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A Diáspora

Por:   •  26/11/2018  •  2.197 Palavras (9 Páginas)  •  360 Visualizações

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As famílias mantiveram memoria de suas genealogias, de suas pertenças tribais e de seus títulos de propriedade, com listas que serão utilizadas no momento do regresso. Continuaram a observar o sábado, à auscultar na boca dos profetas a mensagem que vinha de Deus, continuaram a fazer referencia ao Templo de Jerusalém sem o substituir por outros locais e por fim, continuaram a confiar na “casa de Davi” em vista de uma futura próxima restauração.

- DEPORTADOS E EMIGRADOS

A diáspora se empliar com os grupos deportados para a Babilônia. Paralelamente, existiam grupos que se encontravam em países estrangeiros após escolhas pessoais ou de grupo, mais ou menos livres ou forçadas por eventos e premências politicas ou econômicas.

A documentação mais consistente vem de um importante lote de documentos aramaicos encontrados várias vezes em Elefantina no Alto Egito. Os judeus de Elefantina tinham formas de autogoverno, e podiam praticar os próprios cultos e aplicar as próprias normas jurídicas. Veneravam em primeiro lugar o Deus dos Judeus, observavam o sábado e festejavam a Pascoa, mas também veneravam divindades sincréticas ou totalmente estrangeiras.

A existência do templo de Deus não implica, que a chegada dos colonos judeus seja mesmo anterior às reformas de Josias, mas sim que tais reformas tinham sido aceitas somente pelo filão predominante entre os exilados. Também a comunidade de Samaria tinha seu templo e contestava as pretensões monopolistas de Jerusalém.

- QUEM É O RESTO?

Paralelamente à determinação de estratégias contrapostas entre os vários grupos da diáspora, estabeleceu-se também uma polêmica entre os grupos de exilados e grupos de remanescentes sobre os respectivos direitos a ser considerados os autênticos herdeiros da nação judeu-israelita. A questão não é abstrata, porque o autêntico “resto” poderá e deverá servir como base de partida, como núcleo forte para uma reconquista nacional.

O conceito de resto está bem presente nos textos assírios e também babilônios para indicar os sobreviventes, os que escaparam Às destruições e matanças e também às deportações imperiais. O termo não tem por si só um valor técnico, indica a parte da população cujo destino não foi ainda descrito e é somente a habitual cadeia narrativa que faz que resto se refira normalmente aos sobreviventes. Portanto, esse resto pode ser aquele que foi deixado no lugar, mas pode ser também o deportado.

Os remanescentes consideram obvio serem eles o resto, os deportados foram punidos por Deus e eram portanto culpados, e com isso o afastamento deles purifica a terra, impede que os figos podres façam apodrecer também os figos bons. Há uma forte carga polemica na subversão que os expoentes dos deportados fazem dessas afirmações quando afirmam serem eles o verdadeiro resto e dizem implicitamente que a questão não é de posse material dos campos, mas de bem outro nível ético e político. Possuir a terra não prova nada, se acompanhado de idolatria e de concessão ao ambiente circunstante. O título válido para posse da terra não é constituído pelo fato banal de ali estar, mas pelo pacto estipulado no devido tempo por Deus.

- O PROFETISMO DO RETORNO E A “NOVA ALIANÇA”

Para os exilados babilônios, os fatores de consolidação nacional foram sobretudo dois: as mensagens proféticas, projetadas para um futuro de retorno e de reconstrução, e o trabalho historiográfico, voltando para a reescrita do passado. Na pregação de Ezequiel, ao lado dos enunciados de valor geral encontram-se as sugestões para uma estratégia politicamente mais precisa.

Essa visão pan-israelita, que tem suas raízes já no período pré-exilico na presença de refugiados do norte entre escribas e sacerdotes, vinha-se fortalecendo pela convergência sobre o núcleo babilônio das expectativas da diáspora mais geral, até assíria. A restauração nacional deverá fundar-se sobre a “casa de Davi”.

A questão sobre o velho pacto o qual remodelar o novo apoia-se na questão do velho templo hierosolimitano, sobre cujo modelo deverá surgir o “novo templo”, que é o eixo das expectativas salvificas de Ezequiel. Em poucos decênios, o projeto de Josias de unificar o ex-Israel a Judá mediante a expressão desse ultimo reino, tornou-se um projeto totalmente novo de total refundação, de paritética unidade e de centralidade do templo. Na verdade, a visão universal do profeta exigia um rei-messias de cunho supranacional e de modo mais trivial, com a aproximação das armadas persas, chegara o momento de profetizar a queda da Babilônia.

- AS NOVAS TEOLOGIAS

A crise nacional comportou, portanto, uma reflexão bem radical não somente sobre as estruturas políticas, mas também sobre as teológicas. É a chamada teologia de Sion, que de modo menos críptico podemos definir como a teologia da presença e que era compartilhada tradicionalmente por todas as culturas do Oriente.

Evidentemente, o desastre nacional, a dispersão da comunidade e em particular a destruição do templo de Jerusalém trouxeram problemas: não somente os problemas teológico-morais de compreender as causas do desastre e do abandono divino, mas também o problema mais tecnicamente teológico de encontrar para Deus uma situação que não podia mais ser o templo de Sion.

Nos projetos de restauração, tomaram corpo duas novas teologias: a teologia do nome, própria da corrente deuteronomista, e a teologia da gloria. A teologia do nome está ligada à expressão estabelecer nome num certo lugar. A concepção da teologia da glória que também tem origem na fraseologia real e que assume também a materialização como uma luminosidade expressiva, declara que a a divindade ao conferir ao rei a realeza garante-lhe também o poder e a vitória sobre os inimigos.

O calendário de culto passou por mudanças significativas, em particular relacionadas com o que se disse até aqui. O calendário pre-exilico, com o inicio do ano no outono, estava centralizadona celebração da vitória de Deus sobre as forças do caos, já no calendário do exilio e pós-exilico, o inicio do ano se dava na primavera e adquire proeminência a celebração pascal do êxodo.

- A HISTORIOGRAFIA DEUTERONOMISTA E OS MODELOS BABILONIOS

Não é difícil observar que a trajetória histórica considerada se divide em duas partes muito diferentes entre si: desde a conquista de Salomão temos narrativas até muito detalhadas e dramáticas,

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