El nino e La nina

...

Com a mudança no local de formação destas nuvens, é gerada modificações no padrão de circulação do ar e da umidade na atmosfera. Com isso, o clima no mundo inteiro é afetado.

O fenômeno do El niño ocorre em um período de um a dez anos, podendo durar de 12 a 18 meses, em média e a temperatura da superfície do mar pode chegar a ficar 4,5ºC acima da média.

Há 33 registros de ocorrência do fenômeno de acordo com o centro de previsão de tempo e estudos climáticos (CPTEC). Quatro no século XIX, 25 no século XX e quatro no século atual. O país que sofre mais diretamente impacto do fenômeno é o Peru, pois há uma redução dos fitoplanctos que eram trazidos pelas águas frias (em condições normais, sem o El niño) e devido à temperatura superficial do mar estar muito quente devido ao fenômeno, os peixes tem dificuldade para sobreviver nessa região e se afastam durante 18 meses. Isso desencadeia a morte dos pássaros que se alimentavam desses peixes e consequentemente afeta a produção de guano, que servem de matéria prima para a indústria de fertilizantes. Constatou-se esse impacto quando ocorreu o El niño do ano de 1957-1958, onde cerca de 20 milhões de pássaros morreram na costa peruana.

Até hoje o El niño com impactos mais severos foi o de 1982-1983, onde caíram trombas d’agua sobre as costas orientais do Pacífico, ciclones devastam a Polinésia francesa, e na Austrália, Indonésia e o norte e sul da África sofreram com uma seca extrema que deixou cerca de 60 mil mortos na Etiópia e provocou incêndios na vegetação. Nas Ilhas Christmas, 95% dos pássaros desapareceram e as fábricas de farinha de peixe do Peru pararam ao mesmo tempo em que epidemias assolavam a região. Por outro lado, boa parte da América do sul sofreu com enchentes, sendo as fortes inundações no centro-sul do Brasil responsáveis pela maior parte dos 30 mil desabrigados nessa área.

Além das já citadas, há algumas outras mudanças, de caráter mundial, ocasionadas pelo El niño, como por exemplo:

- No litoral do Peru, Estados Unidos e Canadá a pesca fica comprometida;

- Os verões na Europa são mais quentes;

- Os ventos no Paquistão são mais secos;

- A Indonésia, Índia e Austrália sofrem com secas;

- Ocorrem secas severas na região nordeste do Brasil, no sudeste Asiático, na América central e no centro africano;

- O número e a intensidade das chuvas cresce no sul da América do Sul e na região sudeste dos Estados Unidos;

- O inverno em alguns estados situados no centro dos Estados Unidos é mais quente e nos estados que ficam mais ao sul tende a ficar mais chuvoso.

Todos esses fatores influenciam também na economia, pois a pesca é prejudicada, há escassez de alimentos na Ásia, já que a chuva de monções pode não acontecer em anos de El niño, o café tende a ficar mais caro na exportação, já que existe a possibilidade de seca na Colômbia e no nordeste brasileiro e também os prejuízos que alguns fenômenos advindos do El niño podem causar (ex: furacão no Havaí que acarretou prejuízos de 230 milhões de dólares).

LA NIÑA

O fenômeno leva essa denominação devido a estar associado ao inverso do fenômeno El niño, La niña em espanhol significa "A Menina", também conhecido por Episódio Frio, El Viejo ("o velho" em espanhol) ou até mesmo Anti-El niño, esse último termo foi deixado de uso porque como El niño remete ao menino Jesus, o Anti-El niño então seria o Diabo, assim convencionou-se utilizar-se de outros termos.

Ele corresponde ao resfriamento irregular das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental, o qual forma uma espécie de "piscina de águas frias" no oceano, a qual se estende numa faixa de largura de 10 graus de latitude ao longo do equador desde a costa peruana até aproximadamente 180 graus de longitude no Pacífico Central. Tem certa semelhança com o El niño por se tratar de um fenômeno natural os quais geram fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera, alterando o comportamento climático. Porém a magnitude de resfriamento do La niña é bem menor que a magnitude de aquecimento das águas no El niño, sendo assim o clima global não será tanto afetado. Outra diferença é que nas últimas décadas o El niño vem se intensificando enquanto que o La niña vem ocorrendo com menos frequência.

Esse resfriamento é ocasionado pelo aumento da força dos ventos alísios, esse aumento da força é denominado de ressurgência, afloramento das águas profundas do Oceano Pacífico (as mesmas ficam mais frias e com mais nutrientes). Em paralelo a corrente atmosférica tende a "empurrar" as águas mais quentes com mais força, assim fazendo com que ela se acumule mais a oeste do que ocorreria normalmente. Embora muitos afirmem que o La niña seja o inverso do El niño, seus efeitos nas correntes atmosféricas são praticamente os mesmos, a maior concentração de águas quentes a oeste do Pacífico geram uma área onde a evaporação também é maior, assim intensificando o processo da célula de circulação de Walker, ou seja, o ar quente sobe na região de águas mais quentes, ao mesmo tempo em que o ar mais frio desce na região oposta, assim formando o ciclo. A principal diferenciação é que no El niño sua variação média de temperatura passa dos 5ºC, e já no La niña, dificilmente passa dos 4ºC.

A área com maior quantidade de chuvas é no nordeste do Oceano Índico à oeste do Oceano Pacífico passando pela Indonésia, e a área com movimentos descendentes da célula de Walker no Pacífico Equatorial Central e Oriental. Esses ficam mais intensos que o normal, assim inibindo a formação de nuvens de chuva. Ele costuma ocorrer em tempos alternados com o El niño, em períodos que vão de três a sete anos e pode durar de dois a sete anos, porém na maioria dos casos foi registrada uma duração média de nove a doze meses.

Um fenômeno oceânico-atmosférico passa por três etapas distintas, as quais são:

Fase de configuração - Ocorre quando ele adquire características definidas e pode em pouco tempo influenciar o clima global;

Fase de maturação - Coincide com o ápice do fenômeno, no qual é observado os maiores desvios de temperatura no Pacífico Central, assim, consequentemente