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O Cristianismo e piedade

Por:   •  25/12/2018  •  5.191 Palavras (21 Páginas)  •  488 Visualizações

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Vemos na vida de Daniel, Misael, Azarias e Ananias, os quatro jovens levados cativos para Babilônia por Nabucodonosor nos dia do cativeiro de Jerusalém, que todos os terríveis acontecimentos que os envolveram não suprimiram a fé em seus corações. Eles foram afastados bruscamente de tudo que lhes lembravam Deus, Jerusalém, o templo e o culto, também foram inseridos numa cultura totalmente pagã, também tiveram seus nomes mudados (Dn.1.7). Daniel, cujo significado hebreu do seu nome era “Deus é meu juiz”, foi mudado para “Bel protege o rei”, da mesma forma os demais também tiveram os seus nomes trocados. Foi-lhes imposto comer da mesa do rei, comida essa que geralmente era consagrada aos ídolos e preparada com ingredientes proibidos pela lei de Moisés, mas recusaram o alimento. Eles preferiram sofrer o dano decorrente dessa decisão do que transgredir os mandamentos. Daniel tinha conhecimento da lei de Deus (Dn.9.1-2) e seu caráter, assim como o caráter dos seus amigos fora forjado por ela, e apesar de não tê-la impressa em suas mãos, ela estava impressa em seus corações. Esse conhecimento era revelado em todas as suas ações práticas. Na vida deles o homem piedoso é retratado como, “bondoso, devoto e cumpridor de deveres”, que vivencia uma fé integral exercida independente do lugar ou situação onde se encontra.

Na Babilônia, Daniel é convocado para interpretar um sonho do rei Nabucodonosor, que estava em grande agonia e não tinha contado o sonho a nenhum de seus magos, encantadores e feiticeiros, mas mesmo assim cobrava de todos que lhes contassem o sonho e lhes dessem a interpretação, mas, todos fracassaram. Quando Daniel se apresentou para interpretar o sonho do rei, mesmo sabendo que estava diante do soberano do mundo de então e que este tinha poder para mandar matá-lo imediatamente, não hesitou em afirmar ao rei sua fé num Deus que era em tudo superior ao rei, seus ídolos, seus sábios e até sobre os mistérios que eram impossíveis aos homens conhecer e que a capacidade que ele possuía para interpretar os sonhos vinha de Deus (Dn.2.27-28).

Com a morte de Nabucodonosor, o reino enfraquece e é invadido pelo império da Média e da Persa. O rei Dario assume o governo e os que invejavam a Daniel procuraram destruí-lo nesse período de transição, mas tiveram que reconhecer que sua integridade era um empecilho (Dn.6). Mudou o governo, mas suas atitudes não mudaram, ele orava três vezes ao dia na direção de Jerusalém e por descumprir a lei que não permitia adorar outros deuses além dos da Babilônia, ele iria ser lançado aos leões (Dn. 6.10), mas temia mais a Deus do que a qualquer soberano ou a própria morte.

Postura semelhante tiveram os seus amigos ante o edito do rei Nabucodonosor, o qual determinava que todo habitante do império deveria prostrar-se diante de sua estátua e adorá-la, o que recusasse seria morto (Dn 3.4-6). Eles preferiram morrer a trair a sua consciência e pecar, pois aprenderam na Lei, que só deveriam se prostrar diante de Deus. Eram homens cuja fé tinha por base a Palavra de Deus e eles não conseguiam colocar a sua vida acima Dela (Dn.3.17-18). Não havia lugar onde mudassem de comportamento, eles se conduziam pelo que criam (Dn.2.26-28). Essa é a verdadeira piedade decorrente de fé Bíblica.

Assim como José, Daniel e seus amigos, muitos personagens bíblicos servem de referências do que é ser verdadeiramente piedoso e nos legam exemplos de fé, obediência e piedade. Mas, só um foi considerado pelo próprio Deus “O homem segundo o meu coração”: Davi, o maior rei de Israel (I Sm. 13.14). São muitas as virtudes e qualidades que a Bíblia descreve acerca deste homem. Nele encontramos humildade, sinceridade, e, acima de tudo, um coração voltado para Deus. Até mesmo quando ele fracassou, nos ensinou lições importantes como arrependimento sincero, confissão e uma fé inabalável no perdão de Deus. A descrição de sua vida na Bíblia dá-nos a entender o quanto ele amava a Palavra de Deus. No salmo 119 ele nos mostra 176 vezes o seu amor pela lei do senhor e o quanto aspirava obedecê-la. “Oh quanto amo a tua lei [...] Escondi-a em meu coração para não pecar conta Ti [...] Induzo o coração a guardar os teus decretos, para sempre, até o fim (Sl.119 . 97,11, 112).”

A humildade estava presente em sua vida e reconhecia suas limitações (Sl. 131; 40.12,17), suas vitórias eram atribuídas a Deus (I Sm.17.37; Sl. 34.4-7; 40.5-10; 124), pela biografia registrada na Bíblia, podemos dizer que Davi era um homem sincero, pois é chamado pelo próprio Deus “O homem segundo o meu coração” (I Sm. 13.14). Davi Era um homem que desfrutava intima comunhão com Deus através da oração, alguns desses momentos estão registrados nos Salmos (Sl.22;25;27;35;51;54;59;143). Como sua biografia foi registrada por inspiração divina, Davi foi apresentado como um homem infalível. Ele cometeu dois graves pecados: adultério e cumplicidade na morte de Urias (II Sm. 11.1-22), mas, quando repreendido pelo Senhor, através do profeta Natã, confessou e arrependeu-se profundamente de seus pecados, ele entendia que todo pecado era cometido contra Deus (II Sm. 12.13; Sl. 51). Davi também enfrentou momentos de crises, sentiu ódio, ira e desejo de vingar-se de seus inimigos, mas o temor ao Senhor o levava a se entregar Àquele que julga justamente. O seu sogro, o rei Saul, planejava matá-lo desde o dia em que soube que Deus o tinha escolhido para reinar em seu lugar (I Sm. 18.6-27.1), mas a vingança não encontrou lugar no coração de Davi, pois teve oportunidade para matá-lo em defesa própria por duas vezes e não o fez, porquanto o honrava como Rei e pai (I Sm. 24.1-7; 26.1-11). Com essas atitudes, ele demostrava aos seus soldados como habitava a lei de Deus em seu coração.

É notório que os valores desses homens citados acima eram fundamentados na revelação que Deus fizera de Si mesmo a cada um, e a piedade fluía naturalmente através da submissão a Deus e a sua Palavra Revelada. O conhecimento e a meditação na Lei do Senhor, assim como a oração, o amor a Deus e ao próximo, era algo sempre presente em suas vidas. Eles não assimilavam a fé em Deus como algo a ser exercido num lugar determinado para isso ou que houvesse um lugar neutro onde eles poderiam ser descaracterizados do que lhes era ensinado na Palavra e praticar obras carnais sem serem cobrados pela consciência da fé. O temor ao Senhor e a sua palavra habitava neles e se revelava em toda e qualquer ação interior e exterior. Eles andaram na luz desse conhecimento, onde Deus reinou em suas mentes e corações e foram testemunhas do Deus vivo aos homens e anjos, em todas as suas ações.

Uso e significado da palavra piedade no

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