CONTAMINAÇÃO DO RIO ÁGUA BRANCA POR DIFERENTES FONTES DE POLUIÇÃO

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Segundo Murad Jabay Bino [19--?], o uso de água servida (águas residuais, como são tecnicamente chamadas) pode significar simplesmente que os moradores das residências juntam a água servida e a derramam com baldes em cima das árvores e das culturas. Podem-se fazer filtros muito simples com barris ou tambores com camadas de carvão e areia para filtrar as substâncias químicas e o teor de sabão, para que a água seja menos prejudicial às plantas.

O saneamento, visando a proteção da saúde humana por meio de medidas controladoras do manejo dos recursos ambientais, compreende, dentre outros, a disponibilização do abastecimento de água e estruturas de saneamento, proteção contra enchentes, drenagem, assim como provimento de água para atividades produtivas, de maneira economicamente viável, ambientalmente sustentável e socialmente equitativa e, ainda, recurso como forma de combate à pobreza (RODRIGUEZ, 1998).

Os próprios constituintes naturais do rio realizam processos biológicos que tentam amenizar os impactos, a autodepuração, por exemplo, é um processo natural, no qual cargas poluidoras, de origem orgânica, lançadas em um corpo d’água são neutralizadas. De acordo com Sperling (1996), a autodepuração pode ser entendida como um fenômeno de sucessão ecológica, em que o restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, ou seja, a busca pelo estágio inicial encontrado antes do lançamento de efluentes, é realizada por mecanismos essencialmente naturais.

De acordo com Friedler e Juniaco (1996), a aplicação dos nutrientes contidos nos esgotos ou efluentes tratados pode reduzir, ou mesmo eliminar, a necessidade de fertilizantes comerciais. Entretanto a oferta de resíduos que é destinada pode ser extremamente alta, ultrapassando os limites de possíveis benefícios às culturas irrigadas.

Estudos conduzidos por Osburn e Burkhead (1992) para avaliar a possibilidade do uso de efluentes com tratamento secundário utilizando a irrigação por gotejamento e a aspersão, nas culturas do pepino e berinjela, mostraram que a qualidade da água influenciou no aumento da massa verde das plantas, mas não a produtividade, ao contrário de outros estudos, que indicaram aumento da produtividade quando do uso de efluente secundário (Jucken, 2000; Biscaro et al., 2002).

O estudo e a compreensão dos processos fisiológicos das vias fluviais são fundamentais para entendermos como as práticas antrópicas afetam o rio. Este tipo de estudo permite descrever as interações das atividades possivelmente poluidoras, identificando as nascentes, as características do canal, os poluentes, auxiliando na identificação da qualidade e do potencial de exploração econômica da água no uso de irrigação de olerícolas.

Contudo, o presente trabalho busca avaliar as condições sanitárias da água no percurso do rio onde há intervenções humanas até a utilização do recurso na irrigação de hortaliças, propondo soluções pertinentes aos problemas identificados e buscando avaliar a qualidade da água de diferentes fontes de poluição e identificar os principais fontes de contaminação no percurso do rio, por meio de forma qualitativa

- MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizadas visitas in loco no percurso do rio e tirados fotos para analise previa do estudo. Foram visitados também o rio Lava Pés que é intermitente e deságua no rio Água Branca, onde acontece o encontro com o rio Campo Formoso, e liga as cidade de Campo Formoso-Ba à Antônio Gonçalves-Ba. Campo Formoso é um município que está localizado no polígono das secas, norte do Estado da Bahia, com população de 66.616 habitantes, sendo 24.863 na área urbana (IBGE, 2010), a cidade não conta com sistema de captação e destinação do esgoto, e parte desses resíduos são destinados ao rio em estudo, além de outras fontes de contaminação as margens do rio, como postos de lavagem automotiva, oficinas mecânicas, postos de combustíveis, indústrias mineradoras e atividades agropecuárias.

Figura 1 – Campo Formoso-Ba, município de localização do rio.

[pic 2]

A delimitação do trajeto do rio Água Branca será levantado com auxílio de fotos aéreas do software Google Earth®, imagens de satélite e por caminhamento com aparelho de GPS Geodésico.

A classificação climática segundo Köppen é do tipo BSWh, ou seja, tropical semi-árido, conforme descrito em Reddy e Amorim Neto (1983). O semiárido brasileiro apesar de ser um dos mais chuvosos, sofre com a escassez de água, nesses períodos pode haver maior concentração de poluentes pelas baixas vazões do rio. As chuvas se concentraram entre os meses de novembro e abril, com precipitação média anual em torno de 824 mm, irregularmente distribuída. A temperatura média anual é de 26,5ºC, variando entre 21 e 32ºC, com uma evaporação média anual em torno de 2000 mm, umidade relativa do ar média anual em torno de 67,8%, 3000 horas de brilho solar e velocidade do vento de 2,3 m/s. A distribuição fundiária da região é baseada na pequena propriedade de agricultura familiar.

- RESULTADOS E DISCUSSÕES

Através do caminhamento no percurso do Rio Água Branca chegamos à primeira observação, em que aos longo do seu percurso, pouco mais de 11km, desde a nascente ao seu desague no Rio Campo Formoso, a poluição do Rio começa a partir do momento em que em que o rio adentra às ruas da cidade de Campo Formoso, conforme figura 2, mostrando o primeiro ponto de poluição do rio.

Figura 2 – Percurso do Rio Água Branca e localização da primeira fonte de contaminação.

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As primeiras ruas de Campo Formoso, sentido nascente do rio x cidade, não possui saneamento básico, e as redes de esgotamento doméstico tipo fossa, nem sempre comportam a quantidade de esgoto lançado, e os resíduos lançados nas ruas quase sempre acabam dentro do rio.

Figura 3 – Esgotamento doméstico na entrada de Campo Formoso.

[pic 4]

Conforme seguimos o percurso do rio é notório a maximização da quantidade de resíduos domésticos lançados em pontos específicos, conforme figura 4. Mas, o ponto crucial de toda a poluição, se dá nos Pontos Cruciais 1 e 2, conforme figura 2, onde é despejado a maior parte do esgoto doméstico, figura 4, óleos provenientes de oficinas de carros, e onde há foco de esgotamento hospitalar, figura 5.

Figura