Os dois sentimentos da infância de Phillippe Ariès
Por: YdecRupolo • 4/10/2018 • 759 Palavras (4 Páginas) • 291 Visualizações
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[...] "Estou lendo a história da descoberta das Índias por Cristóvão Colombo, que me diverte imensamente; mas vossa filha me distrai ainda mais. Eu a amo muito... Ela acaricia vosso retrato e o paparica de um jeito tão engraçado que tenho de correr a beijá-la.". "Há uma hora que me distraio com vossa filha, ela é encantadora." "Mandei cortar seus cabelos. Ela agora usa um penteado solto. Esse penteado foi feito para ela. Sua tez, seu colo e seu corpinho são admiráveis. Ela faz cem gracinhas, fala, faz carinho, faz o sinal da cruz, pede desculpas, faz reverência, beija a mão, sacode os ombros, dança, agrada, segura o queixo: enfim, ela é linda em tudo que faz. Divirto-me com ela horas a fio". E, como se temesse alguma infecção, acrescenta com uma leviandade que nos surpreende, pois para nós a morte de uma criança é um assunto grave com o qual não se brinca: "Não quero que essa coisinha morra". (Ariès, p.101)
[...] "Todo homem sente dentro de si essa insipidez da infância que repugna à razão sadia; essa aspereza da juventude, que só se sacia com objetos sensíveis e não é mais do que o esboço grosseiro do homem racional". Assim falava El Discreto de Balthazar Gratien, um tratado sobre a educação de 1646, traduzido para o francês em 1723 por um padre jesuíta. "Só O tempo pode curar o homem da infância e da juventude, idades da imperfeição sob todos os aspectos." (Ariès, p.104)
REFERÊNCIA:
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2ª edição. Trad. Dora Flaksman. Rio de Janeiro: LTC Editora, 2005.(Conclusão: Os dois sentimentos da infância, p.99-105)
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