Geografia
Por: Ednelso245 • 3/5/2018 • 1.196 Palavras (5 Páginas) • 349 Visualizações
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Uma análise global dos oito textos da obra em apreço permite-nos inferir sobre a predominância e recorrência de questões teórico-metodológicas baseadas na teoria social marxista.
Tais reflexões estão diluídas em aspectos como a teoria da acumulação, o intervencionismo do Estado e o modo capitalista de produção, a importância e o descaso da dimensão espacial, o empreendedorismo urbano e a busca de alternativas para o atual sistema capitalista. Esse quadro tem sustentado a proposta de Harvey em construir “uma teoria da relação sociedade-espaço”.
Diante da leitura é possível traçar o seguinte panorama: a reprodução da vida cotidiana nos moldes da sociedade (predominantemente capitalista) em que vivemos depende do processo de produção, circulação e realização de mercadorias, cujo objetivo direto e socialmente aceito é o lucro.
Esse processo deve expandir, acumular e reformar constantemente a natureza do trabalho e os relacionamentos sociais na produção, assim como mudar constantemente as dimensões e as formas da circulação.
Para que esse ciclo não seja obstruído, o funcionamento do modo de produção capitalista tem como aliado o Estado, cuja existência não é recente, mas tem se alterado de acordo com as necessidades do capitalismo, priorizando sempre os interesses particulares em nome de um ‘interesse geral ilusório’.
O Estado tem papel fundamental, também, na produção do espaço, já que
este (o espaço) é uma dimensão importante para a reprodução do capital, haja vista que: a) se o crescimento econômico ocorre de modo saudável é preciso garantir a circulação das mercadorias no espaço por infraestruturas, muitas vezes, criadas pelo Estado; b) se o crescimento econômico estagnar em decorrência das crises os ajustes espaciais renovam a acumulação, seja pela expansão
de novos mercados ou na organização espacial interna.
Não podemos esquecer que o crescimento econômico é “um processo de contradições internas”, pois o progresso da acumulação pressupõe/depende da existência de “oferta de força de trabalho” e da “oferta dos meios de produção e da infraestrutura”. Porém, segundo Harvey (2005, p. 44-45), mesmo em “economias capitalistas desenvolvidas”, que dispõem de todos esses aspectos, “o capitalismo tende” a “produzir algumas barreiras para o seu próprio desenvolvimento”, seja na produção, no consumo, na circulação ou na produção de valor. Por tudo isso, é válido afirmar que as crises são “endêmicas ao processo capitalista de acumulação”, pois, “No capitalismo, o crescimento harmonioso ou equilibrado” é “inteiramente acidental, devido à natureza espontânea e caótica da produção de mercadorias sob o capitalismo competitivo”.
Diante disso, para Harvey (2005, p. 144) a “nossa tarefa” é “elaborar uma teoria geral das relações espaciais e do desenvolvimento geográfico sob o capitalismo, que possa, entre outras coisas, explicar a importância e a evolução das funções do Estado [...], do desenvolvimento geográfico desigual, das desigualdades inter-regionais, do imperialismo, do progresso e das formas de urbanização”.
Consequentemente, “a geografia histórica do capitalismo deve ser o objeto de nossa teorização, enquanto o método de inquirição deve ser o materialismo histórico-geográfico”. Um dos caminhos apontados por Harvey (2005, p. 171) é a retomada de práticas como a do empreendedorismo urbano, que, originalmente corresponde ao poder de organizar o espaço por um
complexo de forças mobilizado por diversos agentes sociais.
Harvey destaca que o empreendedorismo urbano pode ser positivo, pois é sustentado na idéia de “cidade como corporação coletiva”. Diante disso, recomenda o resgate do civismo propondo como alternativa a “união interurbana” daqueles que são contrários ao empreendedorismo urbano do capital, pois o capital age tentando se apropriar da singularidade, ao tempo em que, permite sua diferenciação.
Alerta, ainda, que é importante que façamos a substituição do modo de produção capitalista “como condição necessária para a sobrevivência humana”.
Mesmo após quase uma década publicada no Brasil “A produção capitalista do espaço” apresenta várias interfaces, tornando-se leitura obrigatória para todos que se dedicam a estudar o espaço no âmbito da geografia, sobretudo aqueles que propõem compreender o movimento
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