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O menino nao sabia

Por:   •  9/10/2018  •  1.492 Palavras (6 Páginas)  •  252 Visualizações

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Ao entrar ali, procuro a moça em meio às pessoas que estão​ fazendo suas leituras, mas não a vejo. Tenho certeza que ela entrou aqui! Logo uma mulher chega e me cumprimenta sorridente.

- Olá! Eu sou a Gina. O que pretende ler hoje? - a escuto, ainda procurando a moça.

- Bom, eu... - melhor não dizer que vim por causa da moça, que nem conheço - Eu gostaria de ler algo sobre... - penso em algo - sobre política! - é o que me vem à cabeça.

- Sim, me acompanhe, por favor! - a sigo.

Após encontrar uma revista sobre o que pedi, ela me entrega, eu a agradeço e me sento em uma poltrona individual. A moça em que avistei há pouco tempo surge por entre as prateleiras e se senta em um dos sofás. A olho sem receio por cima da revista, admirando sua concentração, suas expressões e o jeito misterioso de ser. Ela também me olha por alguns segundos, mas logo retorna à sua leitura. Não tenho interesse em ler essa revista e assim continuo observando-a. Após alguns instantes, seu olhar me encontra novamente, percebo que isso a deixou um pouco sem jeito. Intensifico meu olhar, para tentar provocar algo nela, porém ela retribuiu da mesma forma, me olhando fixamente, sem fazer alguma expressão.

Parece que já consegui mais uma. Dessa vez prefiro não ir até ela. Um bilhete é um bom meio para chamar sua atenção. Peço à Gina um papel e uma caneta, escrevendo nele um verso e alguns dizeres, dizendo que sou tímido, - isso costuma funcionar - sem esquecer, é claro, do meu contato. Deixei escrito um trecho do livro do Dan Winger, que li na época da escola e acabei gostando.

A moça não me olhou mais, talvez eu tenha conseguido intimidá-la. Antes de sair, peço um favor à bibliotecária.

- Gina? - a chamo no balcão e sem querer acabo a assustando.

- Sim! - ela responde sorridente e disfarça o susto.

- Posso pedir um favor? - a princípio ela estranhou.

- Pode sim!

- Quando aquela moça sair, - olho para ela e Gina também - entregue este papel, por favor!

- Pode deixar comigo! - ela recebe o bilhete.

- Muito obrigado! Então eu vou indo, até!

- Tenha um bom dia, ops! Uma boa tarde e cuidado para não escorregar por aí! - ela tagarela, me fazendo sorrir.

Volto para o carro e sigo em direção ao condomínio. Espero que a moça me ligue, ela é o meu próximo alvo! Sei que algumas mulheres gostam de homens românticos, então fingi ser um. Pelo que percebi, ela é uma dessas mulheres. Se não ligar, tenho certeza que posso encontrá-la novamente na biblioteca. O celular toca, me tirando do devaneio. É o Freddy.

- Oi, cara! - atendo.

-"E aí, parceiro! Preciso te contar algo, está podendo falar? "

- Pode dizer! - abro a porta do apê, curioso pela tom de voz do Freddy.

- "A loira que você pegou, entrou em contato comigo, pedindo o seu número. Não me lembro de ter passado meu número para a garota que eu estava, que é amiga dela..."

- Claro que não lembra, estávamos bêbados demais! Nem eu lembro mais dessa loira. Não passe meu contato para ela, odeio repetir mulheres! - deixo bem claro.

-"Como quiser! Bem, era só isso. Até mais!"

- Até! - desligo.

Quando as mulheres que já tive algo me procuram, logo dou um fora. Se eu aceitar outra noite, acabam se tornando pegajosas. Não gosto disso nem um pouco!

Namorar? Isso é uma coisa muito distante para mim. Para falar a verdade, não sei o que gostar de alguém, não me vejo com apenas uma mulher, não mesmo! Essa ideia já me causa arrepios! Meu negócio é pegar geral, sem me preocupar com compromissos e coisas do tipo.

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