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A Geografia Clássica

Por:   •  15/10/2018  •  3.133 Palavras (13 Páginas)  •  329 Visualizações

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La Blache afirmava que uma área ou região atua e influencia na vizinha, afirmando também que para entender as particularidades da Terra, deve-se entende-la como um todo. As pesquisas de La Blache estão fundamentadas na unidade terrestre “a inspiração e o princípio originais de toda Geografia” e em causas gerais agindo na superfície terrestre. Com essa afirmação, La Blache demonstra um teor organicista em sua obra, pois tal afirmação conota que a Terra é um organismo e tudo está interligado.

Após o Estado alemão obter por meio da força as regiões da Alsácia e Lorena, que ficava na fronteira da França com a Alemanha, o Estado francês se viu obrigado a pensar o espaço e fazer uma geografia que deslegitimasse a expansão territorial do Estado alemão e fundamentasse o expansionismo francês. A geografia vidaliana foi fundamental para suprir essa necessidade do estado francês.

La Blache e Ratzel tinham um tipo de relação antagônica, pois Ratzel fazia geografia em prol do estado alemão e La Blache fazia geografia para o estado francês, e uma tentava sobrepor a outra.

La Blache via o objeto da geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem. La Blache acreditava que, de acordo com o agir do ser humano, ele transformaria a natureza e seria por ela transformado.

Na perspectiva de La Blache, a natureza passou a ser vista como possibilidades para a ação humana. Isso levou La Blache a ser rotulado de “possibilista” pelo historiador Lucien Febvre.

Lucien Febvre rotulou Ratzel como “determinista” e La Blache como “possibilista” e usou disso para condenar os erros de Ratzel e garantir o triunfo de La Blache, fazendo-se pensar a geografia vidaliana como correta e a ratzeriana como errada.

La Blache é muito semelhante a Ratzel quando entende o espaço como um organismo, visto pelo ótica naturalista e organicista. Outra semelhança entre esses dois geógrafos, é que os dois faziam uso do método indutivo.

Para La Blache, a maior força sobre o meio é a ação humana, e que essa força deve ser usada para tentar romper as barreiras impostas pela natureza (se libertar das limitações impostas pela natureza ao homem).

La Blache apresenta em suas obras uma ideia de totalidade, afirmando que não se compreende uma particularidade sem conhecer o todo, e que cada particularidade do espaço geográfico tem que estar inserida no todo.

Vidal afirmava que os gêneros de vida (formas especificas de organização social) são resultados contínuos da relação homem-natureza, e que a ação é a força transformadora do meio.

Diferente de Ratzel, a escola francesa (vidaliana), não teve sucesso com as leis gerais e se tornou uma escola de geografia regional (monografias regionais).

Vidal definiu região como um determinado recorte com limites relativamente claros, com consistência interna, possuindo elementos peculiares (expressão da singularidade de elementos gerais) que a diferenciam de outras. O conceito de região vidaliano é fundamentado na diferença.

Região para La Blache é algo que existe na realidade e cabe ao geógrafo identifica-la. O método Vidaliano tem como foco a relação homem e meio, reconhecendo as regiões como conjuntos específicos de elementos que expressam leis gerais. Vidal afirma que compreender a região não significa ficar restrito a própria região.

Ao longo de sua vida, Vidal de La Blache trabalhou com quatro concepções de região. A primeira concepção, é a de região natural, que é baseada na natureza (critério de definição da região); A segunda concepção, é a região humanizada, que é definida pelo produto homem-meio. O limite dessa perspectiva regional é a utilidade para o meio rural; A terceira concepção, é a região econômica ou funcional, que se dá a partir da divisão territorial do trabalho (DTT), em que seus limites são fluidos, tendo na industrialização o principal motor para configuração regional; A quarta e ultima concepção de região para La Blache, é a de região politica ou geopolítica, que tem a dimensão politica como fundamental para a região.

As monografias regionais, derivadas de Vidal, eram um tipo de inventário da região. A forma como esses inventários eram feitos, não efetuando um estudo ou uma análise aprofundada da região, levou as obras de Vidal a terem uma fama de simplista.

RECLUS E KROPOTKIN

Jean Jacques Élisée Reclus que viveu no período de 1830 a 1905 foi um geógrafo francês que apresentava em suas obras um teor libertário. Juntamente a ele, Piotr Alexeyevich Kropotkin, geógrafo russo que viveu no período de 1842 a 1921, também evidencia em suas obras essa ideia libertária.

Ambos foram marginalizados enquanto geógrafos, pois suas obras instauraram uma geografia jamais vista, que apresentava muitos elementos sociais, e que ia contra o Estado (característica essa que era incomum a outros modelos de geografia, pois estes serviam estritamente ao Estado e a burguesia).

Reclus e Kropotkin eram revolucionários no campo politico e epistêmico, e faziam uso da geografia em prol da militância dos trabalhadores. Ambos eram iluministas e tinham suas crenças na ciência e na razão, e acreditavam que estes eram elementos cruciais para mudar a sociedade. Kropotkin era positivista e criticava a dialética defendida por Marx e Engels, afirmando que a mesma não podia dar uma contribuição positiva ao desenvolvimento da ciência.

Para Reclus e Kropotkin, a opressão e discriminação eram elementos antinaturais, e por isso eram antagônicos aos demais geógrafos do período da Geografia Clássica, que faziam uma geografia que dava poder ao Estado e o possibilitava de praticar a exploração com os Estados “inferiores”.

“Palavras de um Revoltado” é uma das obras mais notórias de Kropotkin e foi publicada com o auxilio de Reclus, no ano de 1855.

Descrente da dicotomia sociedade-natureza, Reclus afirmou que “O homem é a natureza tomando consciência de si própria”.

Ambos enquanto anarquistas acreditavam que a lei da natureza é uma lei que levaria a uma sociedade igualitária. Ambos também afirmam que o Estado e a propriedade privada são fatores estruturalmente desiguais.

Reclus, apesar de não receber o crédito por tal feito, foi o primeiro geógrafo a falar de geografia histórica em suas obras. Também foi o geógrafo que fazia uma espécie de geografia peculiar, pois criou o modelo geografia social, que abordava conflitos, classes e etc. Esse

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