Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

AUTISMO E MATERNIDADE: UM ESTUDO PSICANALÍTICO

Por:   •  30/1/2018  •  2.536 Palavras (11 Páginas)  •  368 Visualizações

Página 1 de 11

...

Segundo Jerusalinsky (2012), no que se refere à cura do autismo, a principal tarefa é a de desvendar os detalhes das estruturas mínimas capazes de introduzir os traços unários ainda nas condições mais adversas. Não se trata de retornar uma normalidade inicial, trata-se da intromissão arbitrária do outro.

Assim, o primeiro passo para o tratamento requer que o analista se identifique literalmente com os automatismos dos autistas, em continuidade com ele, única repetição até aí em que o autista ‘se reconhece’. Mas, não para recompor uma identidade perdida, e sim adentra se em seu mundo interno, e adquirir a possibilidade de quebrá-lo, e permitir que o autista perceba a dimensão externa.

Dada a grande importância materna na condição autística da criança podemos retomar a importância do amor materno para o desenvolvimento da criança. Segundo Fromm, “a criança, no momento de nascer, sentiria o temor de morrer, se um destino amável não a preservasse de qualquer consciência da ansiedade ligada à separação da mãe e da existência intrauterina” (2000, p. 35). O autor vai além, define a mãe como o calor, o alimento e o estado eufórico de satisfação e segurança para o bebê, ou seja, esta proporciona o estado de narcisismo descrito por Freud.

Fromm (2000) define o amor materno como uma afirmação incondicional da vida do filho e de suas necessidades. O autor distingue dois aspectos desta afirmação incondicional da vida do filho:

...um é o do cuidado e responsabilidade absolutamente necessários para preservação da vida do filho e o seu crescimento. O outro aspecto vai mais longe do que a simples preservação. É a atitude que infunde no filho o amor à vida, que lhe dá o sentimento de ser bom viver, de ser bom ser um menino ou uma menina, de ser bom estar nesta terra! (FROMM, 2000, p. 42).

Desta forma, o amor materno estaria intimamente ligado à função de transmitir vida ao bebê; investir libido de forma a permitir que o bebê finalmente possa nascer como sujeito em relação com o mundo. Mas seria esta função inerente a todas as mães? O que acontece com as mães de crianças autistas? Podemos recorrer à mitologia grega em busca de uma primeira tentativa de resposta a esta pergunta.

O nascimento de Hefesto, o deus ferreiro, lança luz a essa questão e desmistifica o amor materno. De acordo com o mito, o Olimpo estava em festa por conta do nascimento do herdeiro de Zeus. Todavia, ao ver o seu filho pela primeira vez, Hera, a esposa do pai dos deuses, percebeu que a criança além de feia era aleijada e não pensou duas vezes: agarrou-o pelas pernas e o atirou do alto do Olimpo (CASTRO, 2009).

Como pudemos perceber o amor materno não é algo dado a priori. Fromm utiliza uma metáfora bíblica para discorrer sobre a ausência do amor materno:

A terra prometida (a terra é sempre um símbolo materno) é descrita como aquela em que “corre leite e mel”. O leite é o símbolo do primeiro aspecto do amor, o do cuidado e afirmação. O mel simboliza a doçura da vida, o amor por ela e a felicidade de estar vivo. Muitas mães são capazes de dar “leite”, mas só a minoria o é também de dar “mel”. (FROMM, 2000, p. 42)

Assim, este trabalho tem a premissa de conhecer o desenvolvimento psicoemocional do autista e investigar a relação materno-filial da criança autista sob o ponto de vista da mãe, bem como identificar as possíveis intervenções visando sua adaptação a realidade. Para tal, serão entrevistadas quatro mães de crianças autistas em tratamento no CAPS-I de Itaquera.

---------------------------------------------------------------

OBJETIVOS

Objetivo Geral:

Conhecer o desenvolvimento psicoemocional do autista e investigar a relação materno-filial da criança autista sob o ponto de vista da mãe, bem como identificar as possíveis intervenções visando sua adaptação a realidade.

Objetivos Específicos:

- Descrever e diferenciar a síndrome do autismo infantil de outras síndromes invasivas;

- Descrever os aspectos do desenvolvimento da criança autista, e os aspectos da formação da personalidade;

- Investigar a relação materno-filial da criança autista sob o ponto de vista da mãe.

- Identificar os possíveis tratamentos e desenvolvimento em perspectiva psicanalítica.

---------------------------------------------------------------

MÉTODO

Amostra/Sujeitos:

Os participantes (N=4) serão compostos por mães de crianças autistas, com idade superior a 18 anos, que concordarem e colaborar no papel de participante assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TLCE (Apêndice B).

Local:

O estudo será realizado no CAPS-I de Itaquera, situado na Rua Bernardino Prudente, 86, COHAB II, São Paulo São Paulo/SP.

Material:

Para viabilizar as condições básicas de ética para coleta de dados serão utilizados:

Autorização para Coleta de Dados – destinado ao responsável pelo CAPS-I de Itaquera (Apêndice A).

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TLCE) – destinado aos participantes da pesquisa (Apêndice B).

Para obter o conjunto de informações de modo a cobrir os objetivos da pesquisa será utilizado:

Roteiro para entrevista com mães de crianças autistas – trata-se de um instrumento simples (Apêndice C), com perguntas abertas sobre a relação e interação da criança autista no contexto familiar, em especial, sua relação com a mãe.

Procedimento:

Obtida a autorização do CEP para a realização da pesquisa, o responsável pelo CAPS-I de Itaquera será procurado para a obtenção da autorização de coleta de dados na instituição.

TERMINAR DE ESCREVER!

Plano de Análise:

Os dados serão analisados de forma qualitativa, por meio da identificação dos sentidos atribuídos às respostas do Roteiro para entrevista com mães de crianças

...

Baixar como  txt (19.1 Kb)   pdf (73.1 Kb)   docx (23.7 Kb)  
Continuar por mais 10 páginas »
Disponível apenas no Essays.club