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Um Olhar Sobre Atividade Dinâmica do Grupo Espírita Francisco Xavier

Por:   •  15/3/2018  •  3.177 Palavras (13 Páginas)  •  510 Visualizações

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RELATO DE OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE

No dia em questão, cheguei ao Grupo Espírita Francisco Xavier às 20:30, horário em que começariam as atividades do turno da noite, conforme fui informada anteriormente. Havia muitas pessoas em frente ao prédio onde o Grupo está endereçado, pessoas chegando para o evento daquela noite.

Na entrada, havia uma senhora de idade, posicionada atrás de uma mesa, que parecia fazer parte do grupo a bastante tempo, e cumprimentava àqueles que chegavam pelo nome, demonstrando que vários dos participantes eram conhecidos da casa. Além dela haviam dois homens em frente aos portões de entrada, recebendo cordialmente as pessoas, e indicando a elas o caminho para as salas de palestra, que seria diferente para pessoas que frequentam o local com frequência, ou, se fossem como eu, visitantes pela primeira vez.

Abordei um dos homens que recepcionavam os visitantes e informei que era a primeira vez que visitava a casa, e que havia telefonado anteriormente informando que minha visita se tratava de uma observação para fins de estudo acadêmico, e então ele me encaminhou de encontro a uma outra senhora, a Sra. Lourdes, que por sua vez, se colocou a disposição para esclarecer dúvidas e perguntou se eu gostaria de participar da maneira tradicional como ocorre com os visitantes novos da casa, o que era minha intenção. Combinamos então, que ao final, eu poderia tirar dúvidas e fazer perguntas à ela. Ela me explicou que primeiramente eu assistiria uma palestra, em seguida seria encaminhada para atendimento individual, o qual é conhecido como “pronto-socorro” e então eu poderia tirar dúvidas com algum atendente da casa.

Fui, então, encaminhada para o salão 3, que é uma sala ampla, com bancos, onde outros visitantes estavam sentados, todos em silêncio, para assistir à palestra que ocorria no salão do andar inferior e estava sendo transmitida naquela sala por uma televisão. A palestra, que fui informada ser diferente a cada dia e horário, se tratava da fala de uma integrante do grupo a respeito do Evangelho Segundo o Espiritismo escrito por Allan Kardec, e naquele momento fora a respeito de reflexões acerca de valores da vida, sentimentos como tristeza e mágoas, a importância do perdão, fatos do dia a dia e suas interpretações, sempre levando em consideração ensinamentos proferidos por Kardec e embasados em crenças em Jesus Cristo e em Deus, tido como único, de acordo com as falas da palestrante. A palestrante enfatizava suas falas nas crenças do espiritismo de que os seres humanos são “espíritos encarnados”, e que há vida antes e após a morte, e que portanto, o apego a questões materiais não deve causar sofrimento.

Além da palestra propriamente, pude observar que os presentes na sala 3 eram todos adultos, de idades variadas entre jovens e idosos, alguns pareciam muito emocionados ou até mesmo tristes, outros apenas concentrados, enquanto alguns pareciam bastante cansados e desatentos à palestra, sendo que inclusive um participante cochilou durante a palestra. A diversidade ainda se manifestava de forma tal que haviam homens e mulheres, pessoas de diferentes idades, diferentes etnias. De modo geral, não foi possível fazer distinção de classe social, visto que não houve qualquer manifestação que permitisse a distinção de classe entre os indivíduos, que possivelmente eram em sua maioria de classe média.

Após a finalização da fala da palestrante transmitida pela televisão, foi realizada uma prece por ela, com o objetivo de, de acordo com ela, pedir aos espíritos pelo bem dos enfermos e de pessoas em necessidade. Ao fim da prece, todos os presentes diziam em conjunto “que assim seja”. Ao fim da palestra e das preces, chegara o momento do “passe espiritual”, que consistia em uma espécie de ritual ou “bênção”, proferido por integrantes do Grupo, individualmente em cada indivíduo presente. Sendo assim, também pude receber o passe espiritual, que consiste na transmissão de energias espirituais. Para tal, o indivíduo que recebe o passe deve fechar os olhos, manter as pernas descruzadas e as mãos em cima das pernas sem cruzá-las. O integrante do Grupo que dá o passe o faz com as mãos de modo padronizado, sem tocar o corpo do outro, e fazendo gestos sobre sua cabeça e ombros. No momento em que recebi o passe espiritual, senti uma espécie de energia que não pude compreender, ao mesmo tempo em que senti uma engraçada sensação de estranhamento.

Após essa primeira etapa das atividades, um integrante do Grupo que acompanhava a palestra na sala 3 perguntou se algum participante presente estava visitando o local pela primeira vez, e então sinalizei que eu estava. Fui, então, encaminhada à uma pequena sala, onde foram reunidos outros visitantes que ali estavam pela primeira vez, e novamente, me encontrei entre pessoas de diferentes idades, etnias, entre elas homens e mulheres. Todos pareciam serenos e tranquilos, com exceção de uma mulher que estava sentada ao meu lado estava chorando silenciosamente. Depois de poucos minutos, um senhor que aparentava ter em torno de 70 anos de idade e é integrante do Grupo, adentrou a pequena sala para conversar com os novos visitantes. Este senhor explicou que em seguida cada um ali presente seria encaminhado a um atendimento individual denominado “pronto-socorro”, considerando que, cada um ali presente poderia estar precisando de algum tipo de ajuda espiritual. Ele ainda explicou, com base nas suas crenças do Espiritismo, que cada um que ali estava fora encaminhado àquele local por “providência divina”, e não simplesmente “por acaso”, bem como, também disse que, cada um de nós carrega consigo espíritos que “vibram na mesma sintonia” que nós, ou seja, espíritos desencarnados que de alguma forma se assemelham com aquilo que sentimos e vivenciamos em cada etapa de nossas vidas. A esses espíritos, o senhor chamou de “irmãozinhos”, e disse “vocês vieram aqui e trouxeram com vocês os seus ‘irmãozinhos’, que os acompanham no seu dia-a-dia. Posteriormente, no atendimento de pronto-socorro, esses ‘irmãozinhos’ irão falar com vocês através dos médiuns. Não se preocupem, esses ‘irmãozinhos’ já estão sabendo que vocês estão aqui, e nossa equipe espiritual já está preparada para o contato com eles”. Inicialmente a fala do senhor a respeito de espíritos que nos acompanham soou um pouco assustadora, e o termo “irmãozinhos”, usado por ele para se referir a tais espíritos soou engraçado, ao mesmo tempo em que pareceu uma maneira sutil de se referir a algo que para muitos ali presentes poderia ser assustador, a depender da linguagem utilizada. Dessa forma, chamar o espíritos de “irmãozinhos” me pareceu estranho,

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