A Sustentabilidade na fase da engenharia.
Por: Sara • 15/11/2018 • 2.387 Palavras (10 Páginas) • 298 Visualizações
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As decisões tomadas antes do início do projeto, especialmente no que se refere à escolha do terreno e ao tamanho da edificação, talvez sejam determinantes-chave do consumo de energia e do impacto ambiental de edificações habitacionais. Se somado os custos de energia consumida para o uso da edificação pelo transporte até o local, um prédio de escritório ou habitacional eficiente em energia localizado no subúrbio ou ainda mais afastado de um centro urbano talvez consuma mais energia durante o dia que um prédio menos eficiente situado em uma área povoada ou com uma boa rede de opções de transporte. Isso ocorre devido ao aumento significativo com os preços da gasolina, a implantação de um prédio em áreas com boas opções de transporte atrairá um número maior de possíveis inquilinos e terá maior valor para o proprietário.
Além das questões energéticas do empreendimento, a utilização de maneira mais racional dos recursos hídricos, particularmente no que diz respeito ao seguimento habitacional, com a captação de água potável de formas diferentes da tradicional, além do reuso dessas mesmas águas para finalidades menos nobres é um grande exemplo da contribuição positiva que tal desenvolvimento pode proporcionar.
Mas, para que se possa obter um resultado realmente satisfatório, não se deve analisar os componentes envolvidos de uma maneira isolada, mas sim procurar interliga-los de modo que se complementem. Desta forma pode-se gerar um sistema mais amplo, onde se aperfeiçoem os benefícios individuais de cada um dos sistemas envolvidos, obtendo um resultado final que seja melhor do que a simples soma de suas partes.
Uma primeira forma de interligação entre os sistemas reside na utilização da energia elétrica produzida por intermédio dos painéis fotovoltaicos para acionar diretamente uma bomba de recalque que trabalha com corrente de natureza contínua, para utilizar nos sistemas de captação de água de chuva.
Da mesma forma, tais painéis podem ser usados para acionamento de outra bomba de recalque, também trabalhando em regime de corrente contínua, para o caso da implantação do sistema de reuso de água de banho para as descargas sanitárias.
Porém, para que tais medidas sejam adotadas faz-se necessário a verificação da viabilidade da construção residencial com as características de autossuficiência, procedendo-se a uma análise da relação custo x benefício da implantação de cada um dos sistemas mostrados individualmente, verificando-se o tempo estimado para se obter o retorno do investimento inicial de cada um deles.
Almejando atender a essas expectativas, a seguir serão abordados cada fundamento de sustentabilidade de maneira mais ampla e elaborada para explanar todos os seus aspectos diante de tal empreendimento.
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3.1 Captação da água da chuva
A demanda pela captação de água doce vem aumentando nos últimos anos devido ao aumento da população e crescentes índices de poluição das fontes hídricas. Portanto, nenhuma fonte alternativa do fornecimento de água deve ser descartada.
As vantagens de se utilizar o sistema de captação da água da chuva é que, além de preservar a água restante no meio ambiente, conservando um dos bens mais escassos, ajuda a conter as enchentes, represando parte da água que seria drenada por ruas e rios, possui um custo de montagem reduzido e possivelmente seu retorno será positivo e devido à falta de outras fontes confiáveis. De uma maneira simplificada, os componentes do sistema podem ser vistos da seguinte maneira.
[pic 2]
Figura 1: Componentes do sistema de coleta água da chuva para consumo humano, (Fonte: EMBRAPA, 2005, Pág. 4).
A captação da água da chuva normalmente é feito por um conjunto tradicional de calhas e tubos e superfícies lisas, como por exemplo, as telhas de barro ou cimento.
A área para captação de chuva necessária ao atendimento da demanda, considerando-se somente volume de água da chuva, pode ser calculada através da equação a seguir:
[pic 3]
Onde: Ac: área de captação (área do telhado)
Vd: volume de demanda de água da propriedade por dia (m3/dia)
Prec.: Intensidade da precipitação (metros/dia)
Efic.: Coeficiente de eficiência (0,9 a 0,95 para filtros comerciais.
A demanda diária de água necessária em metros cúbicos por dia pode ser estimada tomando-se os valores de consumo constantes apresentadas na tabela a seguir, que por estarem em litros deverão ser divididos por 1.000 para compatibilização das unidades da equação citada anteriormente.
Tabela 8: Valores de consumo predial (em litros/dia)
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Figura 2: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2003, p. 7.
Em seguida, multiplica-se a demanda per capita estabelecida pelo número total de usuários da edificação para finalmente se obter o valor correto do volume de demanda (Vd) de água da propriedade/edificação em m3/dia.
Os processos seguintes da captação podem ser melhor observados no esquema a seguir:
[pic 5]
Figura 3: Sistema de captação da água da chuva, métodos. (Fonte: IPT, 2007).
A maneira mais recomendada para se armazenar a água de chuva captada é através de uma cisterna subterrânea, onde a ausência de luz e calor retarda a ação bacteriana. Podem permanecer enterradas ou ao nível do solo, devendo-se considerar que nas enterradas, a temperatura da água é menor, reduzindo o desenvolvimento de micro-organismos.
Essas cisternas devem ser convenientemente cobertas para se evitar que haja entrada de impurezas, matéria orgânica, animais domésticos, que possam a vir contaminar a água.
A estimativa para a capacidade de armazenamento de uma cisterna deve ser calculada em função da demanda ou do consumo de água no prédio, do volume de precipitação pluviométrica média da região, da área de captação e da duração do período de estiagem. É necessário conhecer a máxima, a mínima e o total de chuva ocorrida (mm de chuva) e o período de estiagem (dias)
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