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O Esporte e o jogo

Por:   •  17/12/2018  •  3.351 Palavras (14 Páginas)  •  339 Visualizações

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É de fundamental importância compreender a diferença existente entre esporte na escola e esporte da escola, o esporte na escola configura-se como reprodução da pratica esportiva existente na sociedade (jogar o futebol como ele já acontece- regras, etc). Já o esporte da escola trata da transformação didática pedagógica do esporte, onde o esporte é modificado para que haja um processo coeducativo, não excludente e em que os alunos possam jogar seu esporte, discuti-lo, reconstruí-lo e ampliá-lo.

O jogo na Educação Física escolar precisa ser tratado sem reduzi-los a uma simples pratica pela pratica, ou esportivizá-los na lógica do selecionamento e da competição, ou, ainda, justificar sua permanência nos currículos escolares como promotora de saúde. Um dos locais de maior expressão e utilização do jogo na escola tem sido na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, sendo que, nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, os esportes predominam nas aulas de Educação Física. Em alguns casos, o jogo vem sendo utilizado como meio de ensinar o esporte (jogos pré-desportivos), como recreação ou relaxamento e, não como uma manifestação cultural e pedagógica, detentor um saber. Ribas (2002, 2006), procurou estabelecer através da análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs - como o conhecimento praxiológico poderia contribuir com o ensino da Educação Física na escola. O autor constatou, entre outros resultados, o descuido ainda existente no trato pedagógico com os jogos tradicionais e a força com que o esporte é enfatizado na proposta dos PCNs, a partir do qual, muitas instituições de ensino se valem para elaborar a proposta de trabalho pedagógico da Educação Física. A falta de orientação pedagógica e de base teórica para o ensino dos jogos na cultura escolar tem sido um dos desafios da escola atual.

O Esporte da Escola

O fenômeno esporte é justificado por sua amplitude de possibilidades pedagógicas e metodológicas. Tais aspectos se referem ao conteúdo esporte e intervenção docente, ambos na perspectiva educacional. No contexto escolar é fundamental que o esporte passe por transformação que para Elenor Kunz(2001, p.85):

Deve haver no mínimo uma transformação didático-pedagógica dos seus elementos básicos – como os movimentos padronizados e as regras preestabelecidas de execução, para poder-se utilizá-lo como conteúdo pedagógico na Educação Física Escolar. Sua importância cultural e social é sem dúvida inquestionável, porém, isto não garante a sua legitimidade no contexto escolar sem profundas transformações.

A Educação Física é a única disciplina do currículo escolar que permite a amplitude de abordagens: biológica, antropológica, sociológica, psicológica, filosófica, política e corporal. Como manifestação humana a Educação Física assume facilmente caráter multidisciplinar e o esporte é conteúdo importante para lidar com essas abordagens.

O esporte como o conteúdo mais popularmente utilizado nas aulas de Educação Física, inclusive identificado pelos alunos/as como sinônimo de Educação Física, cabe destaque neste trabalho. Entende-se também que o esporte é um fenômeno social complexo, com inúmeras facetas, e a questão principal é a forma inadequada de como este esporte é tratado na escola. Presenciamos na escola a reprodução da instituição esportiva formal, excessivamente técnica e mecânica, excludente, que enfatiza a competição. Além da prática do deixar fazer, rolar a bola, daí que a Educação Física, muitas vezes, não tem o mesmo tratamento das outras disciplinas. Um dos fatores que leva a essa desvalorização é referente à apropriação de um único conteúdo utilizado inadequadamente. No que concerne ao trato pedagógico do esporte, Valter Bracht (2000, p.16) assinala que não se trata de negá-lo:

Ao contrário, se pretendemos modificá-lo é preciso exatamente o oposto, é preciso tratá-lo pedagogicamente. É claro que, quando se adota uma perspectiva pedagógica crítica, este tratá-lo pedagogicamente será diferente do trato pedagógico dado ao esporte a partir de uma perspectiva conservadora de educação.

Portanto, é necessário compreender que o conteúdo esporte na escola tem que se dar a partir de um significado de valores que o legitimem como um bem social, buscando no esporte valores que tratem do respeito ao ser humano, a solidariedade, e a coletividade. Mas, para isso é preciso modificar suas regras, elaborando então, o esporte da escola. O esporte educacional deve ser praticado de forma recreativa, com amplas possibilidades de utilização e mudanças, sem compromisso com vitórias e derrotas, mas um esporte onde ocorra aprendizagem e participação das diferentes manifestações da cultura e, que trate de questões sociais fundamentais à convivência como gênero/sexualidade e violência.

É necessário ensinar de forma que os/as alunos/as se apropriassem de conhecimentos nas áreas de saúde, cultura e cidadania, que aprenda a gostar do esporte, além de construir as aulas coletivamente, sendo os/as professores/as coordenadores/as nesse processo. A mídia exerce grande influência sobre o esporte que é praticado na escola, distorcendo e padronizando o modelo de esporte e de quem pratica, deve ser tratada com criticidade nas aulas de Educação Física, para que não seja reproduzida principalmente no que diz respeito a violência e ao consumismo exagerado. Para Assis (2001, p 91) “O esporte, que tem origem nos jogos produzidos pelo povo, retorna ao povo como espetáculo para consumo.”.

O Jogo na Educação Física escolar

O jogo, enquanto um dos elementos do conteúdo da Educação Física escolar, juntamente com a ação docente, tem um papel importante no desafio de educar, visto que, como conteúdo, é parte significativa da cultura humana. O jogo permite comportamentos plásticos tanto da criança, do adolescente e do professor sobre sua estrutura e nas inúmeras possibilidades de criar e agir a partir dele, por não ser marcado pela mão da regulação internacional, e, ter suas origens ou práticas, próprias de um grupo social.

O conceito de jogo, ao longo da história, tem assumido papéis diferenciados para adultos e crianças na constituição da família e da sociedade. As tentativas em se conceituar o termo jogo são passíveis de várias interpretações, devido, ao mesmo ser empregado em vários âmbitos: na lingüística, na economia, na psicologia, etc., todos direcionados de acordo com as suas proposições.

Para Huizinga (1971) o jogo é um fenômeno cultural, um

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