História da Política/Economia do Equador e Governo do Presidente Rafael Correa
Por: Rodrigo.Claudino • 18/7/2018 • 3.534 Palavras (15 Páginas) • 329 Visualizações
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Outra alternativa adotada por alguns países latino-americanos par desenvolver a indústria através da ampliação do mercado foi o Acordo de Cartagena (1969), que futuramente sofreria modificações.
A descoberta do petróleo é fundamental para definirmos o Equador antes e depois de 1972. Quando são descobertos grandes poços de petróleo na Amazônia equatoriana, o país passa por grandes transformações e a indústria ganha destaque no cenário nacional.
Por conta dos investimentos estrangeiros na área de hidrocarbonetos, ainda na década de 1960, o país conseguiu os recursos necessários para crescer e promover a industrialização do Equador. Essa transformação vivenciada após 1972 se reflete no grande crescimento do PIB nos anos posteriores, sendo marcante o ano de 1973, quando o Equador cresceu incríveis 25% e após dez anos praticamente dobrou o PIB per capita. Também é importante ressaltar que a indústria cresceu aproximadamente 10% por ano durante o período de 1971-1981.
Após esse momento de grande crescimento industrial, verificaram-se grandes movimentos migratórios das áreas rurais para as áreas urbanas do país, principalmente para Quito e Guayaquil. Esse intenso movimento migratório fez com que em apenas 20 anos (1962-1982) o Equador deixasse de ser um país com a maior parte da população vivendo no campo para tornar-se um país urbano.
Porém, apesar do aumento da participação industrial na economia, a manufatura equatoriana notabilizou-se por criar poucos empregos, o que teve como consequência a geração de subempregos, aumento significativo do setor informal e aumento da pobreza. Ressalta-se aqui a grande contradição que representava o crescimento do país com a infindável geração de pobreza nas grandes cidades.
A LOUCURA PETROLEIRA E A REPRODUÇÃO DE IMPORTAÇÕES
Com a grande quantidade de dólares disponibilizados pelo acesso ao crédito e pelo significativo aumento das exportações de petróleo, o Equador manteve a moeda supervalorizada para transferir recursos de outros setores ao setor industrial. A grande problemática desse processo foi a completa distorção que a supervalorização causava na industrialização, pois a substituição de importações ocorreu principalmente em bens de capital e de consumo de bens intermediários importados. Esse é um dos motivos da pouca empregabilidade da indústria equatoriana e do grande déficit comercial e industrial do país.
Mesmo com todas as contradições descritas acima, as exportações passaram de 29 milhões para 490 milhões de dólares durante esse período. Logo no início da década de 1980 o Equador demonstra grande dinamismo no setor industrial, quando as exportações industriais superam as primário-exportadoras não petroleiras.
Entretanto, mesmo com o grande dinamismo da economia durante esse período, a balança comercial equatoriana demonstrou problemas relacionados ao aumento das importações industriais. Essa é uma das contradições do processo de substituição de importações no Equador, causado pela supervalorização do sucre.
A “ESTABILIDADE” DA MOEDA E O DESENVOLVIMENTO
Por conta das exportações de petróleo e do crédito externo, a moeda equatoriana se consolidou como uma das mais fortes em todo o mundo. Essa sobrevalorização do sucre, realizada por meio de um decreto, foi preponderante para impedir o processo de substituição de importações equatoriano, fazendo com que as importações aumentassem demasiadamente no Equador.
O Equador utilizava o sistema de câmbio fixo, mas o mercado informal adotava o sistema de câmbio flexível. Porém, até 1980 a diferença entre os dois sistema era irrisória.
DOENÇA HOLANDESA E DOLARIZAÇÃO: LIÇÕES DO PASSADO
O Equador também passou por um processo de valorização do câmbio real por conta da abundância de divisas provenientes da invasão do petróleo no mercado internacional. A tendência é que, ao longo do tempo, a maior liquidez e a renda acabem criando inflação interna, que seria combatida pela grande quantidade de divisas e permitiria deixar fixo o câmbio nominal. Contudo, na história equatoriana esse processo culminou na valorização real do sucre e teve como consequência a impossibilidade dos produtos nacionais competirem no mercado internacional.
Correa argumenta que para impedir esse processo descrito anteriormente é necessário realizar uma política monetária ativa. Essa medida visa a manutenção do câmbio real próximo aos valores que possuía antes do aumento da renda oriunda do boom petroleiro.
Toda a argumentação construída pelo presidente Rafael Correa no decorrer desse tópico converge para criticar a dolarização da economia equatoriana. Utilizando dados de anos anteriores e realizando uma breve análise da história equatoriana, o presidente diz que o que a “burocracia financeira internacional” e as “elites latino-americanas” apresentam como solução aos problemas do Equador, não resistem às evidências históricas e não são baseadas em dados técnicos.
HISTÓRIA POLÍTICA DO EQUADOR
Para entendermos o que se passa no Equador atualmente, é necessária uma contextualização. Ao longo dos anos a história do Equador ficou marcada por uma série de golpes de Estado, e até 1972 contavam-se mais de 50. Quando em 1973 são descobertas importantes jazidas de hidrocarbonetos, o Equador se torna um dos maiores produtores de petróleo da América do sul. Esta descoberta permitiu desenvolver a economia e a política do país.
Anteriormente à descoberta das jazidas de hidrocarbonetos a economia do Equador era baseada essencialmente na agricultura. Na região andina, produzia-se cevada, batata, milho e feijão. Na região costeira o cultivo do arroz, cacau, café, banana e outros frutos tropicais para exportação. Existem jazidas de ouro, prata, chumbo, cobre, ferro, enxofre, zinco entre outros minerais.
A produção de petróleo teve seu real início em 1917, na península de Santa Elena, com a extração de pequenas quantidades. Nos anos posteriores, várias companhias estrangeiras obtiveram concessões para a exploração dos campos petrolíferos, porém os primeiros positivos só apareceram na década 60. As companhias americanas Texaco e Gulf conseguiram, em 1964, em consórcio, a sessão de uma zona de exploração, na qual, quatro anos depois se encontrou petróleo.
A partir desse descobrimento, em 1972 o governo equatoriano destinou cerca de 25% do seu território para prospecção e produção
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