Análise de sobrevida: Uma revisão sistemática
Por: Salezio.Francisco • 11/4/2018 • 3.382 Palavras (14 Páginas) • 370 Visualizações
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Na análise de sobrevivência, os parâmetros mais importantes são a probabilidade de sobrevivência no curso de cada um dos intervalos considerados e a probabilidade de sobrevivência acumulada (tratada correntemente como taxa de sobreviver), isto é, a probabilidade de sobreviver do tempo zero até o tempo final considerado. Esta última equivale à probabilidade de sobreviver em todos os intervalos anteriores ao momento considerado e, usualmente, é denominada s(t). Geralmente há uma variável de interesse, também chamada de variável dependente ou resposta, que algumas vezes é o tempo decorrido até o aparecimento de algum evento. Há, ainda, uma ou mais variáveis, denominadas independentes, preditoras ou covariáveis, cujo relacionamento com a variável dependente, em geral, é imprescindível, pois os modelos estatísticos expressam a variável dependente como uma função matemática conhecida das variáveis independentes (BUSTAMANTE-TEIXEIRA,2002; GOEL,2010).
Em estudos de sobrevida, as pessoas são acompanhadas por meio da ocorrência de um evento (diagnóstico da doença, realização de cirurgia, ou o nascimento). Geralmente, as pessoas são incluídas no estudo em diferentes tempos do ano calendário; porém, na análise, todos os indivíduos têm seu tempo de sobrevivência contado a partir da entrada no estudo (que é considerado como tempo zero). Segundo Cox (1984), os inícios são, portanto, truncados à esquerda, ou seja, a observação de cada indivíduo começa a partir de determinado momento, sem levar em conta o que aconteceu no passado. O evento final, denominado falha (failure) pode corresponder ao óbito, à variação de um parâmetro biológico, ou ainda a um determinado evento que indique a modificação do estado inicial (cura, recorrência, retorno ao trabalho) (BUSTAMANTE-TEIXEIRA,2002).
Na área de saúde são muito utilizadas para determinar, entre outros enfoques, o impacto de determinada doença sobre a vida dos pacientes. Nesses casos, a sobrevida exprime a probabilidade de que um paciente esteja vivo após um período determinado (por exemplo, após 1, 3, 5 anos do diagnóstico) e refletem, além da história natural da doença, as atividades de controle do câncer, incluindo rastreamento (screening) e organização e qualidade dos serviços de saúde (KLEINBAUM, 1995).
Diante do exposto, destaca-se a importância de escolher testes estatísticos adequados a cada estudo que pretenda realizar análise de sobrevivência. A escolha do modelo estatístico mais apropriado dependerá do tipo do delineamento do estudo, de seus objetivos, das variáveis estudadas e da maneira pela qual os dados sejam coletados e categorizados. Este trabalho tem como objetivo determinar, através de uma revisão sistemática, os testes estatísticos mais utilizados em estudos para análise de sobrevida.
METODOLOGIA
Uma revisão sistemática de literatura foi realizada através de pesquisa bibliográfica nas bases de dados Scielo e LILACS utilizando os descritores: sobrevida, análise de sobrevida nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. A pesquisa ocorreu no mês de agosto de 2013 abrangendo os estudos realizados em seres humanos concluídos e publicados entre os anos de 2008 a 2013.
Os artigos foram selecionados pelo resumo através dos seguintes critérios de inclusão: artigos originais e estudos realizados em seres humanos tendo análise de sobrevida como foco dos estudos. Foram utilizadas na introdução e discussão publicações anteriores ao período de 2008. Foram excluídos os artigos fora do período de publicação definido, publicados em outras línguas, estudos qualitativos, estudos de casos e artigos de revisão.
Foram pesquisadas também as referências bibliográficas dos artigos incluídos, tendo por base os títulos e o resumo dos artigos e rejeitando-se aqueles que não preencheram os critérios de inclusão ou apresentaram algum dos critérios de exclusão. Os artigos selecionados foram lidos na íntegra e os resultados foram apresentados em quadros e tabelas em seguida analisados.
RESULTADOS
A estratégia de pesquisa descrita possibilitou localizar na base dados Scielo, utilizando-se o descritor “Sobrevida”, 240 artigos e com o descritor “ Análise de sobrevida” 18 estudos. Após aplicação de critérios de inclusão e exclusão anteriormente explicitados na metodologia, restaram 27 artigos. Na base de dados LILACS, ao utilizar o descritor “Sobrevida” foram encontrados de 600 artigos e com o descritor “Análise de sobrevida” 63 artigos. Após aplicar critérios de inclusão e exclusão restaram 13 estudos.
Na Figura 1 é apresentado o fluxograma da seleção dos estudos incluídos na revisão, em que é possível observar que ao final, 40 artigos de estudos originais foram incluídos nesse trabalho.
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Como mostra o Gráfico 1, ao analisar a distribuição dos artigos segundo modelos e testes estatísticos utilizados, é possível observar que em 90% dos trabalhos foi utilizado o método de Kaplan-Meier como teste para determinar a análise de sobrevida.
Gráfico 1
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DISCUSSÃO
A análise de sobrevivência é um teste estatístico muito utilizado na área de saúde para determinar, entre outros enfoques, o impacto de determinada doença sobre a vida dos pacientes. Nesses casos, a sobrevida exprime a probabilidade de que um paciente esteja vivo após um período determinado (por exemplo, após 1, 3, 5 anos do diagnóstico) e refletem, além da história natural da doença, as atividades de controle do câncer, incluindo rastreamento (screening) e organização e qualidade dos serviços de saúde (KLEINBAUM,1995).
Percebe-se através dos artigos levantados nesta revisão que boa parte estuda a perspectiva de tempo de sobrevivência a partir de um determinado diagnóstico, como por exemplo, o câncer, visto nos estudos de Matida (2011), Migowshi (2010), Nakagama (2011), Nunes (2010), Rodriguez (2008), Honorato (2009), Guibeu (2011), Araújo (2011), Borquez (2011), Brandão (2010), Domingos (2011), SAkoe (2010), Scheiner (2009), Sepúlveda (2008), Venturellim (2008). Este tempo de sobrevivência também pode decorrer a partir de um determinado evento ou situação específica como a presença de uma determinada comorbidade que poderia afetar o desfecho de uma doença, como mostrado por Gonçalves (2008) em relação à presença de neurite nos pacientes com hanseníase.
Segundo Bustamante – Texeira (2002), as principais técnicas
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