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Sociologia

Por:   •  16/4/2018  •  1.479 Palavras (6 Páginas)  •  310 Visualizações

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Cabe destacar, ainda, em relação à crise da Modernidade, que seus efeitos diretos na esfera político-econômica mundial que ficaram conhecidos como globalização ou mundialização, também se estenderam para outras dimensões da realidade social, particularmente no seio das camadas populares das nações periféricas. As transformações no perfil das religiões, bem como as mudanças de comportamento verificadas entre os religiosos brasileiros, mais particularmente os evangélicos pentecostais e neopentecostais, corroboram, assim, a idéia de um esgotamento da capacidade do Estado em prover condições mínimas de sobrevivência para as populações mais carentes economicamente e, na mesma medida, uma progressiva desilusão dessas populações com a democracia e com os atores políticos. Dessa forma, essas camadas populacionais vêm sendo seduzidas por promessas de ascensão social imediata e sem esforços através de uma relação utilitarista e mercadológica com o Divino.

Secularização, pós-modernidade e globalização

Outro tipo de crítica que se faz às abordagens sobre secularização diz respeito ao fato de que se trata de uma teoria “ad hoc” para um contexto de modernidade em que o objetivo era explicar como e por que diminuía a influência religiosa na vida social. Em um contexto pós-moderno, o problema é oposto, ou seja, procuram-se entender e compreender as causas e as tendências desta espécie de “ressurgimento religioso”, “ressacralização” ou no sentido weberiano do “reencantamento”. Refletirmos sobre essas abordagens implica em definir, mesmo que brevemente, o que se entende por pós-modernidade e a nova configuração que a religião tem experimentado nesse lugar.

O projeto moderno de uma sociedade autônoma, racionalizada e secularizada representaria o resultado de um avanço importante da civilização ocidental e estaria sendo ameaçados pela desprivatização das religiões e, principalmente, pelo recrudescimento dos chamados “fundamentalismos”. A crise da modernidade teria sido desencadeada pela ampliação do raio e profundidade de alcance da cultura e da economia capitalistas, através da globalização, e pela velocidade acelerada de disseminação das novas tecnologias, especialmente das tecnologias de informação e comunicação. A nova onda de misticismo, o retorno do sagrado ao espaço público e a aparição de dezenas de grupos fundamentalistas étnicos e religiosos são vistos, nesse caso, como uma reação de indivíduos e grupos tradicionais diante do que eles perceberiam como uma ameaça do mundo moderno à integridade de suas identidades. Em especial, os movimentos religiosos baseados em intensa carga emocional, os que mais abundam hoje, são altamente adaptáveis às condições do novo contexto: carecem de pontos fixos de referência, tradição ou autoridade; apostam mais na experimentação do que na crença, são sincréticos por natureza e não se estruturam mais em torno do eixo “transcendência/imanência”, em torno de um eixo horizontal: “sentido/sem sentido”, “vida/morte”, “saúde/doença” etc.(Rubio, 1998, p. 20).

A religião na globalização

Na sociedade global coexistem diversas formas sociais de religião (institucionalizada, politizada, fundamentalista, invisível, emocional etc.), contudo, nem todas possuem as mesmas condições de plausibilidade. Enquanto a religião institucionalmente organizada encontra-se em um contexto desfavorável devido ao pluralismo e seus efeitos relativistas e sincréticos, as outras, sobretudo a religião “individual-emocional”, têm ali um ambiente mais conveniente (Beyer, 1999, pp. 296-297). No entanto, já que a dinâmica da globalização não opera sozinha, mas está em permanente interação e tensão com o plano “local” (em que a religião desempenha papel de enraizamento importantíssimo), resta a tarefa de estudar casos concretos sobre a influência religiosa nas sociedades da modernidade tardia e globalizada.

CONCLUSÃO

O debate sociológico contemporâneo a esse respeito revelou que, embora muitas das primeiras teorias de secularização tenham sido concebidas com base no viés iluminista, estas teorias mostraram uma série de mudanças sócio-estruturais, como a diferenciação institucional e o pluralismo, que tornaria irreversível a descentralização e o deslocamento experimentado pela religião nos processos de modernização, inclusive nas condições atuais da modernidade radicalizada e globalizada que assiste ao ressurgimento e à revalorização da religião. Outro aspecto relevante do debate sociológico contemporâneo sobre a religião concerne à utilidade analítica das reflexões sobre a secularização em um contexto de modernidade globalizada para explicar a desterritorialização das identidades religiosas, a formação de comunidades transnacionais “imaginadas” e o efervescente sincretismo da grande maioria das religiões. Sem dúvida a teoria da secularização se confrontará continuamente com investigações empíricas que lhe permitam revisar seus pressupostos, ajustar seu marcos explicativo e facilitar, desse modo, uma melhor compreensão de nossas sociedades.

BIBLIOGRAFIA

BURITY, Joanildo. Religião e política na fronteira: desinstitucionalização e deslocamento numa relação historicamente polêmica. Rever – Revista de Estudos da Religião, n. 4, p. 27-45, 2001. Disponível em: . Acesso em: 02 maio. 2016.

MAIA, Eduardo Lopes Cabral. Os evangélicos e a política. Em tese, Revista eletrônica dos pós-graduandos em Sociologia Política da UFSC, v. 2, n. 2, ago./dez. 2006, p. 91-112. Disponível em: . Acesso em: 25 maio. 2016.

NUNES, Élton de

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