebreus constituíam um povo semita de origem mesopotâmica. Childe acha que esse caos bíblico que culminou com a separação entre céu e terra não era senão o caos mesopotâmico onde água e terra não tinham separação definida, onde pântanos cobertos de juncos entremeados de tamareiras e de animais anfíbios não era terra nem água. Aqui, contudo, não foi nenhum deus quem provocou a separação das partes: foi o homem, abrindo canais para irrigar os campos e secar os pântanos; construindo plataformas para proteger homens e gado das enchentes; dominando a água por meio de diques e definindo a terra ao meio dos juncos. Criando, do caos, a terra e a água. Como Deus." (p. 48)

"É interessante verificar a influência que as cidades-mães desempenham sobre as outras. Isso se evidencia não só através de estruturas sociopolíticas muito semelhantes, como através de padrões de comportamento e valores. Enquanto a revolução agrícola ocorreu em grande parte de forma espontânea, a revolução urbana desenvolveu-se mais pela difusão, o que não é difícil de compreender." (p. 51)

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