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Trabalho Santos Dumond

Por:   •  19/12/2017  •  14.669 Palavras (59 Páginas)  •  468 Visualizações

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Assim, a outra viagem realizada ao continente Europeu em 1892, Santos Dumont, então com mais de dezoito (18) anos, passou a residir na capital da França, em companhia de outros parentes.

Foi o Sr. Garcia, seu primeiro professor, um hábil francês de origem espanhola, que lhe ensinou as primeiras noções de Física, Química, Eletricidade e, como não podia faltar, a Mecânica. Dedicou-se primeiramente ao automobilismo em decorrência ao seu profundo interesse pela Mecânica; posteriormente, ainda influenciado pelas leitura de Júlio Verne, pelo progresso da aerostação na França, e pelo seu indispensável desejo de voar , acabou-se por se integrar aos vôos de balões livres.

A alegria e a emoção pelas quais ficou possuído ao subir ao céu pela primeira vez – a bordo de um balão – estão visivelmente presentes na narração que Santos Dumont fez no seu livro “Os meus Balões”, com referência a esse acontecimento marcante na sua vida .

Empregando seus dias, horas e minutos naquilo que passou a ser o único objetivo de sua vida – A conquista do Ar – Santos-Dumont, possuidor de uma tenacidade ilimitada, surpreendeu o mundo aeronáutico com o balão dirigível, impulsionado por um motor a gasolina.

Os motores a eletricidade e a vapor eram os motores mais conhecidos e empregados em balões-dirigíveis, com tudo não ofereciam resultados práticos: a Santos-Dumont coube, no entanto, a primazia de aplicar o motor a gasolina no aparelho mais leve que o ar. Sua idade era de somente vinte e cinco (25) anos.

De 1898 a 1909 ele planejou, construiu e experimentou mais de duas dezenas de invenções, entre balões-livres, balões-dirigíveis e aviões( biplanos e monoplanos ).

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- 2.1 – Infância.

A vida de Santos-Dumont foi, toda ela, dedicada a conquista do ar. Pode-se mesmo dizer que, na infância, quando residia no interior brasileiro, a sua imaginação era despertada pela ascensão dos pequenos balões de papel que os meninos soltavam nas noites de São João, na alegria de uma das festas mais populares do Brasil.

Já rapaz, quando o conhecimento e as primeiras luzes do saber lhe despertaram a inteligência, sua imaginação foi conquistada definitivamente pelas predições de um dos mais férteis escritores do século XIX: o famoso Julio Verne. O imaginoso escritor, criador de mundos, em que a inteligência infantil circulava com desembaraço e prazer, tomou de assalto as primeiras manifestações de seu espírito inventivo. Os submarinos, os balões, os transatlânticos e todos os outros meios de transporte que Julio Verne previu com tanta felicidade, envolveram o seu cérebro de jovem, despertando-lhe, do fundo do subconsciente, a faculdade que já se acentuava instintivamente para o domínio e manejo da mecânica. E não era sem razão que o jovem Alberto dirigia as locomotivas Baldwin que o engenheiro Henrique Santos Dumont encomendara na Europa para o trabalho da companhia de estrada de ferro em que exercia a sua atividade e, nas fazendas de Café que, posteriormente, seu pai adquirira, se comprazia em consertar as máquinas da usina, quando estas quebravam.

"Dificilmente se conceberia meio mais sugestivo para a imaginação de uma criança que sonha com invenções mecânicas. Aos 7 anos, já eu tinha permissão para guiar os locomóveis de grandes rodas empregados na nossa propriedade nos trabalhos do campo. Aos 12, deixavam-me tomar o lugar do maquinista das locomotivas Baldwin que puxavam os trens carregados de Café nas 60 milhas de via ferrea assentadas por entre as plantações. Enquanto meu pai e meus irmãos montavam a cavalo para irem mais ou menos distante ver se os Caféeiros eram tratados, se a colheita ia bem ou se as chuvas causavam prejuízos, eu preferia fugir para a usina, para brincar com as máquinas de beneficiamento".

Esses fatos da vida de Santos-Dumont, narrados singelamente no seu livro Dans l'air, em que recapitula toda a primeira fase de sua luta para conquista do ar, tem grande significado, para se ver que a sua existência, desde os primeiros passos, e toda a preocupação de sua vida, na sua manifestação vocacional, foi dedicada e absorvida pela preocupação do domínio dos ares pelo homem.

A destinação de Santos Dumont manifestou-se desde a infância e, como as árvores, que, da semente, crescem, se desenvovem e dão frutos, a sua existência de aeronauta passou por todas essas fases de evolução vegetal: da ansiedade do menino, aos estudos do rapaz, que prepararam o arcabouço das suas vitórias aeronáuticas: a dirigibilidade do mais leve e a navegação com o mais pesado que o ar.

E não há melhores fatos para comprovarem essas verdades do que aqueles que relembra Santos-Dumont nestas belas páginas de sua autobiografia:

"Ser-me-ia impossível dizer com que idade construí os meus primeiros papagaios de papel. Lembro-me entretanto nitidamente das troças que faziam de mim os meus camaradas, quando brincavam de "passarinho-voa".

O divertimento é muito conhecido. As crianças colocam-se em torno de uma mesa, e uma delas vai perguntando, em voz alta: "Pombo voa?". . . "Galinha voa?". . . "Urubu voa?". . . "Abelha voa?"... E assim sucessivamente. A cada chamada todos nós deviamos levantar o dedo e responder. Acontecia, porém, que, de quando em quando, gritavam: "Cachorro voa?"... "Raposa voa?"... ou algum disparate semelhante, a fim de nos surpreender. Se algum levantasse o dedo tinha de pagar uma prenda.

E meus companheiros não deixavam de piscar o olho e sorrir maliciosamente cada vez que perguntavam: "Homem voa?"... E que no mesmo instante eu erguia o meu dedo bem alto, e respondia: "Voa!" com entonação de certeza absoluta, e me recusava obstinadamente a pagar a prenda.

Quanto mais troçavam de mim mais feliz eu me sentia. Tinha a convicção de que um dia os trocistas estariam ao meu lado. Entre os milhares de cartas que me chegaram as mãos, no dia em que ganhei o prêmio Deutsch, uma houve que me causou particular emoção. Transcrevo-a a título de curiosidade:

"Você se lembra, meu caro Alberto, do tempo em que brincávamos juntos de "Passarinho voa?" A recordação dessa época veio-me ao espírito no dia em que chegou ao Rio a notícia do seu triunfo. O homem voa, meu caro! Você tinha razão em levantar o dedo, pois acaba de demonstrá-lo voando por cima da torre Eiffel. E tinha razão em não querer pagar a prenda. O Senhor Deutsch paga-a por você. Bravo! Voce bem merece este prêmio de

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