Política Brasileira - Resenha
Por: Carolina234 • 5/11/2018 • 1.388 Palavras (6 Páginas) • 309 Visualizações
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Como avançado acima, os anos pós-30 apresentou um longa e conturbada transição social, econômica e política até a outorga da Constituição de 88, redefinindo vários segmentos da sociedade. Foram processos de mudanças significativas, interconectados embora descontínuos; mas a democratização se acentua devido as mobilizações intensas que demandavam direitos de cidadania – suas ações, portanto, obtiveram expressão político-institucional com os partidos políticos. Tal processo de democratização foi definido, no plano econômico, por oscilações no crescimento, na recessão, na inflação muito alta, na deterioração das finanças públicas e, mais do que tudo, orientações díspares da política do Estado à economia. A contar de 1985, essa crise de Estado e o movimento de democratização condicionaram várias propostas de solução, tanto no que diz respeito às relações entre poder político e a economia quanto às articulações entre a sociedade brasileira e seu contexto internacional. Embora o padrão obsoleto da relação Estado-mercado ainda estivesse em vigor à época, esse nacional-desenvolvimentismo tinha poucos defensores e com o tempo foi se deteriorando e perdendo força, assim, ele resistiu às mudanças de forma localizada e fragmentada. Havia nesse quadro a solução liberal que por um lado inserido na lógica empresarial e por outro orientada por sindicatos de trabalhadores e associações. Logo, essas forças comportam a moderação do liberalismo.
Essa configuração de coalisões serviria mais tarde para a chegado do primeiro trabalhador ao cargo de maior escalão do Executivo em 2002: o de Presidente da República. Inicia neste momento um projeto político carismático e complexo, com apoio de excluídos e voltado para a erradicação da pobreza sem enfretamento dos privilégios. Tais características trazem mudanças significativas, como redução da pobreza e o realinhamento eleitoral do proletariado com a classe média tradicional. Singer diz que essa configuração “significa a mudança de um padrão histórico de comportamento político das camadas populares no Brasil, em particular no Nordeste” (grifo no original). A hipótese dada para o tema mostra que se fez surgir um partido popular de massa e uma rara conexão que beneficiaria o capital e ao mesmo tempo realizaria a inclusão dos mais pobres. No entanto, para Singer, as mudanças significativas e transformadores ficaram apenas no primeiro mandato, pois após a reeleição as mudanças foram tímidas. Este mesmo autor entende que o lulismo como um reformismo fraco por que a política implementada conseguiu frear o neoliberalismo e apontar mudanças em contemplaria ao atraso que mantinha a pobreza inalterada. Considera-se que esse reformismo indica para reformas estruturais, o que certamente não fora abandono, tampouco traição.
Houve uma liquefação das práticas governamentais do Partido dos Trabalhadores de antes e essa diluição estaria assim evitando a todo custo do confronto com a elite, optando também por vias que a vista não afetaria quaisquer interesses estabelecidos. Essa opção seria fruto, por um lado, da chantagem que os proprietários fizeram nas campanhas presidenciais desde a intimidação aberta de desinvestimento em 1989 até a elevação exagerada do câmbio em 2002 – o estopim para as características do segundo mantado do Lula, tido como reformismo fraco.
Referências Bibliográficas
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SINGER, A. “A (falta de) base política para o ensaio desenvolvimentista”. Em: André Singer e
Isabel Loureiro (orgs.). As contradições do lulismo: a que ponto chegamos?. São Paulo: Boitempo Editorial, 2016
___________ “Raízes sociais e ideológicas do lulismo”. Em: Os sentidos do lulismo: reforma gradual e pacto conservador. São Paulo: Companhia das Letras, 2012; pp. 51-83
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