AS ENTREVISTAS PSICOPEDAGOGIA

...

- A maneira como o educador se relaciona com o educando ao deparar-se com a limitação do mesmo no processo de aprendizagem altera o curso desse processo. Quais as orientações mais relevantes a se dar a esse profissional da educação para que ele possa colaborar com o desenvolvimento do seu aluno?

No âmbito escolar, certas qualidades do professor como paciência, dedicação, vontade de ajudar e atitude democrática, facilitam a aprendizagem. Além disso, métodos didáticos que possibilitam a livre participação do aluno, a discussão e a troca de ideias com os colegas e a elaboração pessoal do conhecimento das diversas matérias, contribuem de forma decisiva para a aprendizagem e o desenvolvimento da personalidade dos educandos.

- Dislexia e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) são problemas que impedem o desenvolvimento da aprendizagem? Como reduzir os danos?

Sim, pois esse déficit sem tratamento torna-se um tormento para o educando, professores e família. Promovendo atendimento multidisciplinar.

- Quando há um diagnóstico, qual a importância da contribuição da família para o tratamento ou até mesmo a recuperação?

É de suma importância que a família acolha o tratamento e principalmente não relute quanto à aceitação do transtorno. Dando assim, ao indivíduo, qualidade de aprendizagem e porque não, de vida, dentro de uma sociedade cheia de cobranças permitindo assim, que esse indivíduo prossiga em sua vida acadêmica de forma tranquila e prazerosa.

- Qual a relevância do trabalho multidisciplinar para casos de paralisia cerebral?

O trabalho multidisciplinar proporciona valiosa colaboração entre as diferentes áreas de atuação, permitindo agregar maiores conhecimentos e estimulando nosso pensamento sistêmico. O desenvolvimento de trabalhos em conjunto abrangendo as diversas entidades pode auxiliar diretamente na qualidade de vida, prevenção de doenças e manutenção da saúde dos atendidos. Independentemente do tipo de trabalho desenvolvido nas instituições, nota-se que a proximidade de pessoas preocupadas com a saúde e o bem-estar dos portadores de deficiências, já exerce um efeito muito benéfico tanto para os alunos quanto para sua família. Eles se sentem valorizados e acolhidos. E isso é um fator facilitador para que tudo discorra a incorporação deste indivíduo na sociedade e no âmbito escolar.

- Os jogos eletrônicos têm sido usados em tratamentos para crianças com diagnóstico de TDHA. Essa ferramenta tecnológica pode realmente ser válida? Qual a sua opinião sobre esse tema?

Sim. Essa ferramenta pode ser válida e muito preciosa para o professor que tem papel de mediador da aprendizagem e orientador da produção da criança. O estímulo deve ser o foco do trabalho. O acompanhamento efetivo é importante para dar segurança ao aluno. A relação adequada entre aluno/professor é de suma importância para que haja aprendizagem. O professor deve estar atento às dificuldades apresentadas. O transtorno afeta vários aspectos da vida da criança. Com a utilização da tecnologia, o educando pode apresentar melhoras em alguns sintomas, podendo ajudar no entendimento dos conflitos em suas percepções, na compreensão do diferente e uma melhor aceitação das várias situações-problemas. E assim se apresentam respostas positivas através do uso da tecnologia. Faço o plano de aula com atividades que atraem a atenção do aluno portador de TDAH, estimulando-o para o processo de ensino.

- Ainda sobre jogos, sabemos que existem muitos casos de comportamento agressivo relacionados ao games. O quanto esses jogos podem influenciar de forma negativa as relações sociais dessas crianças e adolescentes?

Sim, pois essa mesma ferramenta que nos traz múltiplos benefícios se utilizada de formas evasivas, aleatórias e sem controle, pode levar as consequências trágicas, agravando a situação-problema. Esse transtorno afeta vários aspectos da vida da criança, e diversos jogos com excesso de violência podem piorar muitas das situações vigentes em alguns casos. Então o professor tem papel de mediador da aprendizagem e de orientador da produção da criança assim como de sua família para em conjunto mediar e sanar dificuldades do educando.

- O número de crianças com laudo médico atestando problemas psiquiátricos tem crescido muito. O que é possível concluir com base nisso?

Podemos afirmar que devido a uma sociedade corrompida, o foco não é mais a construção de vínculos familiares, pois a prioridade atual parece caminhar para a valorização de aquisições de benefícios materiais. E os pais deixaram de ser os primeiros professores de seus filhos, pois agora esse papel foi transferido para as creches, babás e babás eletrônicas. Assim não estão sendo preparados para a realidade da vida em sociedade, a qual é repleta de regras, limites e cobranças se deparando com o encontro da chocante realidade. Os conflitos começam a afetar em um todo desse indivíduo.

- Como se poderia trabalhar com um aluno disléxico em sala de aula, sem que o mesmo fosse separado de sua turma devido ás condições impostas pela instituição?

Exercendo uma pedagogia repleta de afetividade com planejamento de se trabalhar o individual a fim de alcançar o aluno disléxico sem que o mesmo seja exposto. Realizando um planejamento carregado de realidade e uma didática afetiva, interativa, de acordo com a realidade do currículo apresentado por esse aluno, abrangendo assim, a todos os alunos presentes e mesmo atingindo o disléxico de forma individual.

- Como profissional dessa área, quais são os maiores desafios encontrados?

Quebrar barreiras ainda hoje existentes nas várias áreas da educação, sem perder o foco de realizar trabalhos quantitativos e qualitativos, exercendo o papel de um professor que faz a diferença e acredita no potencial de cada aluno que passa pela sua vida sem se perder no isolamento cultural. Acreditar sempre numa educação transformadora que prepara o aluno para sua jornada acadêmica.

- NEUROPSICÓLOGA

ENTREVISTADA: Maria do Carmo Pedrão - CRP: 06/18892

- Quais os fatores que dificultam o processo de aprendizagem?

Um conjunto de fatores que podem se dividir em duas frentes. Primeiramente, aspectos físicos ou orgânicos e segundo aspectos emocionais. Em aspectos físicos, a primeira coisa que se pensa