TCC - Práticas Educativas
Por: kamys17 • 25/2/2018 • 7.690 Palavras (31 Páginas) • 418 Visualizações
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rápida. Quando a mulher desenvolve a dependência do álcool apresenta maior prevalência de transtornos psiquiátricos e sintomas emocionais (ESPER, CORRADI-WEBSTER, CARVALHO e FURTADO, 2013).
Segundo César (2006) por anos o alcoolismo foi identificado com o gênero masculino e um dos argumentos que embasava tal afirmação era que a prevalência de mulheres em serviços de saúde especializados era mínima. Desta maneira esta ausência instigou alguns estudiosos a investigar o comportamento social diante do alcoolismo feminino, com base nesses estudos a autora constatou que a vinculação do sexo masculino ao uso do álcool tem um forte componente social, uma vez que para as mulheres o consumo de bebidas alcoólicas sofre maior repressão e os padrões morais impostos a elas são mais rígidos ocasionando maior estigmatização. A autora afirma que as diferenças no comportamento de beber entre homens e mulheres se originam na formação, ou seja, na construção da identidade de gêneros adquirida através da educação de meninos e meninas. Seguindo essa linha de raciocínio, ela aponta para o fato de que homens alcoolistas tendem a apresentar um comportamento com reações externalizadas, enquanto que as mulheres estão mais propensas a um comportamento retraído, internalizando as emoções. Outra questão interessante, diz respeito à autoimagem, a preocupação das mulheres é maior se comparada com a dos homens, uma vez que há uma cobrança maior relacionada aos papéis que elas desempenham socialmente, por exemplo, o da maternidade ou algumas condutas que são consideradas inadequadas para elas. Essa maior repressão moral acaba por gerar sentimentos de culpa por parte delas. Em contrapartida, a autora indica que elas possuem uma maior capacidade em reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, portanto, elas teriam mais controle sobre o beber e consequentemente tornam-se bebedoras sociais com mais facilidade do que os homens.
Já sabemos que a repressão social para largar o consumo da bebida alcoólica é maior para as mulheres, contudo elas sofrem menos pressão para iniciar o consumo do que os homens. Também devemos lembrar que o fato de por muito tempo o consumo de o álcool ter sido relacionado aos homens, não significa, necessariamente, que esteve restrito a esse gênero. O fato é que, pouco se tem estudado a respeito do alcoolismo feminino, e mesmo com poucos dados, os índices são preocupantes, podendo ser ainda maiores, uma vez que aos serviços especializados só chegam os casos mais graves. Portanto, os estudos disponíveis são baseados em uma população com intoxicações graves apresentando alterações do comportamento, tentativas de suicídio e sinais e sintomas graves (OLIVEIRA, DELL’AGNOLO, BALLANI, CARVALHO e PELLOSO, 2012).
Lima, Braga, Carvalho e Morais (2010), por sua vez, nos trazem uma diferença significativa que foi encontrada em estudos epidemiológicos confirmando que os transtornos relacionados ao álcool afetam cinco vezes mais os homens do que as mulheres, no entanto, uma vez portadoras da enfermidade, nelas a progressão é mais rápida. Levando-se em conta pesquisas feitas no Brasil, independente da faixa etária, tanto no uso como na dependência, a prevalência ainda é maior para os homens. No entanto, o alcoolismo é um comportamento que traz inúmeras repercussões danosas às mulheres, o que ocasiona uma maior suscetibilidade ao sofrimento e adoecimento.
Novamente revisando estudos brasileiros, os quais comparam a maneira de beber do homem com a da mulher, pudemos encontrar resultados apontando que as mulheres têm um número maior de abstinentes e ingerem menores quantidades, o consumo problemático ainda é maior entre os homens, apesar disto quando falamos em adolescentes, estes estão consumindo bebidas alcoólicas em frequência semelhante para ambos os sexos. Outra diferença das mulheres, é que elas bebem no intuito de encontrar apoio emocional para suas angústias, independente da idade, por outro lado os homens relacionam o uso de bebidas a momentos de lazer e descontração com amigos (ESPER et al., 2013).
Contudo, na intenção de problematizar as questões socioculturais envolvidas torna-se necessário investigar as peculiaridades do alcoolismo feminino levando-se em conta questões relativas às mulheres no espaço social.
Assim sendo, de acordo com os dados apresentados até agora podemos afirmar que a mulher alcoolista encontra dificuldades em desempenhar os papéis sociais esperados de mãe e dona de casa, isto ocasiona conflitos familiares, e, consequentemente, danos emocionais à mulher. Esper et al. (2013) afirmam que mulheres com dificuldades em desempenhar tais papéis devido ao alcoolismo sentem vergonha e culpa.
Durante a busca por características femininas referentes ao alcoolismo, encontramos dados de pesquisa realizada no Brasil, em 2005, nas 108 maiores cidades brasileiras, afirmando que 6,9% das mulheres eram dependentes de álcool, sendo que na região sul do país as mulheres bebem com mais frequência. Na mesma época, o Ministério da Saúde realizou uma pesquisa em busca de dados sobre o consumo excessivo de álcool no país e encontrou um percentual do abuso dessa substância entre mulheres que varia de 4,6% na cidade de Curitiba/PR até 15,9% em Salvador/BA. Ainda, de acordo com o ministério, 38,8% das mulheres com história de abuso de álcool figuram na faixa etária dos 18 aos 44 anos de idade e aproximadamente 12% tinham de 9 a 11 anos de escolaridade (OLIVEIRA et al., 2012).
Outro dado relevante é apresentado por César (2006), afirmando que a violência tanto física como sexual contra a mulher pode ser fator desencadeante para o consumo abusivo de álcool. Sendo assim, a autora nos fornece dados obtidos em seu estudo apontando que 70% (setenta por cento) das mulheres relataram ter sido vítima de violência física e/ou sexual na infância ou adolescência, em geral praticada por pessoas próximas. Na mesma pesquisa 80% (oitenta por cento) das participantes que eram casadas afirmaram ter sofrido violência sexual e/ou física de seus maridos ou companheiros e 100% (cem por cento) tinham histórico de violência na infância ou adolescência. A autora aponta os dados informando que mulheres alcoolistas, têm quatro vezes mais chances de terem sofrido violência na infância e/ou adolescência do que os homens, complementando essas informações ela aponta que mulheres alcoolistas ou dependentes químicas têm maiores índices de violência na infância ou adolescência do que mulheres que não fazem uso dessas substâncias. Por fim, a autora aponta que mulheres casadas com histórico de violência na infância e/ou adolescência também acabam sendo vítimas dos futuros maridos e/ou companheiros, portanto diante desses fatos podemos concluir que é característica feminina
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