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THE CRISIS IN EDUCATION (CRISE NA EDUCAÇÃO) – UM TEXTO ATUAL

Por:   •  10/9/2018  •  2.344 Palavras (10 Páginas)  •  361 Visualizações

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THE CRISIS IN EDUCATION (CRISE NA EDUCAÇÃO) – UM TEXTO ATUAL

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Tradução de Mauro W. Barbosa de Almeida. 3 reimpressão da 5 ed. de 2000. São Paulo, SP: Perspectiva, 2000; 2005.

Resenhista: Carla Cunha Costa

Hannah Arendt – nascida Johanna Arendt (1906-1975), de acordo com informações obtidas de pesquisa realizada na Internet, é uma pensadora existencialista alemã de origem judaica que durante a Segunda Guerra Mundial, perdeu a nacionalidade alemã e seus direitos políticos por 10 anos. Após ter sido mandada para um campo de concentração nazista, do qual conseguiu fugir, acabou recebendo a nacionalidade norte-americana e se tornando catedrática na Universidade de Chicago e na New School of Social Research, em Nova York. Em Berlim havia estudado teologia e filosofia com a teóloga protestante-luterana Soren Kierkegaard. Ainda como membro da religião romana, defendeu tese sobre a ideia de amor do Pai da Igreja Católica, Santo Agostinho. Na França, onde se exilou para escapar do nazismo, conheceu Walter Benjamin. Foi aluna de Martin Heidegger (e amante, já que ele era um homem casado) e de Rudolf Bultmann (teólogo protestante-luterano). Arendt nega ser filósofa. Se considerava “analista política”, por isso, não utilizava os termos "esquerda" e "direita" em seus escritos (BESANÇON, 2000). Isto implica que tanto a “direita” quanto a “esquerda” podem usar essa seus textos como bem os entenderem.

Publicado pela primeira vez em 1957, o artigo “Crise na Educação”, permanece útil para os dias atuais. Arendt inicia a discussão com o assunto que atinge quase todas as áreas da vida humana e ocorre em vários países, simultaneamente: a crise na educação e os perigos decorrentes da baixa constante nos padrões elementares do sistema escolar. Para a autora, a crise tem o lado positivo: o de forçar os seres humanos a regressarem às questões e exigirem respostas, sob a forma de juízos diretos; e um negativo: de sse tornar desastrosa quando responde questões com ideias feitas/pré-conceitos, perdendo a experiência da realidade e a oportunidade de refletir. Sendo um problema de ordem geral é impossível isolar completamente o elemento universal das circunstâncias em que aparece, mas é na América, que para Arendt, a crise assume a forma mais extrema, porque a educação é um fator político.

Arendt relata que a relação que essa república tinha como projeto-ideal abolir a pobreza e a opressão, caracterizada pelo bom acolhimento das pessoas em sua Terra. A lei fundamental da América inicia sua existência histórica e política, aliada ao entusiasmo a tudo o que é novo. A crença de fundar uma nova ordem só ganha sentido quando o “Mundo Antigo” é rejeitado por não ter encontrado soluções para os problemas da pobreza e da opressão. A partir do projeto-ideal surge uma educação mesclada de rousseauismo – para Rousseau a educação é um instrumento da política e a própria atividade política foi concebida como forma de educação. Assim, o papel desempenhado pela educação em todas as utopias políticas, desde a Antiguidade até os dias atuais, mostra como pode parecer natural querer começar um mundo novo com aqueles que são novos por nascimento ou por chagada ao local. Foi a partir de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) que a “modernidade”, principalmente na Europa, assumiu a perspectiva de que as crianças são a esperança de realização dos ideais políticos de uma sociedade – monopólio dos movimentos revolucionários (de esquerda) com tendências tirânicas que quando chegam ao poder, retiram os filhos dos pais e passam a os endoutrinar. Mas, a educação não pode desempenhar papel político, porque política lida com pessoas já educadas (adultos). Desta forma, quem deseja criar uma nova ordem política através da educação – sem uso da força, do constrangimento ou da persuasão –, deve aderir à terrível conclusão platônica de banir todos os velhos do Novo Estado.

Para Arendt, a crise atual resulta do caráter destrutivo de três pressupostos e do esforço desesperado de reformar todo o sistema de educação. Arendt explica essas ideias-base:

1ª) existe um mundo da criança e uma sociedade formada pelas crianças, como seres autônomos e que devem se governar por si próprias, onde o grupo é a autoridade que permite dizer o que deve ou não fazer; ao adulto cabe assistir esse processo.

A situação criada é de um adulto desamparado face à criança e privado de todo o contato com ela. Quanto muito, pode dizer que faça o que quiser e depois, impedir que o pior aconteça. Uma relação criança-adulto, real, normal e saudável, decorre do fato de pessoas de todas as idades viverem simultaneamente no mundo. Tomando o grupo e não a criança como indivíduo, quebra-se a relação criança-adulto e coloca-se a criança numa situação pior, pois a autoridade de um grupo é sempre mais forte e muito mais tirânica que a de um único indivíduo, por mais severo que ele possa ser. Colocando a criança individualmente, percebe-se praticamente nula a hipótese de revolta ou de fazer certas coisas por iniciativa própria. Assim, em nome da emancipação da autoridade dos adultos, a criança foi submetida a uma autoridade muito mais feroz e tirânica: a da maioria (superioridade numérica) – com quem não pode discutir nem escapar para outro mundo porque o mundo dos adultos foi vedado. Há poucos adultos que conseguem suportar essa situação, mesmo sem constrangimentos exteriores, as crianças são simplesmente incapazes. A reação das crianças frente à pressão grupal tende a ser ou de conformismo ou de delinquência juvenil – na maior parte das vezes, da mistura delas.

2ª) não há especialistas em ensino. Sob influência da Psicologia Moderna e das doutrinas pragmáticas, a Pedagogia tornou-se a ciência do ensino ao ponto de se desligar completamente da matéria de ensinar.

Professor é alguém capaz de ensinar qualquer coisa que tenha estudado (especialista). A formação dos professores na sua própria disciplina, vem sendo grandemente negligenciada, sobretudo nas escolas secundárias. Se um professor não tem necessidade de conhecer sua própria disciplina, ele saberá pouco mais que os alunos. Desta maneira, não somente os alunos foram abandonados aos seus próprios meios, como do professor foi retirada a fonte mais legítima de sua autoridade: a de saber mais – autoridade adquirida não por autoritarismo, mas por competência. Foi a moderna Teoria da Aprendizagem que permitiu à Pedagogia e às escolas normais desempenhar este pernicioso papel na educação.

3ª)

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