Artigo do livro: Os (des) caminhos do meio ambiente.
Por: Rodrigo.Claudino • 21/3/2018 • 1.904 Palavras (8 Páginas) • 472 Visualizações
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Isso faz com que se cada ser vivo tivesse consigo um medidor próprio que controla os ciclos que a Terra faz. De acordo com Gonçalves (2005, p. 67) “é como se cada individuo, espécie e mesmo ecossistema trouxesse um relógio próprio que se movimentasse no período de uma volta completa da Terra sobre si mesma”.
Não só no controle do que a Terra faz, mas ainda mais o controle de seus próprios ciclos, desde o ato sexual, o nascer e até a sua morte.
O próprio universo animal está sob o comando conjugado do grande relógio geocósmico, dos relógios vegetais e dos relógios individuais, tanto nas ações cotidianas como na atividade sexual, o nascimento, o crescimento, e o desenvolvimento e, por vezes, mesmo a senescência e a morte. (GONÇALVES, 2005, p. 68).
Não devemos esquecer que as espécies que existem hoje, é uma insignificante parcela daquelas que já viveram. E que evoluíram por algum motivo. Que podemos consideram os próprios ciclos que a Terra faz ao longo de seu “tempo”, este que fizeram as espécies se reorganizar, reestruturas, reagrupar, para sobreviver, evoluir.
Apesar das inúmeras espécies vivas que hoje conhecemos, é preciso considerar que elas constituem uma ínfima parcela das que existiram... A eco-evolução está marcado por inúmeras mutações ecológicas, isto é, reestruturações novas sob o efeito de perturbações a longo e a curto prazo: submersões, emersões, enrugamentos, elevações, erosões, tropicalizações, glaciações, desertificações, migrações, aparecimento de novas espécies. (GONÇALVES, 2005, p. 68 e 71).
O ecossistema que tem uma grande biodiversidade consegue assimilar melhor as perturbações que possam advir de outros ecossistemas. De acordo com o pensamento de Gonçalves (2005, p. 72) “num ecossistema de grande diversidade genética a biocenose também se complexifica, criando múltiplas relações de antagonismo e complementaridade que tornam tal ecossistema, deste modo, mais apto a observar perturbações”. O mesmo vale para aqueles ecossistemas em que seus limites não são bem definidos, que se mesclam com outros ecossistemas, fazendo a troca de elementos entre eles.
A diversidade ecológica apresenta resistência maior contra agressões e perturbações quando o ecossistema tem uma fronteira aberta para outros ecossistemas; e quando o limite entre dois ecossistemas é impreciso, o faz com que cada um dos ecossistemas vizinhos se constituam tendo como um dos seus componentes as sucessivas invasões e migrações de um a outro. (GONÇALVES, 2005, p. 72).
Cada ser vivo depende de outro, mesmo sendo único, e é por isso mesmo que somos condicionados a outro ser vivo pela necessidade de complemento que o outro traz.
Cada ser vivo autônomo e singular é, ao mesmo tempo, uma exigência existencial para o outro. Esta exigência é que cria imediatamente uma solidariedade e uma complementeriedade do outro em relação a si próprio. (GONÇALVES, 2005, p. 73)
Volta a se frisar que as duas ideias de natureza vinda do mundo ocidental, e que estas teriam que ser superadas e assumindo a complexidade do vem a ser “natureza”.
A necessidade de superar as duas concepções de natureza que dominam na sociedade ocidental: ou a natureza é o lugar onde todos lutam contra todos, onde impera a “Lei da Selva” ou a natureza é o lugar da bondade e da harmonia... Ora, a natureza não é nem um caos nem tampouco um cosmo perfeitamente ordenado e organizado. (Gonçalves, 2005, p. 74).
SOCIEDADE NATURAL. NATURAL?
A natureza do ser humano é, em parte, produzir cultura. E criando normas e regras para que o essa cultura se desenvolva, não para se desviar da natureza. Mas sim para desenvolvê-la.
Ora, o homem é um ser que por natureza produz cultura; esta é a sua especificidade natural. Diferentemente do pensamento corrente, os homens ao longo da historia criam normas, regras e instituições não para evitar cair no estado de natureza. Ao contrario, eles o fazem desenvolvendo a sua própria natureza não somente em função dos estímulos advindos do meio ambiente, mas também das relações que os homens estabelecem entre si. (Gonçalves, 2005, p. 94).
Regiões com elementos semelhantes, muitas vezes não produzem povos semelhantes, de acordo com Gonçalves (2005, p. 94) “é empiricamente observável que mesmo em ecossistema com características similares, os povos que os habitam não apresentam as mesmas características socioculturais”.
O ser humano tem uma incrível capacidade que criar diferentes tipos de culturas, povos, que se organizam de diversas formam independente um do outro, desde modo mostrando-se como sendo um processo natural do ser humano. Mas para que possamos realmente classificar todos como sendo naturais, devemos então criar um modelo único, assim não sendo mais natural, e sim criado pelo próprio homem.
O simples fato de existirem diversos povos e culturas já nos indica que é um atributo próprio da espécie humana desenvolver múltiplas formas de organização sociocultural e, assim, nenhum desses povos-culturas pode ser apontado como natural em relação aos outros... Todos os povos e culturas são e não são naturais, a não ser que os queiramos submeter a um modelo único que consideramos natural... As diversas culturas não são imutáveis; novas formas de organização sociocultural são inventadas e criadas; novos atributos e qualidades desabrocham e outros são inibidos num processo absolutamente sem fim. O homem não é simplesmente um ser inacabado, é mais do que isso: é um ser inacabável. (Gonçalves, 2005, p. 96).
SOCIEDADE MODERNA E NATUREZA
Na vida moderna o homem esta inserido no mundo capitalista onde quem impera é o relógio. Que comanda as atividades do cotidiano, que demarca quando e onde cada atividade deve ocorrer. E tudo isso serve para que a “maquina” capitalista funcione numa perfeita ordem, que era para ser inquebrável. E que infelizmente esta tão enraizada a esta sociedade que não conseguimos perceber que é exatamente isto o que ocasiona os atuais problemas.
A vida concreta dos indivíduos inseridos nas relações sociais capitalistas passou cada vez mais a ser controlada pelo relógio, esse mecanismo regular por excelência, cuja função é sincronizar os movimentos de cada um: para que a fabrica funcione é necessário que todos estejam a postos, à mesma hora, no mesmo lugar; a fabrica exige que as matérias-primas cheguem no tempo certo; os comerciantes
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