A Clínica e Subjetividade
Por: kamys17 • 7/11/2018 • 1.172 Palavras (5 Páginas) • 352 Visualizações
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É preciso que se tenha cuidado quanto ao uso e ao exagero dos padrões de beleza exigidos ao corpo. Além disso, o autor ainda ressalta sobre o processo de medicalização, no qual se deve estar muito atento aos medicamentos e não vê-los como a salvação para todo e qualquer “problema”. Os corpos contemporâneos são, isto sim, superexcitados, convocados à abertura, à novidade permanente, a experimentar de tudo e a cada instante mais (GIACOMEL, A.; RÉGIS, V.; FONSECA, T. M.).
A partir da leitura proposta, se pode pensar em uma maneira de marcar as categorias que constituem o sujeito. Afinal, as transformações que se revelam no campo social encontram ressonâncias em elementos psíquicos fundamentais que tecem a estruturação do sujeito. Dessa maneira, na subjetividade atual, a categoria de espaço teria substituído a dimensão da temporalização e, intimamente ligado a isso, o fato de que a dor tem sido a expensas do sofrimento, a marca dos padecimentos atuais.
Apesar de serem vistas como sinônimos, dor e sofrimento são diferentes, pois enquanto na dor o sujeito fica entregue ao excesso que o acossa, no sofrimento há a presença do outro, justamente com uma função apaziguadora face ao excesso. Paralelamente a isso, observa-se que o sujeito se defronta cada vez mais com a experiência do desalento, em que o domínio do pesadelo toma o lugar da dimensão do sonho.
Por fim, ainda há de se considerar um assunto importante: tempo e espaço, pois o sujeito atual estaria inscrito muito mais na ordem do espaço do que no registro do tempo. As relações entre as categorias do espaço e do tempo fornecem indicações importantes acerca da estruturação do sujeito. A espacialização da experiência subjetiva estaria circunscrita à hegemonia do olhar, do espetáculo, da exibição e da exacerbação da dimensão da imagem.
A inflação da imagem e a presença maciça do narcisismo trazem miragens de um eterno presente, marcado pela repetição do mesmo, apagando a temporalização e, a reboque, todo horizonte de futuro. Vive-se uma era da pressa e da aceleração que abole em uma só tacada o tempo, o futuro e o desejo, já que este último tem como condição a inscrição psíquica dos dois primeiros. A espacialização revela um sujeito não mais interiorizado na ordem do pensamento, mas o ser exteriorizado e performático que traz consigo a marca do excesso que impele para a ação e se manifesta no domínio do corpo.
REFERENCIAS
BIRMAN, J. Corpo e excesso. O sujeito na contemporaneidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
GIACOMEL, A., RÉGIS, V. FONSECA, T. M. "Que tal um banho de mar...para ativara potência política do corpo!".
PELBART, Peter Pál. Esgotamento e Criação. O avesso do niilismo: cartografias do esgotamento, 2013.
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