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O Milagre de Berna

Por:   •  21/5/2018  •  1.886 Palavras (8 Páginas)  •  424 Visualizações

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Como era de sua tradição, os húngaros aqueciam dentro do campo, algo que servia para entrarem já ambientados com o clima do jogo. Logo de inicio já dava para ver que os Magiares teriam no campo um forte adversário. Pois bem, as duas equipes entram em campo exatamente às 17h, horário local, o estádio estava lotado e a atmosfera era de total certeza na vitória do lendário esquadrão húngaro.

Puskás e Fritz Walter se cumprimentam e logo tem inicio a partida. Os húngaros, mostrando toda sua superioridade e desejo pela vitória, partem para cima e logo aos seis minutos abrem o placar. Puskás, aos seis minutos, aproveita chute de Czirbor e fuzila o goleiro alemão Turek em chute cruzado com aquela mágica canhotinha. O placar estava aberto e o destino se encaminhava para a tão segura vitória dos Magiares. Dois minutos depois o placar seria ampliado. Os alemães estavam atordoados, os húngaros avançavam como uma avalanche, mas o gol não nasceu de uma jogada trabalhada pelo forte esquadrão Magiar e sim de uma falha terrível do goleiro alemão Turek e o zagueiro Kohlmeier, que deixou a bola nos pés Czirbor, sem goleiro, para ampliar o placar, 2 a 0. A final parecia encaminhada, mas no mundo do futebol as vezes acontecem surpresas e de tempos em tempos acontecem tragédias, milagres ou seja lá como preferirem definir.

Eis que o time alemão bate o ponta pé para iniciar o jogo, troca passes até a bola ir parar na esquerda, quando vem um chute de muito longe, fraquinho, despretensioso, mas a bola inexplicavelmente passa por debaixo das pernas do lateral direito húngaro e ainda por cima o zagueiro central falha ao afastar a bola, Morlock, que não tinha nada haver com isso, de carrinho coloca a bola para o fundo das redes. A Alemanha diminuía, mas a confiança era plena nos húngaros.

O gol deu um novo ânimo ao time alemão, que partiu pra cima dos fabulosos Magiares. Numa espécie de blitz o time alemão teve duas ocasiões que se não foram claras levou certo perigo a meta do goleiro Grosics. Desses lances resultou um escanteio. Fritz Walter cobra no segundo pau, Grosics sai seguro de que a bola seria dele, mas o goleiro fora tocado pelo atacante alemão Schafer, o juiz não marca falta e a bola sobra para Rahn que só tem o trabalho de empurrar a bola para as redes. O mundo estava surpreso, os húngaros levavam um susto inesperado e os alemães ganhavam confiança.

É, mas o time dos Magiares era fabuloso e de cara retomou o controle da partida, dominava o jogo integralmente e literalmente bombardeava a meta alemã defendida por Turek. A trave salvava os alemães, o goleiro Turek fazia excelentes defesas e a zaga bloqueava os chutes húngaros como podia. A pressão era incrível. No entanto, o primeiro tempo terminava em um empate surpreendente.

A pausa no jogo foi mais benéfica ao time húngaro, já mais descansados, lembrando que tiveram jogos duríssimos contra Uruguai e Brasil e que Puskás não estava nem perto de sua melhor forma, os Magiares foram com tudo para cima dos alemães, o jogo basicamente se restringia a uma parte do campo. O goleiro Turek fez milagres em finalizações de Puskás, Czirbor e Kocsis, porém, não era só Turek que salvava os alemães, o zagueiro Kohlmeier salvara chute de Puskás em cima da linha, Czirbor cabeceara uma bola na trave, nada dava certo para os Magiares. A Alemanha se limitava a defender, correr atrás dos fabulosos húngaros e sonhava com um contra ataque para vencer a partida.

Por volta dos 30 minutos o ritmo dos húngaros diminuiu, o cansaço chegava diante do campo pesado e em más condições, somado à pancadaria dos jogos duros contra Brasil e Uruguai. O campo era um problema, a situação estava cada vez pior, os jogadores Magiares escorregavam no gramado enquanto os alemães se mantinham equilibrados graças a uma nova tecnologia de travas de chuteiras produzidas pela empresa que hoje chamamos de Adidas. Assim, o jogo se encaminhava para o fim, os húngaros pressionavam e os alemães brigavam bravamente, quando um milagre acontecera: em rápido contra ataque, após lançamento para área mal afastado pela defesa húngara a bola sobra para Rahn, que corta o marcador e chuta no canto direito do goleiro Grosics, era a virada chocante dos alemães. Um golpe do destino, a maior de todas as injustiças, talvez, mas o placar havia mudada para a surpresa de todos.

No entanto, o jogo ainda não acabara, faltavam seis minutos e aquele tempo para os Magiares era uma eternidade. Czirbor, grande atacante húngaro, chegou próximo do gol de empate, mas Turek operou um milagre em chute a queima roupa, parecia ser o destino indo contra os mágicos do futebol. Puskás, que jogara baleado, chamou a responsabilidade, recebe a bola pela esquerda e define o que seria o gol de empate, no entanto, o bandeirinha anula por impedimento, a depender das fontes as informações mudam acerca da posição legal ou não do gênio húngaro. Com a anulação do gol tudo estava acabado, não havia tempo para mais nada e a seleção mais soberana de todos os tempos havia sendo surpreendidas pela junção de fatores, tanto de fenômenos da natureza, quanto pelo futebol de força alemão.

O mundo estava chocado, ninguém poderia imaginar um resultado assim, estava construída a maior zebra da história das finais da copa. A vitória de um time pragmático, lutador, de qualidade, sortudo e que ouso chamar de desleal, pelas táticas utilizadas para a lesão de Ferech Puskás, ainda no primeiro jogo e que comprometera sua participação do resto do campeonato e que claramente influenciava o resultado da final, uma vez que o maior jogador do mundo se encontrava em 50% de suas condições.

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