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Uma Perspectiva Sobre a Guerra do Paraguai e suas Fundamentações Teóricas

Por:   •  11/9/2018  •  1.882 Palavras (8 Páginas)  •  324 Visualizações

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“Mesmo antes de verificarmos o quadro econômico responsável pela riqueza da Inglaterra, através do exercício de um imperialismo econômico implacável, é preciso considerar que, o pequenino Paraguai começa a quebrar toda uma sistemática política e econômica quando planeja sua emancipação nacional à revelia dos métodos ingleses, aplicados sem problemas de melindres nacionalistas nas províncias argentinas e no Império do Brasil” (pág.28, 1979).

Com a Revolução Industrial do séc. XVIII, a Inglaterra torna-se a maior potência do mundo. A sistemática política e econômica, descrita pelo Chiavenatto, que o Paraguai estava quebrando, havia sido fundamental nesse processo de consolidação inglesa no cenário internacional. A Inglaterra tornou-se a principal agente no mercado de escravos e por possuir produtos industrializados, negociava com países das mais diversas partes do globo. Ainda convém lembrar que a Inglaterra estava sempre atenta aos processos de independência nas Américas Portuguesa e Espanhola. Qualquer ruptura e fim do pacto colonial, significava uma autonomia e automaticamente o início de um novo mercado consumidor, o que acarretava novas negociações e possivelmente a ampliação do legado inglês.

Sobre o desenvolvimento do Paraguai, o autor do material didático estudado destaca que durante o governo de Gaspar Rodrigues de Francia foram confiscadas propriedades agrícolas da elite e o Estado passou a monopolizar a produção de erva-mate, madeira e tabaco, que foram as bases da economia paraguaia no período. Ainda segundo ele, não havia mais escravidão no Paraguai, o que contribuiu para o aumento da produção. No governo de Carlos Antônio López teria havido um grande investimento no desenvolvimento militar e na tecnologia aplicada à produção. De acordo com o pensamento do autor, isso fez com que surgissem fábricas de papel, vidro, cerâmica, tecidos, estaleiros, além da produção de trilhos para ferrovia na fundição de Ibicuí. Por conta disso, o analfabetismo teria sido praticamente extirpado pelo governo paraguaio.

A interpretação de Chiavenatto sobre os fatores que envolvem a Guerra do Paraguai deriva sobretudo da Corrente Revisionista, que segundo Ricardo Salles, ganhou força na obra de autores platinos no final da década de 50 (pág.18, 1990). O desenvolvimento autônomo, social e econômico do Paraguai teria incomodado a Inglaterra, o que fez com que as ações britânicas fossem direcionadas no sentido de eliminar aquele que poderia ameaçar a sua soberania na região do Rio da Prata.

Segundo José Maria Rosa (apud Ricardo Salles), o Paraguai de Solano López é considerado como o herdeiro de uma causa da unidade hispano-americana que se manifestava numa solução de continuidade desde a época da independência. (pág. 19, 1990). Ainda segundo ele, “era um verdadeiro Estado socialista a Paternalista República do Uruguai”. (pág. 20, 1990). Eis a Versão Revisionista da Unidade da América Hispânica.

De acordo com Leon Pomer (apud Ricardo Salles), o Paraguai, no concerto das nações sul-americanas, era caracterizado por um desenvolvimento próprio. Ainda segundo ele (apud Ricardo Salles), no período imediatamente posterior à independência das nações hispano-americanas, o Paraguai teria seguido um caminho de desenvolvimento original, autônomo, autossuficiente, nacionalista e, até mesmo, anti-imperialista (especificamente contra a Inglaterra). Eis a Versão Revisionista da Intervenção Imperialista, que é seguida por Julio José Chiavenatto, e predomina no material didático analisado.

Dando prosseguimento à averiguação do material didático, é possível perceber que o autor faz referência à intervenção brasileira contra o blanco Atanásio Aguirre, presidente do Uruguai. A escolha de Aguirre para o governo teria reacendido os conflitos na região platina. Teria havido uma invasão uruguaia no Rio Grande do Sul, que foi seguida por roubo de cabeças de gado e agressões contra fazendeiros brasileiros. Segundo ele:

“Dom Pedro II, pressionado por estancieiros do Rio Grande do Sul, exigiu proteção à propriedade dos brasileiros e a escolha de blancos moderados para administrar o Uruguai. Após a negativa de Aguirre, o Brasil decidiu invadir o Uruguai em 1864, instalando na presidência o colorado Venâncio Lopes” (pág. 6, 2008).

Segundo Vitor Izecksohn, a intervenção brasileira ocorreu em Agosto de 1864, com a invasão do território uruguaio e o bloqueio naval do porto de Paissandu, efetivado em águas pretensamente neutras do Rio da Prata. Ainda segundo ele, a ação brasileira e o apoio dado aos colorados no Uruguai irritaram o governo paraguaio que se havia oferecido para mediar diplomaticamente a situação. Continuando a sua explanação, Izecksohn afirma que o desdém pela oferta paraguaia foi considerado uma afronta pelo ditador López, que anteriormente havia mediado com sucesso a guerra civil argentina.

Sobre os resultados do conflito, o autor do material didático trabalhado salienta:

“O que mais chama atenção em relação à Guerra do Paraguai, foi a destruição do Paraguai. A população foi reduzida de 900 mil para 200 mil habitantes, sendo que 90% eram mulheres. As antigas fazendas estatais foram extintas, dando lugar a latifúndios particulares entregues à especulação mobiliária de vários grupos, entre eles, de empresários ingleses. As incipientes indústrias foram arrasadas” (pág. 7, 2008).

A visão de Julio Jose Chiavenatto, que vitimiza o Paraguai e atribui a autoria intelectual da Guerra à Inglaterra, é bem compatível com as explicações dadas pelo autor no que diz respeito aos resultados do conflito. Chiavenatto chama a Guerra do Paraguai de “Genocídio Americano”. Segundo ele, a Guerra do Paraguai foi a última das crises platinas, destacando-se pela duração, pelo grau de mobilização popular e pela violência.

De acordo com o pensamento do autor do material didático, a historiografia atual tem procurado atribuir a Guerra do Paraguai aos interesses dos quatro Estados Nacionais em questão. O Brasil, segundo ele, teria “mergulhado” numa enorme dívida após o conflito, que era tudo o que a Inglaterra esperava. Essa questão dos interesses dos países que geraram o conflito já foi abordada nesse trabalho quando analisamos a visão do Chiavenatto.

O nosso autor também afirma:

“Outra consequência importante da Guerra do Paraguai foi a modernização e o fortalecimento do Exército, que consciente da sua importância, passou a exigir espaço para sua atuação política. Este é outro fator que iria

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