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O Método Cientifico

Por:   •  20/8/2018  •  2.624 Palavras (11 Páginas)  •  238 Visualizações

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Ainda que o pensamento individual contenha chaves de entendimento necessárias à compreensão do social, eles possuem diferenças. “O pensamento coletivo inteiro, em sua forma e em sua matéria, deve ser estudado em si mesmo, por si mesmo, com o sentimento do que ele tem de específico, e cabe deixar ao futuro a tarefa de saber em que medida ele se assemelha ao pensamento individual (p.26).”

Ainda que não tenha materialidade própria, trata-se de uma coisa exteriorizada pelos homens que situa-se acima dos próprios homens, exercendo sobre eles pressão coercitiva, sentida de forma consciente ou não. “consistem em maneiras de fazer ou de pensar, reconhecíveis pela particularidade de serem capazes de exercer sobre as consciências particulares uma influência coercitiva (p.27).”

Tratar os fatos sociais como coisas, não significa dar-lhes materialidade independente de seu sujeito, mas uma forma de aproximar-se do seu sentido de existir, da sua proposição lógica.

“as maneiras coletivas de agir e de pensar têm uma realidade exterior aos indivíduos que, a cada momento do tempo, conformam-se a elas. São coisas que têm sua existência própria. O indivíduo as encontra inteiramente formadas e não pode fazer que elas não existam ou que sejam diferentes do que sào; assim, ele é obrigado a levá-las em conta, sendo mais difícil (nào dizemos impossível) modificá-las na medida em que elas participam, em graus diversos, da supremacia material e moral que a sociedade exerce sobre seus membros (p.29).”

“os fenômenos sociais, embora não sejam materiais, não deixam de ser coisas reais que comportam o estudo. [...] eles existem de uma forma definida, que têm uma maneira de ser constante, uma natureza que não depende do arbítrio individual e da qual derivam relações necessárias (p.30).”

Capítulo I – O que é um fato social?

São maneiras de agir, de pensar e de sentir que se sobrepõem à consciência individual quer ela queira ou não, isto é, são forças imperativas da realidade objetiva que se impõe de forma independente. “a maior parte de nossas idéias e de nossas tendências não é elaborada por nós, mas nos vem de fora, elas só podem penetrar em nós impondo-se; eis tudo o que significa nossa definição. Sabe-se, aliás, que nem toda coerção social exclui necessariamente a personalidade individual (p.4).”

Desta forma, é um fenômeno coletivo, pois é comum a todos os membros da sociedade: “recebemo-las e adotamo-las porque, sendo ao mesmo tempo uma obra coletiva e uma obra secular, elas estão investidas de uma particular autoridade que a educação nos ensinou a reconhecer e a respeitar. Ora, cumpre assinalar que a imensa maioria elos fenômenos sociais nos chega dessa forma (p.9).”

Capítulo II - Regras relativas à observação dos fatos sociais

O fato social é compreendido a partir da exterioridade, isto é, à medida em que eu consigo separá-lo dos sujeitos que o conceberam, tratando-o como uma coisa. “é preciso estudá-los de fora, como coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a nós. Se essa exterioridade for apenas aparente, a ilusão se dissipará à medida que a ciência avançar e veremos, por assim dizer, o de fora entrar no de dentro (p.28).”

Outro aspecto fundamental para a compreensão do fato social é o abandono sistemático das prenoções, isto é, se libertar das falsas evidências que se apresentam com frequência vinculadas à coisa. “Ao proceder dessa maneira, o sociólogo, desde seu primeiro passo, toma imediatamente contato com a realidade. Com efeito, o modo como os fatos são assim classificados não depende dele, da propensão particular de seu espírito, mas da natureza das coisas (p.37).”

Capítulo III - Regras relativas à distinção entre normal e patológico

Este critério estabelece a distinção entre o que é e o que deveria ser. Em outras palavras, só é possível examinar uma manifestação patológica (o que deveria funcionar de outro modo), quando há elementos suficientes para criar uma generalidade – explicação das causas e funções dos fenômenos normais. “Essa generalidade é ela mesma um fato que tem necessidade de ser explicado e que, para tanto, reclama uma causa. Ora, ela seria inexplicável se as formas de organização mais difundidas não fossem também, pelo menos em seu conjunto, as mais vantajosas (p.61).”

“Uma vez que a generalidade, que caracteriza exteriormente os fenômenos normais, é ela própria um fenômeno explicável, compete, depois que ela foi diretamente estabelecida pela observação, procurar explicá-la. Certamente podemos estar seguros de antemão de que ela tem uma causa, mas o melhor é saber com precisão qual é essa causa. Com efeito, o caráter normal do fenômeno será mais incontestável se demonstrarmos que o sinal exterior que o havia revelado a princípio não é puramente aparente, mas sim fundado na natureza das coisas; em uma palavra, se podemos erigir essa normalidade de fato em normalidade de direito (p.61).”

“Ora, é importante que, desde o início da pesquisa, se possam classificar os fatos em normais e anormais, ressalvando-se alguns casos excepcionais, a fim de poder atribuir à fisiologia e à patologia os respectivos domínios. Em seguida, é em relação ao tipo normal que um fato deve ser considerado útil ou necessário para poder ele próprio ser qualificado de normal (p.64).”

Capítulo IV – Regras relativas à constituição dos tipos sociais

A partir da distinção entre normal e anormal, habilita-se que a sociologia se dedique à investigação das espécies/tipos sociais. Isto porque “cada povo tem sua fisionomia, sua constituição específica, seu direito, sua moral, sua organização econômica que convêm só a ele, e toda generalização é praticamente impossível (p.77).” Desta forma, permite-se classificar as sociedades a partir da diferenciação dos seus graus de complexidade.

No entanto, “sabe-se, com efeito, que as partes constitutivas de que é formada toda sociedade são sociedades mais simples do que ela. Um povo é formado pela reunião de dois ou vários povos que o precederam. Portanto, se conhecêssemos a sociedade mais simples que até hoje existiu, precisaríamos apenas, para fazer nossa classificação, seguir a maneira como essa sociedade se compõe consigo mesma e como seus compostos se compõem entre si (p.82).”

“Há portanto espécies sociais pela mesma razão que existem espécies em biologia. Estas, com efeito,

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