DISCIPLINA: INTRODUÇÃO À FONOAUDIOLOGIA
Por: Evandro.2016 • 15/12/2017 • 6.157 Palavras (25 Páginas) • 428 Visualizações
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Em sua normalidade, pode-se dizer que a deglutição começa nos lábios e termina no estômago, resultando em um processo dividido em três etapas: oral (voluntária), faríngea (involuntária reflexa) e esofágica – dependendo do autor poderá ser considerada mais uma etapa, a preparatória. Qualquer desordem ao longo do mecanismo de deglutição, poderá ser considerada como disfagia. Sendo assim, a disfagia não se trata de uma patologia, mas sim uma consequência das anormalidades na deglutição ocasionadas por doenças ou traumas, fazendo com que o paciente precise estar consciente da forma de deglutir.
A disfagia afeta a rotina do paciente podendo levá-lo às mais abrangentes complicações, como por exemplo: desnutrição, broncoaspiração, pneumonia aspirativa e sequelas. Além disso, a disfagia aumenta a morbidade e o custo devido a extensão no tempo de internamento quando não identificada, podendo levar o paciente a óbito. Assim como as consequências da disfagia podem ser diversas, o auxílio também será amplo contando com a interdisciplinaridade dos mais diversos profissionais da área da saúde como fonoaudiólogos, nutricionistas, neurologistas, pneumologistas e gastroenterologistas.
- DEGLUTIÇÃO EM SUA NORMALIDADE
A deglutição é uma função biológica complexa contínua, integrante do sistema estomatognático, coordenada integrada ao sistema nervoso central e ao mecanismo sinérgico e antagônico de ações musculares regidas por arcos reflexos. Além disso, a deglutição está presente de forma ativa no nosso organismo desde o período fetal equilibrando o volume de fluído amniótico e mais tarde estimulando o desenvolvimento facial, garantindo a sobrevivência do feto logo após ao nascimento, haja vista que propicia a sua respiração. Embora se caracterize como um processo contínuo, a deglutição é dividida em três fases para a melhor compreensão: oral, faríngea e esofágica. Alguns autores chegam a acrescentar uma quarta fase: a preparatória.
O ato de deglutir nada mais é do que o transporte seguro do bolo alimentar desde a cavidade oral até o estômago sem permitir a entrada de qualquer substância na via aérea. E para isso necessitamos de uma coordenação precisa e interação complexa entre os diversos músculos e nervos, principalmente entre as fases oral e faríngea. Sendo assim, a deglutição além de ser fundamental para a propulsão do alimento, protege os tratos respiratório e digestivo. E óbvio que para compreendê-la profundamente em suas fases precisamos ter o conhecimento prévio da anatomia das estruturas participantes.
- ANATOMIA DAS ESTRUTURAS PARTICIPANTES
- Cavidade oral
As fases da deglutição contam com a ajuda de estruturas moles e/ou duras. Começando pela cavidade oral, as estruturas envolvidas são: maxila, mandíbula, lábios, assoalho da boca, bochechas, língua, dentes, palato duro, palato mole, arcos palatoglosso e palatofaríngeo e vestíbulos.
- Faringe
Sucedendo a cavidade oral, vem a faringe conectando o nariz e a boca à laringe e ao esôfago. Funcionando como ponto de encontro entre o aparelho digestório e o respiratório. A faringe estende-se desde a base do crânio até a C VI (sexta vértebra cervical), chegando a medir 12 ou 15 centímetros, as suas paredes são formadas por três músculos constritores (superior, médio e inferior) que atuam no ato de deglutir. Além disso, a faringe é dividida em três áreas: nasofaringe, orofaringe e hipofaringe (laringofaringe).
Figura 1 – Estruturação da faringe
[pic 2]Fonte: http://dicionariosaude.com/wp-content/uploads/2014/01/Laringofaringe.jpg
A nasofaringe ou parte nasal se localiza acima do palato mole na base do crânio servindo como conexão entre a cavidade nasal e a orofaringe. A parte nasal da faringe comunica-se com a cavidade nasal através de dois coános (aberturas) e atua como um canal de ar e drenagem para o nariz, seios nasais e tuba auditiva. Além de drenar, tem a função ressonadora para a produção da voz. Na nasofaringe encontramos a cavidade da tuba auditiva, o recesso faríngeo na parte lateral e a tonsila faríngea (adenoide, quando aumentada) no teto posterior. O seu papel é limitado quanto a deglutição já que permanece fechada nesse período. Entretanto, caso haja uma hipertrofia da adenoide o fluxo aéreo pode ser obstruído, afetando a deglutição.
A orofaringe ou parte oral é o prolongamento da cavidade oral desde o arco palatoglosso até a margem superior da epiglote. A parte oral da faringe abriga entre os pilares anteriores e posteriores a tonsila palatina e posteriormente a valécula epiglótica entre a base da língua e a epiglote. Somente a partir dos 4 anos de idade com a descida da base da língua e da laringe há a formação da parede anterior da orofaringe. Durante a deglutição, a progressão do palato mole e a formação de uma faixa muscular através das fibras musculares constritoras superiores e do palato, elevam uma crista transversa (crista de Passavant) que separa a nasofaringe da orofaringe.
A hipofaringe ou laringofaringe estende-se a partir do osso hioide e conecta-se com o esôfago e a laringe, sendo assim, atua tanto como via respiratória quanto digestória. As paredes lateral e posterior da laringofaringe são sustentadas por músculos constritores médio e inferior enquanto que na parede anterior se projeta a laringe dorsalmente.
- Laringe
A laringe se situa na linha mediana do pescoço e possui três funções básicas: protetora, respiratória e fonatória. É uma estrutura complexa, triangular e formada por cartilagens, músculos e ligamentos. Dentre suas cartilagens temos três ímpares: tireóidea, cricóidea e epiglótica, e três que se apresentam aos pares: aritenóidea, cuneiforme e corniculada.
A cartilagem tireóidea é formada de cartilagem hialina e ocupa, associada aos músculos tireoepiglótico e aos músculos tireoaritenóideo em cada lado, as paredes anterior e lateral da laringe, se situando oposta à vértebra C IV. Abaixo da cartilagem tireóidea encontramos a cricóidea antecedendo à traqueia e fixando a epiglote junto com o osso hioide. Além disso, a cartilagem cricóidea articula-se com a aritenóidea estabelecendo uma articulação do tipo diartrose. As cartilagens aritenóideas são importantes devido a sua influência com relação a posição das pregas vocais, ou seja, as cordas vocais verdadeiras. Acima da aritenóidea encontramos a cartilagem corniculada
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