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RESUMO EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA Jocimar Daolio

Por:   •  28/4/2018  •  4.715 Palavras (19 Páginas)  •  348 Visualizações

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Antropologia interpretativa no quadro das antropologias

Na história da antropologia, destaca-se tradição, intelectualista e a empirista, cruzando-as com sua perspectivas caracterizando pela categoria tempo, chamando-as de sincronia e diacronia.

Na categoria tempo sincronia, as escolas Francesa (intelectualista) e Britânica (empirista), "Escola Francesa de Sociologia - Paradigma racionalista e, em sua forma moderna, estruturalista" e "Escola Britânica de Antropologia - Paradigma Estrutural-funcionalista”.

Na categoria tempo diacronia, refere-se à tradição empirista a “Escola Histórico-Cultural, fundamentada no paradigma culturalista, surgido nos Estados Unidos no final do século XIX” e a intelectualista “ à Antropologia Interpretativa, sustentada pelo paradigma hermenêutica”.

O paradigma hermenêutica tem contribuído nas últimas décadas para uma crítica da concepção cientificista que reinou na Antropologia, entretanto, não se pode afirmar que ele tenha substituído outros paradigmas.

A etnografia do pensamento,talvez o maior desenvolvimento da obra de Clifford Geertz tenha sido a proposta de uma etnografia do pensamento científico. Porque a etnografia, enquanto prática metodológica, foi criada dentro da Antropologia, por pesquisadores que, na virada do século XX, começaram a se preocupar em investigar as tribos nos locais onde elas estavam. Para Geertz (1989) esse tipo de etnografia só é possível porque os significados são passíveis de investigação empírica sistemática através dos padrões culturais. É por isso que para Geertz(1983) o pensamento não é apenas um processo, mas também um produto do próprio meio onde se vive. Por Fim, a contribuição de Geertz em propor a etnografia do pensamento acadêmico é expor as diferenças entre áreas científicas,para propiciar a compreensão de seus símbolos significantes, contribuindo assim para melhor comunicação entre elas.

A diferença entre os empreendimentos antropológicos ao longo dos séculos XIX e XX r s proposta mais recente de Geertz é que, que os estudiosos observaram os nativos de várias localidades, e agora ele considera que todos somos nativos.

Os "nativos" da Educação Física Brasileira

Seguindo a proposta de Clifford Geertz de realizar uma etnografia do pensamento científico, considerando os principais "nativos" da Educação Física no Brasil. Assim fazendo, debate acadêmico entre estes discursos que considere e respeite as diferenças, esperando contribuir para uma melhor comunicação entre eles, ao invés de se continuar numa postura passional e preconceituosa, onde um tenta se sobrepor ao outro.

A construção do debate acadêmico da Educação Física escolar Brasileira

Através de entrevistas com elementos responsáveis pelo processo de construção do pensamento científico na educação física brasileira do final da década de 70 e durante os anos 80, foi possível delinear o cenário da área e observar conteúdos das publicações antes e depois do referente período. As publicações anteriores a esse período, referiam-se principalmente as modalidades esportivas de forma técnico-tático, aos tratados de fisiologia esportiva e a manuais de preparação física. As obras que seguem a esse período começam a refletir sobre a Educação Física não somente como atividade técnica ou biológica, mas a encaram como um fenômeno psicológico e social.

Na década de 70 houve um esforço de agrupamento de uma ainda incipiente comunidade científica. Liderados pelo médico Victor Keiban Rodrigues Matsudo, um grupo de profissionais interessados principalmente na Fisiologia do Esforço e na Antropometria fundaram em 1974 o CELAFISCS, Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul, na cidade do mesmo nome, no Estado de São Paulo. O grupo que se congregou em torno do CELAFISCS e das primeiras gestões do CBCE passou a sistematizar uma produção científica, constituindo-se 29 numa nascente comunidade da área, ainda não houve nessa época o debate com outras correntes, até porque as poucas pessoas preocupadas com a pesquisa em Educação Física, se não eram desse grupo, estavam ainda dispersas.

Na área pedagógica da Educação Física, a Psicomotricidade ganhou destaque, por meio das traduções das primeiras obras de Jean Le Boulch e de sua vinda ao Brasil em 1978. Talvez a perspectiva da Psicomotricidade não tenha se consolidado como uma tendência da Educação Física pelo fato dela se confundir com outras áreas. A Psicomotricidade nunca foi de uso exclusivo da Educação Física, mas também da Pedagogia, da Psicologia e da Psicopedagogia, sem falar do início de formação de psicomotricistas, iniciada na mesma época. Ainda sim, sua contribuição e importância é reconhecida, existindo grande aceitação por parte dos professores, propiciando o sucesso que perdura até hoje.

Vale destacar que em 1984 o professor Inezil Penna Marinho, percebendo a ampliação do campo de atuação da Educação Física que se delineava, propôs uma nova denominação para ela e para seu profissional: cinesiologia e cinesiólogo, nos mesmos moldes da Psicologia e do psicólogo. Segundo ele, se a Psicologia se dedica ao estudo dos fenômenos psíquicos, a cinesiologia teria por objetivo o estudo dos fenômenos do corpo em movimento. Em que pese a falta de cientificidade da proposta do autor e a ingenuidade em achar que uma nova denominação poderia por si só transformar a Educação Física, é importante ressaltar que sua contribuição considerava a ampliação da visão que se tinha sobre a área, e que sua denominação tradicional expressava menos do que ela poderia realizar.

Um outro autor que ganhou destaque nos anos 80 foi o professor João Batista Freire. Resende (1992 e 1995) classifica sua produção como uma vertente da pedagogia humanista, devido à ênfase dada pelo autor à infância, à individualidade da criança, ao estímulo à criatividade e à liberdade individual. Ao criticar o papel alienado e alienante da Educação F’JSica ao longo da história, Freire propõe uma redescoberta do corpo, onde a Educação Física seria o carro chefe de 31 uma educação conscientizadora.

A educação da motricidade de que fala Freire se constituiria numa educação das habilidades motoras que permitem ao homem expressar-se. Se é pela motricidade que o homem se expressa e se realiza, a educação da motricidade implicaria ao mesmo tempo uma educação dos sentidos e dos súnbolos. Valorizando o conhecimento espontâneo de jogos, brincadeiras e atividades motoras que a criança possui, o autor faz uma crítica contundente à escola, comparando-a

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