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O MOVIMENTOS QUE EDUCAM: DA EDUCAÇÃO DO CAMPO AO CAMPO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Por:   •  3/12/2018  •  6.891 Palavras (28 Páginas)  •  340 Visualizações

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Assim o artigo que trata da temática; Movimentos que Educam: da educação do campo ao campo dos movimentos sociais tem como objetivo geral ressaltar aproximações entre educação do campo, movimentos sociais e sindicalismo rural. E como objetivos específicos abordar a educação do campo como um caminho cercado de lutas e conquistas, evidenciar os movimentos sociais e educação do campo como caminhos que se cruzam e identificar o sindicalismo rural como um aliado forte dos interesses dos povos do campo.

O mesmo está dividido nas seguintes partes: primeiro abordar um breve histórico da educação do campo a seguir trata da estreita relação entre movimentos sociais e educação do campo para depois expor sobre a importância que o sindicalismo rural tem para os povos do campo e para finalizar traz como lócus da pesquisa o sindicato rural da Comunidade de Areias Alvas, tendo como representante o senhor Antônio Eudes Pereira, no Município de Grossos – RN, Brasil.

A justificativa parte do pressuposto que a educação do campo juntamente com os movimentos sociais são fundamentais para que os sujeitos tomem consciência dos processo de transformação que sua realidade enseja. Além disto, este estudo busca contribuir com a luta histórica dos povos do campo, fortalecendo a contra hegemonia tão necessária na atualidade.

2. EDUCAÇÃO DO CAMPO UM CAMINHO CERCADO DE LUTAS E CONQUISTAS

Percebemos que durante décadas a educação básica destinada às classes populares do campo, sempre esteve vinculada a um modelo “importado” da educação urbana. Sendo que esse tratamento teve um fundo de descaso e subordinação dos valores presentes no meio rural e marcava uma inferioridade quando comparado ao espaço urbano. Dessa forma o campo encontrava-se estigmatizado na sociedade brasileira e os preconceitos, estereótipos e outras conotações multiplicavam-se cotidianamente. Essa constatação foi mencionada por Leite (1999, p. 14) na seguinte observação:

A educação rural no Brasil, por motivos socioculturais, sempre foi relegada a planos inferiores e teve por retaguarda ideológica o elitismo, acentuado no processo educacional aqui instalado pelos jesuítas e a interpretação político-ideológica da oligarquia agrária, conhecida popularmente na expressão: “gente da roça não carece de estudos”. Isso é coisa de gente da cidade.

Por outro lado, os movimentos sociais defendem uma nova visão para o campo, não sendo mais apenas uma concentração espacial geográfica. Mais sendo o mesmo um cenário de lutas e embates políticos. E tendo a sua valorização como o ponto de partida para uma série de reflexões sociais. Nesse contexto, o homem e a mulher do campo, são entendidos como sujeitos historicamente construídos a partir de determinadas sínteses sociais específicas e com dimensões diferenciadas em relação aos grandes centros urbanos. Assumir essa premissa pressupõe colaborar com a afirmação da inadequação e insuficiência da extensão da escola urbana para o campo (MARTINS, 2009).

Arroyo & Fernandes (1999) na Articulação Nacional Por Uma Educação Básica do Campo, enfatizaram que o termo “campo” é resultado de uma nomenclatura proclamada pelos movimentos sociais e deve ser adotada pelas instâncias governamentais e suas políticas públicas educacionais, mesmo quando ainda relutantemente pronunciada em alguns universos acadêmicos de estudos rurais.

Historicamente percebemos que a criação do conceito de educação escolar no meio rural esteve vinculada à educação “no” campo, descontextualizada, elitista e oferecida para uma minoria da população brasileira. Porém, na atual conjuntura, a educação “do” campo, estreita laços com inúmeros projetos democráticos que contribuem para o fortalecimento da Educação Popular. (ARROYO, FERNANDES; 1999; MOLINA, 2006)

Percebe-se também que a superação da educação rural vista apenas como uma formação mercadológica e a recente concepção de educação do campo foram constituídas por uma longa trajetória de lutas e discussões no interior dos movimentos sociais, das entidades, representações civis, sociais e dos sujeitos do campo. A mudança na compreensão desse conceito reflete muito mais do que uma simples nomenclatura. Ela é o resultado de um olhar na busca pelos direitos sociais e na defesa da seguinte trilogia: educação, sociedade e desenvolvimento, fatores indispensáveis para a concretização de projetos políticos pedagógicos que busquem encarar a realidade e atender as necessidades das populações do campo. Sendo assim, essas são ações que pressionam as lideranças governamentais na criação e organização de políticas públicas para os trabalhadores e trabalhadoras do campo. (SOUZA; REIS, 2009; MOLINA 2006).

Mesmo com a aprovação da Constituição de 1988 e do processo de redemocratização do país, um grande debate é feito em torno dos direitos sociais da população campesina, ao mesmo passo em que se consegue aprovar políticas de direitos educacionais bastante significativas, consolidando o compromisso do Estado e da sociedade brasileira em promover a educação para todos, respeitando suas singularidades culturais e regionais. Em sintonia com essas concepções foram elaboradas e implementadas reformas educacionais que desencadearam alguns documentos fundamentais, dentre eles: a Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, 9394/96.

A partir da concepção de uma educação para todos e a implementação da nova LBD, conquista-se o reconhecimento da diversidade e singularidade do campo, uma vez que vários instrumentos legais estabelecem orientações para atender esta realidade de modo a “adequar” as suas especificidades, como exemplificam os artigos 23, 26 e 28, que tratam tanto das questões de organização escolar como de questões pedagógicas. A LDB 9.394/96 em seu artigo 28 estabelece as seguintes normas para a educação no meio rural:

Na oferta da educação básica para a população rural, os sistemas de ensino proverão as adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente:

I- conteúdos curriculares e metodologia apropriada às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural;

II- organização escolar própria, incluindo a adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III- adequação à natureza do trabalho na zona rural. (BRASIL, 1996).

No artigo, podemos observar alguns avanços

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