Estudo da atividade antimicrobiana do alho in natura (Allium sativum) e de amostras comerciais de alho submetidas a diferentes tratamentos térmicos.
Por: Sara • 19/6/2018 • 1.400 Palavras (6 Páginas) • 538 Visualizações
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
O método de difusão por aplicação direta fornece dados qualitativos. Os resultados da atividade antimicrobiana no alho in natura (AIN), frito (AF) e desidratado (AD) estão relacionados na Tabela 1.
Tabela 1. Média das medidas calculadas em milímetros após 24h de incubação das placas a 35°C.
Microrganismo
AIN
AD
AF
Bacillus cereus
51.5±3.0
26.8±3.4
0
Escherichia coli
50.5 ±2.8
30.6±2.1
0
Salmonella typhimurium
40.6±3.3
24.6±0.9
0
Staphylococcus Aureus
43.6±1.3
29.5±2.8
0
*0 = Não foi observada inibição.
De acordo com os dados obtidos, observa-se que o tratamento térmico em que as amostras foram expostas influenciaram a atividade antimicrobiana do alho. No ensaio com difusão por aplicação direta das amostras, foi possível verificar que os compostos presentes no alho in natura inibiram todas as bactérias, formando halos ao redor do material depositado. A cepa Bacillus cereus se apresentou mais sensível ao alho in natura (Figura 1), obtendo halo de aproximadamente 21.16% maior que o halo apresentado na cepa com maior resistência, Salmonella typhimurium, como observado nas Figuras 1 e 2.
No ensaio utilizando alho desidratado foi possível verificar inibição em todas as cepas utilizadas. Entretanto, as amostras de alho desidratado apresentaram efeito antimicrobiano significamente reduzido se comparado com o alho in natura. No tratamento de desidratação, o alho é exposto ao processo de branqueamento e secagem, tais processos utilizam temperaturas brandas menores que 100°C, porém suficientes para desativar parte dos compostos que garantem funções antimicrobianas do alho, como a alicina.
Nas amostras de alho frito não foi possível observar inibição frente as cepas utilizadas. Esse resultado comprova que a temperatura do tratamento térmico influencia a atividade antimicrobiana do alho, uma vez que no processo de fritura os alimentos são expostos à temperaturas de até 180°C.
[pic 1]
Figura 1. Placa de Bacillus cereus após 24h de incubação, onde pode ser observada a diferença de tons nos locais que houve crescimento do microrganismo.
[pic 2]
Figura 2. Placa de Salmonella typhimurium após 24h de incubação, onde pode ser observada a diferença de tons nos locais que houve crescimento do microrganismo.
A partir dos resultados obtidos, observa-se alguns fatores que podem influenciar na formação do halo de inibição, tais como a difusão irregular dos compostos através do Agar; a quantidade de amostra testada; as particularidades de cada microorganismo; a densidade celular inicial e a técnica utilizada, uma vez que com a difusão por poço ou com disco de papel geraria dados quantitativos mais precisos. Porém, o foco deste trabalho foi avaliar a atividade antimicrobiana dos compostos presentes no alho e seus derivados, submetidos a algum tratamento térmico e para este fim, foram alcançados resultados satisfatórios.
CONCLUSÕES
Ao comparar os resultados da atividade antibacteriana das amostras de alho utilizando a técnica de difusão por aplicação direta em ágar, observou-se que houve grande variação de intensidade de ação entre as amostras testadas. A análise da atividade antimicrobiana do alho in natura demonstra os maiores halos de inibição, uma vez que a amostra não foi submetida a nenhum tratamento térmico. Os resultados obtidos pelo presente trabalho sugerem que as amostras de alho in natura e alho desidratado possuem ação antimicrobiana. Portanto caracterizam-se como substâncias promissoras nesse sentido, podendo ser utilizados na formulação de produtos com o intuito de aumentar seu prazo de conservação. Acredita-se que há viabilidade para novos estudos quantitativos, visto que o método de difusão serve apenas como parâmetro de triagem antimicrobiana, havendo a necessidade de testes para determinar concentrações mínimas inibitórias.
REFERÊNCIAS
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FILGUEIRA, F.A. Novo Manual de Oleicultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2.ed. Viçosa: UFV, 2003. p.
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