OS ELEMENTOS DE FILOSOFIA E ÉTICA

...

112. Há autenticidade ideológica nos posicionamentos de Platão?

R: Sim, possui caráter ideológico, no que se refere a pregar ideias de superioridade entre uns e outros, entre os melhores e os ignorados. A exemplo, a justificação da desigualdade social é uma velha tarefa teórica dos ideólogos do escravismo grego, que pregavam que o motivo daquela condição seria a vontade divina, e por isso não poderia ser contestada. Platão chegou a proferir um mito segundo o qual, no princípio do mundo o criador escolheu homens para governar com ouro; outros auxiliares dos primeiros, com prata, e os lavradores e demais trabalhadores, com ferro e cobre, resolveu assumir a responsabilidade dessa tarefa.

113. Por que a justificação da desigualdade social era tarefa fundamental para os ideólogos do escravismo grego?

R: Tais ideólogos pregavam que o motivo daquela condição, de algumas mais fortes e outros mais fracos, de uns dominantes e outros dominados, seria a vontade divina, e por isso não poderia ser contestada. Era necessário que se criasse um novo sistema de ideias e de valores que substituíssem o velho “determinismo cósmico” e mediante divulgação contínua, convencesse a massa explorada a consciência de que a desigualdade é coisa absolutamente natural e definitiva.

114. Que mito ou lenda foi divulgada por Platão, inicialmente, como modo de justificar a divisão da sociedade em camadas hierarquizadas?

R: Platão que sempre defendera a escravidão e a estratificação social, chegou a proferir um mito segundo o qual, no princípio do mundo o criador escolheu homens para governar com ouro; outros auxiliares dos primeiros, com prata, e os lavradores e demais trabalhadores, com ferro e cobre, resolveu assumir a responsabilidade dessa tarefa.

115. Por que Platão resolve modificar as explicações sugeridas pela ideologia pitagórica a respeito da estratificação social?

R: Os ensinamentos provenientes da ideologia político-religiosa dos pitagóricos não encontraram ressonância cultural na sociedade ateniense, devido à sua padronização mística afrontar o gênio racionalista e especulativo do homem grego. Platão, por esse motivo, trata de manter o conteúdo da teoria pitagórica da estratificação social, mas lhe empresta uma nova forma conceitual de apresentação.

116. Qual a explicação platônica, de base antropológica, a respeito das diferenciações sociais dos indivíduos?

R: Platão considera que o homem traz em si três princípios vitais que lhe dirigem as ações: a razão, a emoção e os desejos, localizados, respectivamente no cérebro, no peito e nas entranhas.

Homens sábios e superiores deixam que a razão lhes governe as ações, subjugando assim os princípios inferiores da emoção e dos desejos, pois estes atrapalham a coerência das ações dos indivíduos. Há indivíduos temperamentais, emotivos e também aqueles absorvidos pelas paixões sensíveis e pelos baixos apetites, ou desejos carnais. A partir dessa diferenciação, Platão expõe que se a sociedade é a extensão maior dos indivíduos, claro está que pode igualmente ser compreendida dentro do mesmo critério divisionista.

117. A que corresponderia cada uma das almas presentes no corpo do homem, em sua dimensão social?

R: A razão, que governaria as ações dos sábios corresponderia ao cérebro, a emoção que dominaria os indivíduos temperamentais ao peito, e os desejos, que escravizariam os indivíduos absortos pelas paixões, às entranhas.

118. Qual a virtude que deveria ser ensinada a cada uma das camadas sociais?

R: Platão, atendendo a boa lógica, recomenda para cada uma das camadas, uma virtude particular. A virtude seria o conhecimento, mas apenas para a classe dirigente (filósofos e reis); aos guerreiros ensinar-se-ia a virtude da coragem, da fortaleza, e finalmente para os trabalhadores cultivar-se-ia a virtude da obediência. Essa seria a sociedade ideal platônica.

119. Por que Sócrates, equivocara-se politicamente, segundo Platão, ao propor uma única virtude para todos os indivíduos (o conhecimento)?

R: Ao articular sua argumentação em defesa da estratificação social, Platão procurar ser cuidadoso ao reformular a doutrina de seu mestre Sócrates, que definiu a virtude de todos os cidadãos como sendo o conhecimento. Platão se preocupou no caso de uma sociedade estratificada todos procurassem cultivar o conhecimento, sérios problemas políticos seriam causados, e assim surgiu com os seus três princípios.

120. Por que Platão não pode ensinar sua politeia em Atenas?

R: A democracia de Atenas não deu oportunidade a Platão de entrar em prática com seus projetos e ensinamentos. Teve de fugir de Atenas e procurar por seu desejo em outros lugares, porém, apenas se envolveu em infortúnios e fracassos, preso, vendido como escravo e libertado por duas vezes, para então tentar mais uma vez uma oportunidade de ensinar sua politeia contida em sua obra República. E pela terceira vez as coisas teriam se concluído definitiva e negativamente para ele.

121. Onde Platão teve oportunidade de ensinar suas ideias políticas?

R: Através de Dionísio, o velho, conquistou a sonhada oportunidade, isto nas proximidades de Siracusa, porém foi um fracasso, por conta dos artesões democratas que puseram os filósofos em retirada pelos seus ideais aristocratas.

122. Por que não deu certo o projeto platônico em Siracusa e qual a consequência de tais fracassos?

R: Os artesões revoltaram-se (talvez já contaminados pelos princípios democratas comum a toda Grécia) e vencendo a resistência dos guerreiros, puseram os filósofos em retirada. Fora