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O que é trabalho Coleção Primeiros Passos. Editora brasiliense.

Por:   •  16/5/2018  •  2.068 Palavras (9 Páginas)  •  436 Visualizações

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de propriedade privada, a produção de excedente e a existência de uma classe ociosa.

Como menciona Bastos (1996, p.09):

[...] A medida que se desenvolveu a capacidade produtiva, surgiu a propriedade privada da terra, provavelmente porque o controle da produção pelas unidades familiares permitia melhor organização e eficiência. A propriedade privada da terra estabeleceu a base para o surgimento da sociedade de classes e criou as condições para que uma classe se apropriasse do trabalho excedente de outra classe.

Dessa forma, a agricultura modificou todo aparato social, permitindo o surgimento de outros elementos societários que até hoje permeiam nossas relações sociais, como: a propriedade privada; a exploração social e a divisão da sociedade em classes. O trabalho neste momento passa ser a força física e mental utilizada por uma classe em beneficio a classe ociosa.

Suzana Albornoz relaciona este fato com a prática da guerra. Segundo a autora, o povo conquistado na guerra seria a força de trabalho do povo dominante, entregaria os seus excedentes e tornaria seus escravos, propriedades do povo conquistador. Portanto, o trabalho de modo geral estava relacionado à desapropriação de bens materiais de uma classe por outra, tudo que uma classe produzia por meio de sua força física e mental era expropriada, tornando-se propriedade alheia.

Em relação a isso, Bastos (1996, p.11) conclui que: “[...] os meios de produção [...] as terras, são propriedade de apenas um grupo de pessoas, o restante da comunidade [...] submeter-se à classe dos proprietários para garantir sua própria subsistência [...]”.

De fato, a agricultura proporcionou um desenvolvimento econômico, este possível de ser observado em conjunturas históricas diferentes, mas com a mesma estrutura, ou seja, embora em tempos e lugares distintos as relações econômicas eram semelhantes. Existiam sempre aqueles que eram explorados por meio do seu trabalho e aqueles que exploravam.

Conforme tempo e lugar, o país e a época, as terras podem ser trabalhadas por escravos, servos ou camponeses; e o excedente pode ser recebido por fidalgos independentes ou por funcionários de uma monarquia ou de uma potencia imperialista. Mas as linhas principais das relações econômicas eram semelhantes: o excedente era consumido em parte para manter um aparato militar e em parte para sustentar o padrão de vida da classe ociosa [...]. (ALBORNOZ, s/a, p.19)

Ainda, segundo a autora, ao mesmo tempo em que a agricultura dá o impulso ao desenvolvimento artesanal também intensifica o comércio. Desta forma, a agricultura deixa de ser a única fonte de riqueza, pois o comércio e as manufaturas vão viabilizar novas formas de produção, na qual se erguerá novas relações sociais. Surge neste momento histórico a burguesia, originária dos burgos (feiras de comércio que se transformaram nas primeiras cidades), hoje a classe detentora do poder.

Para Albornoz é um grupo social que detinha todo rendimento das atividades comerciais, estabelecendo uma hierarquia com base no dinheiro, determinando em grande parte as formas pelas quais se realiza o trabalho.

[...] Agora, o trabalhador executa as ordens [...] do seu patrão. O ato de trabalho deixa de ser algo que, do inicio ao fim, expressava uma dada necessidade [...] para ser a expressão de uma escolha feita por um individuo e levada à prática por outro, com a finalidade de dar lucro ao patrão que não trabalhou [...] a única forma de o trabalhador sobreviver sob o capital é vender sua força de trabalho, em troca de um salário, ao burguês. (LESSA, 2006, p11)

O desenvolvimento das ciências e da arte também contribuiu consideravelmente, em relação a sua aplicação à produção econômica. Como cita Albornoz (s/a, p. 21): “[...] Embora mantendo certa autonomia em relação às condições materiais, artes e ciências acompanham de perto o desenvolvimento econômico [...].”

Pois as ciências e a arte ofereceram à classe burguesa subsídios e conhecimentos importantes, como o desenvolvimento do saber e da tecnologia, para o controle social e afirmação da burguesia no poder econômico.

Nesse contexto, o capitalismo já estava se afirmando como sistema predominante. Albornoz cita a Revolução industrial, como o fato histórico importante que moldou o cenário socioeconômico da modernidade. Seguem-se os três estágios de desenvolvimento da tecnologia: primeiro, a invenção da máquina a vapor – século XVIII; segundo, o uso da eletricidade – século XIX; e o terceiro, a automação da evolução tecnológica com a invenção do computador.

Houve, nesse sentido, um fantástico progresso das forças produtivas, modificando os modos de produção e emergindo possibilidades de um admirável progresso de conhecimento. Tudo isso, nas palavras de Albornoz (s/a, p. 23), “[...]fruto de muito trabalho humano[...]”. O que se esperava com todo esse crescimento e transformações era a felicidade dos homens, mas esse sonho foi frustrado quando todo esse avanço tecnológico tornou destrutivo e distanciada dos homens.

É o que retrata Ernest Bloch (apud ALBORNOZ, s/a, p. 23): “[...] quando a técnica, da qual a humanidade esperava a abundância e a felicidade, portanto, a paz, se aplica especialmente à indústria da guerra [...].”

O trabalho, nesse período histórico, caracteriza-se como um processo de alienação, no qual o homem não se reconhece naquilo que produz; um trabalho explorado, onde a maioria só dispõe de sua força física e mental, enquanto a minoria é dona dos meios de produção; o trabalho como um fardo, uma vez que os trabalhadores entendem essa capacidade produtiva como uma atividade na qual estão cansados de permanecerem na mesma condição como tais, aprisionados ao sistema.

Porém, Albornoz expressa que a expansão tecnológica poderá libertar a humanidade do fardo do trabalho, quando seus avanços tecnológicos atingirem a massa, e esta, não mais precisar trabalhar; abrangeriam o privilégio da ociosidade pertencente à classe burguesa.

Todavia, a autora apregoa que esse fato seria uma novidade muito estranha e traria uma profunda questão de ordem existencial. Pois, a concretude do “[...] sonho da humanidade com o direito à preguiça [...]” (ALBORNOZ, s/a, p. 24), refutaria todo o arcabouço teórico que foi construído na modernidade acerca do trabalho, onde este dar sentido a vida.

Pois, como afirma Hannah Arendt (apud ALBORNOZ, s/a, p.24): “[...] cada vez mais temos uma alma operária [...]”. Sendo, portanto, o trabalho, o único meio de libertação

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