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O TDAH E O CONSUMO DO METILFENIDATO – A ATIVIDADE FÍSICA COMO TRATAMENTO ALTERNATIVO EM CRIANÇAS

Por:   •  24/12/2018  •  2.927 Palavras (12 Páginas)  •  506 Visualizações

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Estudos sobre o uso do metilfenidato em crianças com transtorno ressaltam que entre os efeitos adversos mais comumente relatados estão a insônia, crises nervosas, hipertensão, dores de cabeça, alterações de apetite e taquicardia (BARKLEY, 1990; EFRON, 1997). Em estudos pré-clínicos, Martins et al. (2006), levando em conta trabalhos anteriores que demonstram que “a exposição repetida a drogas estimulantes podem levar a resistentes neuroadaptações que contribuem para o desenvolvimento de outras desordens psiquiátricas”, encontrou efeitos de lesão oxidativa em cérebros de ratos jovens expostos cronicamente ao metilfenidato.

Tratamentos unicamente medicamentosos servem para reduzir a agitação de crianças com TDAH durante as aulas, porém não trazem ganhos ao desenvolvimento escolar. Estudos demonstram que intervenções não medicamentosas, no contexto psicossocial, escolar e psicoterápico são capazes de auxiliar na diminuição dos sintomas do transtorno (SAFREN et al., 2004). Atividades físicas, igualmente tratamentos combinados (fármacos + terapias), têm proporcionado grandes melhoras nas funções executivas das crianças como, resoluções de problemas, planejamento e execução de tarefas e potencialização da memória (HUANG et al., 2014; HALPERIN & HEALEY, 2011; MAHON, ANTHONY, STEPHENS, 2008).

Em um estudo com crianças com TDAH que tomavam estimulantes, Harvey e Reid (1997) constataram que o desempenho delas em aptidão física e habilidades motoras grossas estavam abaixo da média, comparando com crianças com idade e sexo correspondentes. Para Freire (1997), a ação física e a ação mental estão de tal forma associadas, que avaliar um desses aspectos isoladamente causaria grandes prejuízos, não só para a aprendizagem escolar, mas para o desenvolvimento da criança. A atividade física é uma intervenção importante, pois auxilia na diminuição do estresse, concentrar a atenção, propicia uma “válvula de escape” para a energia dessas crianças e potencializa as funções executivas dos processos cognitivos (PCN, 1997; CRAFT, 2004).

As brincadeiras e os jogos servem como meios vitais, onde as estruturas cognitivas superiores são gradualmente desenvolvidas, englobam muitos ambientes e variáveis para promover o crescimento cognitivo das crianças. A brincadeira é um instrumento que dá à criança experiência necessária ao seu desenvolvimento sensorial, motor, perceptual, cognitivo e cultural (LORENZINI, 2002).

O presente estudo justifica-se por promover uma discussão a respeito do TDAH e o Metilfenidato, pretendendo ampliar os conhecimentos acerca da atividade física como forma de tratamento alternativo e seus efeitos sobre o desempenho cognitivo de crianças com TDAH, servindo como base teórica para outros estudos nesta mesma linha de pesquisa e uma forma de conscientização sobre esse tema.

O objetivo geral deste projeto de pesquisa é analisar os efeitos de um programa de intervenção com atividade física nas funções executivas de crianças com TDAH.

METODOLOGIA

O presente projeto possui um método comparativo quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é de natureza aplicada, com caráter exploratório, procedimentos experimentais e abordagem quali-quantitativa, de modo a obter uma compreensão e explicação mais ampla do tema.

Para essa pesquisa, serão selecionadas 50 crianças na faixa de 6 a 10 anos de idade, de ambos os sexos, que estejam matriculadas no ensino fundamental I (séries iniciais) do sistema regular da cidade de Ilhéus. Como critério de inclusão essas crianças devem possuir diagnóstico clínico ou escolar de TDAH em um ou mais níveis (desatenção, hiperatividade e impulsividade, segundo o DSM-V) e façam ou não uso de tratamento medicamentoso com o Metilfenidato. Os pais das crianças selecionadas serão convidados a comparecer à escola e assinarão o TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) formulado para menores de idade, concordando com a participação e coleta de dados da criança na pesquisa.

Após a assinatura do termo de consentimento, elas passarão por uma avaliação médica, para assegurar que não apresentem algum tipo de lesão ou patologia que possa interferir no procedimento experimental. Feita a avaliação, as crianças responderão a dois questionários: a Lista de Atividade Física (LAF) e a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças III (WISC III).

O LAF é a versão validada em português do Physical Activity Checklist Interview (PACI) e é um questionário de atividade física do dia anterior, específico para crianças de 7 a 10 anos, devendo ser utilizado em dias da semana, durante o período escolar. A partir de uma lista com 21 tipos de atividades físicas com intensidade de moderada a vigorosa, as crianças relatam o tempo de engajamento em atividades físicas realizadas por 5 minutos ou mais no dia anterior (antes, durante e depois da escola), indicando também a percepção de esforço (ADAMI, 2011).

O WISC III é um instrumento clínico para avaliar a capacidade intelectual de crianças e adolescentes. É composto de vários subtestes, cada um medindo um aspecto um tanto diferente da inteligência: QIs Verbal, de Execução e o Total. Oferece ainda estimativas em índices fatoriais como Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Resistência à Distração e Velocidade de Processamento das Informações.

Em seguida, essas crianças serão divididas em 5 grupos, formando assim G1 (TDAH + Metilfenidato + Atividade Física), G2 (TDAH + Atividade Física), G3 (TDAH + Metilfenidato), G4 (TDAH) e o G5 (sem TDAH). Dois grupos (G1 e G2) serão submetidos a um programa de atividades físicas variadas (de preferência, jogos pré-desportivos) em intensidade moderada num período de seis meses, durante as aulas de Educação Física Escolar. Após o período de intervenção, todos os grupos refazem os questionários e serão avaliadas as mudanças no comportamento cognitivo e na saúde de cada um deles.

Os dados desses questionários serão registrados em protocolos estruturados, tabulados e apresentados em tabelas no programa Excel. A análise dos dados será estatística, feita a partir da frequência de ocorrência e percentuais das variáveis.

REFERÊNCIAS

ADAMI, F. et al. Confiabilidade do questionário Lista de Atividades Físicas em crianças. Revista Saúde Pública. 45(2): 321-33, 2011.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-IVTM. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre. Artmed. 4. ed. p. 151-178. 2002.

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