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ENSAIO SOBRE O AMANHÃ

Por:   •  4/4/2018  •  2.028 Palavras (9 Páginas)  •  483 Visualizações

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Portanto, a premissa central do policiamento comunitário diz respeito ao papel mais ativo que o público deve exercer na obtenção da segurança, não há como a polícia arcar sozinha com a responsabilidade, o público deve ser visto como “coprodutor” da ordem em trabalho conjunto com a polícia, assim, além de ser peça fundamental para efetivar o direito constitucional à segurança, a polícia deve criar maneiras apropriadas de associar o público ao policiamento e à manutenção da lei e da ordem. (SKOLNICK; BAYLEY, 2002).

Parceria com a comunidade e resolução de problemas são os pontos cruciais do policiamento comunitário, e para isso a policia necessita desenvolver relações positivas com os cidadãos e envolvê-los nas ações que visem ao controle da criminalidade. Por outro lado a comunidade é a principal responsável pelo processo do qual são identificadas as preocupações específicas da população, neste contexto o que se procura é a ordenação de esforços em que a polícia e os diversos setores da comunidade passem a possuir responsabilidades compartilhadas.

O trabalho da polícia se torna mais fácil se o público coopera com a polícia, a maioria das informações sobre crimes e outros problemas de interesse policial vem da comunidade, por meio de vítimas, testemunhas, informantes e colaboradores. Entretanto não uma cooperação ligada a práticas passadas, essas não devem ser tratadas como medidas de polícia comunitária simplesmente pelo fato de buscar um maior envolvimento do público. O policiamento comunitário deve referir-se a programas que mudem as interações habituais entre polícia e sociedade, refletindo uma nova realizada tática e estratégica. As mudanças programáticas quando se examina a experiência de polícia comunitária ao redor do mundo, em que se vê ação, ao invés de apenas teorizar acerca do tema, tendem a seguir quatro normas:

1. Orientar a prevenção do crime tendo como base a comunidade; 2. Reorientar as atividades de patrulhamento para enfatizar os serviços não emergenciais; 3. Aumentar a responsabilização das comunidades locais; 4. Descentralizar o comando. (SKOLNICK; BAYLEY, 2002, pg. 19).

Segundo Trojanowicz, a Polícia, a Comunidade, as Autoridades Cívicas, os Estabelecimentos Comerciais, a Mídia e outras instituições (justiça, saúde, educação, etc.), são os “Seis Grandes” que devem ser identificados e quando trabalhados em conjunto devem assegurar o êxito das medidas de policiamento comunitário. Essa é uma construção que visa ao futuro, haja vista que fornece à comunidade um serviço de polícia descentralizado e personalizado (contato diário, direto e pessoal com as pessoas que servem, em uma área bem definida de patrulhamento), em que a própria polícia deve reconhecer que a mudança e a imposição de ordem na comunidade não devem ser de fora para dentro, mas sim que as pessoas se mostrem encorajadas a lembrar da polícia como um elemento a auxiliá-las a resolver os problemas da sociedade, não funcionando como uma tática, e sim como uma filosofia. (TROJANOWICZ; BUCQUEROUX, 1999).

Essa filosofia é o que se espera de uma polícia voltada ao futuro, trazendo diversos benefícios à comunidade na busca de suprir o atual e falho sistema de segurança pública. Os possíveis benefícios que o policiamento comunitário poderá trazer ao público estão a possibilidade de melhorar a prevenção do crime, o policial também passará a ter uma maior atenção com o público, e neste sentido aumentará sua responsabilização perante a comunidade, e o encorajamento de recrutar minorias e mulheres para o trabalho policial.

Quanto à prevenção do crime, Cingapura é um exemplo excepcional, a Força Policial testou e avaliou o sistema de policiamento japonês koban, e ficaram impressionados com os resultados no tocante à prevenção do crime, sensação de segurança e uma melhor relação polícia e comunidade, principalmente em relação às áreas adjacentes, e decidiram então adotar um sistema de policiamento fundado em Postos de Polícia de Bairro e Grupos de Vigilância de Bairro. Em síntese, na seara do policiamento comunitário, Cingapura representa um dos programas mundiais mais bem-sucedidos e ambiciosos existentes no mundo. (CERQUEIRA, 2001).

Cumpre ressaltar que as medidas de polícia comunitária oferecem benefícios significativos também para a própria polícia, quais sejam, benefícios políticos, apoio popular, aumento do moral policial, consenso entra a polícia e o público, desenvolvimento e estatura profissional da polícia ao ampliar as qualificações exigidas para exercer o policiamento comunitário. Todo o sucesso trazido com o policiamento comunitário fará com que a polícia seja reconhecida como os agentes de mudança de visão, no momento que se levar à diminuição dos índices de criminalidade, a polícia ficará com os créditos e consequentemente crescerá politicamente. (SKOLNICK; BAYLEY, 2002).

Todavia, há discussão quanto às deficiências que esse policiamento comunitário pode trazer, no Brasil principalmente, a corrupção se mostra como uma mazela enraizada ao longo de nossa história, o que poderá ser agravada na seara policial com as oportunidades que o policiamento comunitário criará. O fato de colocar a polícia mais próxima das pessoas e ao mesmo tempo descentralizar o policiamento significa menos controle das atividades diárias por parte dos supervisores o que daria origem às oportunidades de corrupção. Porém, apesar de a corrupção estar institucionalizada independente do policiamento comunitário, espera-se que para ele o resultado seja distinto, haja vista que tem sido iniciado pelos executivos e estudiosos das forças policiais que ostentam a reputação de serem os melhores profissionais, são aqueles indivíduos que dedicam seu tempo a realmente estudar a polícia.

Por fim, basicamente o policial não pode agir somente quanto é chamado pelo central de atendimento, o policial deve proceder a ações inteligentes no sentido de obter informações qualificadas para prevenir ou reprimir ilícitos. Não há forma rígida de fazer polícia comunitária, entretanto se deve assumir uma filosofia para que ao invés de o policial atuar desnorteado no seu dia-a-dia, tenha condições concretas de desenvolver seu trabalho.

No policiamento ostensivo a pé, policiamento a cavalo ou bike-patrulha, ou até mesmo no policiamento preventivo realizado em viatura, o policial, durante o serviço, não tem custo nenhum à função, o fato de descer de sua viatura para indagar a comunidade acerca dos problemas que assolam a sua região, com certeza, de início haverá resistência por parte da sociedade, porém a continuidade do trabalho

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