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BLOW UP TEORIAS DA HISTORIA

Por:   •  24/12/2018  •  1.489 Palavras (6 Páginas)  •  426 Visualizações

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É plausível mencionar, brevemente dentro desse contexto de indagações e onde os casais são apresentados nas obras, a representação objetificada da figura da mulher e de sua “natureza infausta” tanto na literatura como na filmografia, é possível constatar na narrativa em uma rápida passagem em que o narrador descreve o casal que vê na praça – “(...) do garoto recordo a imagem antes que o verdadeiro corpo (isto se entenderá depois), enquanto agora tenho certeza de que da mulher recordo muito melhor seu corpo que sua imagem. (...)” – e o mesmo acontece no Blow Up em que o personagem principal trabalha com o ápice do estereotipo de beleza feminino e isso é até mesmo utilizado como forma de barganha em algumas situações do filme, em ambos os casos além da óbvia sexualização do corpo feminino, há a manifestação da mulher como agente ou causadora do mal, assim como constantemente vemos a Eva como veiculo da tentação, aquela que corrompeu Adão, em ambas as obras as mulheres aparecem como “iscas” e são elas que atraem a figura masculina com intuito de enganar e com pretensões perigosas.

Após o episódio da realização da famigerada fotografia o protagonista entra em um estado que beira obsessão ao começar o processo de revelação do filme, ele busca através da foto compreender o que realmente aconteceu no momento em que ela foi tirada, inicia um processo de analise e ampliação das imagens (blow up) em busca de uma resposta para a inquietação provocada pela situação, é uma tentativa de através de um objeto concreto (fotografia) explicar e revisitar algo imaterial – uma lembrança, uma memória.

A partir desse ponto as obras tomam caminhos distintos, ao passo que a narrativa torna-se cada vez mais angustiante e o leitor recai sobre as dúvidas e pensamentos desconexos do narrador, sentindo a impotência dele frente ao fato testemunhado e é nesse contexto que se encaminha para o final do conto, a história se perde dentro de sua própria linguagem assim como as divagações do fotógrafo, o fato contado não é devidamente revelado e aquele que lê acaba com as mesmas dúvidas do personagem e mais, sem saber ao certo o que acontece com ele, o enredo é baseado na interação entre o leitor e o narrador, todos os acontecimentos são interpretados de maneira que não apenas têm-se a visão do narrador, mas também permite a quem lê o livre uso da imaginação e interpretação sobre aquilo que lhe é descrito; já o filme oferece um desfecho menos aberto, nele o protagonista formula toda a teoria do que possa ter acontecido e organiza as fotos de forma que visualmente tenha-se a história contada para então, voltar ao cenário real dos acontecimentos e constatar, diante do corpo do homem morto, a real concretização do crime, no entanto ainda processando a situação, uma sucessão de fatos faz com que, também no cinema, o interprete fique impotente frente ao acontecimento – perdem-se as imagens e qualquer vestígio delas e o corpo da vitima desaparece antes que qualquer atitude possa ser tomada – o filme termina com um grupo de mímicos que jogam uma partida de tênis imaginária enquanto o fotógrafo assiste, em certo momento a “bola invisível” ultrapassa os limites da quadra, fazendo com que ele participe do jogo, devolvendo-a aos mímicos para que continuem o jogo, esse final abstrato além de nos colocar em equivalência ao conto, onde há livre interpretação do expectador, reforça a ideia da incerteza daquilo que se vê. Tanto o conto como o filme nos provocam o questionamento sobre o que é real e concreto, e o que é abstrato e ilusório, se não há uma superestimação da imagem enraizada no ser humano e o quanto interferimos conscientemente ou não nas formas que produzimos ou nos rodeiam.

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