GUERRA DO PARAGUAI: UMA ANALISE REALISTA DO CONFLITO
Por: Ednelso245 • 25/5/2018 • 3.810 Palavras (16 Páginas) • 457 Visualizações
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Porém, tal equilíbrio veio de altos custos devido as perdas que sucedeu do conflito, entendendo que isso resultou na degradação do Paraguai, sua imersão em uma profunda crise na qual retirou todas as forças e formas de sobrevivência dos Estados, logo a tentativa de aumentar seu poder foi fracassada devido a força dos outros Estados que queria contudo conservar seu poder e também da Grã-Bretanha que tinha interesse no algodão e na abertura de mercado do Paraguai
UMA ANÁLISE REALISTA DA GUERRA DO PARAGUAI
A teoria realista, uma importante vertente teórica das Relações Internacionais, faz parte do mainstream[2] de teorias da área, assim com toda a sua importância para a interpretação e analise da relação dos Estados no sistema internacional, a teoria será aqui utilizada para a análise.
O realismo tem como premissa o poder e o pensamento racional do homem, Morgenthau ao teorizar o realismo, determinou seis princípios realistas das Relações Internacionais que foram, primeiro que “A política obedece a leis objetivas que são fruto da natureza humana e, por isso, qualquer melhoria social deve levar isso em conta” (SARFATI, 2005, p. 92), logo pode-se observar a natureza humana é presente nesta concepção, Segundo, “O interesse dos Estados é sempre definido em termos de poder” (SARFATI, 2005, p. 92), assim é possível identificar a importância do poder dentro da teoria realista, de modo que o poder é o motivador das relações, terceiro: “[...] destaca o poder como um conceito universalmente definido, mas cuja expressão varia no tempo e espaço” (NOGUEIRA, MESSARI, 2005, p. 34).
O quarto princípio diz que “O realismo político é consciente da significação moral da ação política, como o é igualmente da tensão inevitável existente entre o mandamento moral e as exigências de uma ação política de êxito” (MORGENTHAU, 2003, p. 20), assim ver-se que é necessário um filtro nos preceitos morais em relação à ação do Estado, e essa moral não é um mecanismo de julgar as ações do Estado e como diz o quinto princípio “o realismo político recusa-se a identificar as aspirações morais de uma determinada nação com as leis morais que governavam o universo” (LIMA et al, 2010, p. 57).
No sexto principio, Morgenthau(2003, p.22) diz que
Intelectualmente, o realista político sustenta a autonomia da esfera política, do mesmo modo como o economista, o advogado e o moralista sustentam as deles. Ele raciocina em termos de interesse definido como poder; enquanto o economista pensa em função do interesse definido como riqueza[...].
Assim, neste princípio, a esfera política é considerada autônoma, não submetendo-se a nenhuma outra, mesmo reconhecendo legitimidade de diversos fenômenos.
Entendendo a Guerra do Paraguai ou Guerra da Tríplice Aliança como uma guerra entre Estados, sendo eles Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, sendo que “states are the principal or most importante actors in an anarchical world lacking central legitimate governance” (VIOTTI; KAUPPI,2012, p. 37) nesse contexto é possível elucidar a importância máxima do Estado na teoria realista, sendo ele o principal ou mais importante ator do sistema internacional, sendo este último anárquico sendo:
For realists, however, anarchy simply refers to the absense of any, legitimate authority above states. States are sovereingn. They claim a right externally to be independente or autonomous from other states, and they claim a right internally or domestically to exercise complete authority over their own territories. Although states differ in terms of the power they possess or are able to exercise, none may claim the right to dominate another sovereign states( VIOTTI; KAUPP, 2012, p. 56).
No contexto do sistema internacional onde acontecem os conflitos entre Estados soberanos, ambiente no qual segundo os realistas, vigora a ideia de estado de natureza como descrito por Tucídides, onde todos querem sobreviver, logo os estados vivem em perigo devido a ausência de uma autoridade superior que faça os estados assinarem acordos entre si.
No contexto da América-latina pode-se identificar um desequilíbrio de poder no ambiente, devido ao alto desenvolvimento do Paraguai em relação aos países vizinhos, o que acarretou em uma série de conflitos de interesse com os demais Estados, assim pode-se observar que tal desequilibrio no cenário causou o conflito ao pensar que “[…] se houver um equilibrio de poder, há maior tendência de manutenção da paz […], mas, por outro lado, um desequilíbrio poderá resultar na eclosão de conflitos” (SARFATI, 2005, p. 66).
Com o alto desenvolvimento do Paraguai e o protecionismo da era López, no qual além de ir contra interesses do continente, “fazendo que esta pequena faixa de terra, contida no coração da América do Sul, não se submetesse ao domínio das grandes potências e economias da época” (CALDAS, 2009, p.3). Também resistia ao imperialismo da Grã-Bretanha, onde não abriu seu mercado para a potência imperialista que desejava a liberalização de seu mercado e queria seu algodão para a sua indústria têxtil. Além da busca do Paraguai de dominar o Uruguai.
Quando se olha para os conflitos de interesse e conflitos entres entes soberanos é possível dizer que “o interesse dos Estados é sempre definido em termos de poder” (SARFATI, 2005, p.92), seguindo nessa lógica, entendo a busca dos Estados por seus interesses para consolidar seu poder, a teoria realista diz que os interesses não dependem de julgamentos morais, assim, tendo o realismo a premissa racional, avaliando seus ganhos e perdas no sistema e em sua política externa (SARFATI, 2005).
O Estado tem como função “[…] manter a paz dentro das suas fronteiras e a segurança dos seus cidadãos em relação a agressões externas” (NOGUEIRA, MESSARI, 2005, p. 24) assim no plano interno o Estado utiliza do monopólio legítimo da força para manter a ordem e a segurança interna, porém no âmbito externo, na anarquia, os estados não detém esse poder, sendo que todos são soberanos com “iguais” poderes, considerando que uns Estados tem mais poder que outros, mas teoricamente todos são iguais no sistema de estados.
Tendo em vista que a Guerra do Paraguai tivera inicio em novembro de 1864 quando o Paraguai declarou guerra ao Brasil ao invadir a província do Mato Grosso, uma zona que segundo (MOTA, 1994) havia bastante disputa entre colonos e governantes por mais de 200 anos, sendo considerado território instável, feriu a soberania do Império do Brasil que levou através de um acordo militar a
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