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Fontes e documentos

Por:   •  19/5/2018  •  2.870 Palavras (12 Páginas)  •  237 Visualizações

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Portanto, a memória oral compreendida como fonte oral auxilia no resgate e compreensão dos acontecimentos e das relações dos indivíduos no tempo.

A revolução abordada neste ponto pelo autor consiste no interesse de uma história não centrada exclusivamente sobre os grandes homens, os grandes acontecimentos, a história linear que transcorre apressadamente, a história política, diplomática, militar. A história aqui apresentada interessa-se por todos os homens, modifica a hegemonia dos documentos escritos oficiais, abrindo leque para uma gama maior de fontes.

Le Goff (1994) de maneira resumida compreende a história como a forma científica da memória coletiva e para construí-la ela se apresenta sob duas formas: o monumento e o documento. O primeiro refere-se as heranças do passado e o último à escolha do historiador. No entanto, é preciso entender esses termos dentro de uma configuração mais ampla e complexa. O autor define “o monumentum é um sinal do passado. Atendendo às suas origens filológicas, o monumento é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação, por exemplo, os atos escritos. (1994, p. 535). Nesse sentido, o monumento compõe uma herança da memória coletiva que busca eternizar as lembranças sejam elas voluntárias ou involuntárias, consagrando as sociedades como históricas.

Em relação ao documento, Le Goff explica

O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder. Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa. (LE GOFF, 1994, 545)

Nessa perspectiva, os documentos devem ser analisados pelo historiador considerando a sua intencionalidade, desconfiando de sua suposta veracidade, ou seja, como resultado de interesses humanos visando vantagem de um grupo sobre o outro. O autor adverte para impossibilidade de isolar os documentos do conjunto de monumentos de que fazem parte. A verdade contida neles só pode ser construída em conjunto.

Para dar continuidade à discussão aqui estabelecida, prosseguiremos com a conceituação de documento feita por Marrou. Inicialmente, o autor define documento como “toda fonte de informação de que o espírito do historiador sabe extrair alguma coisa para o conhecimento do passado humano.” (Marrou, 1976, p.69). A definição dele confere ao pesquisador a responsabilidade de enxergar no documento a fonte para sua pesquisa. O autor complementa destacando a importância de tornar-se um profundo conhecedor dos documentos coletados. Para isso, a personalidade, as qualidades, a formação e a criatividade do pesquisador são fundamentais.

As autoras Samara e Tupy estabelecem que são os documentos “que fundamentam os estudos historiográficos assumem, hoje, as formas mais diversas, abordam diferentes conteúdos e podem ser encontrados em lugares os mais variados” (2007, p. 67). No que concerne a este estudo, os documentos escritos relacionados a escola mencionada, a priori, ainda não foram identificados em sua totalidade. Porém, foi localizado em uma biblioteca de uma escola pública um manual de professor de 1958 que foi utilizado pelas alunas como base para a sua formação de professoras.

Cabe destacar neste ponto, que a revolução historiográfica mencionada por Le Goff tem como forte base a revolução documental. A esse respeito as autoras, Samara e Tupy (2007), esclarecem que os registros escritos não se constituem mais nas únicas fontes do conhecimento histórico. Dentro dessa gama de registros não escritos, podemos mencionar as fotos, filmes, músicas objetos, as línguas e a memória oral. Isso comprova que a ciência histórica avança incorporando métodos e técnicas que incluem outras áreas do conhecimento.

Falando particularmente de registros escritos, Marrou (1976), assim como apontado anteriormente por Le Goff, lembra que a noção de documento de fonte histórica não tem uma definição simples, ela é complexa e difusa. Há de se levar em consideração a verificação material da realidade de um objeto, sua manifestação exterior não é a única questão a ser considerada, temos que considerar a materialidade dentro de um contexto, tecendo conexões com as causas, circunstâncias e valores no qual o documento foi construído.

As autoras Samara e Tupy (2007) concordam com esse pensamento e complementam ao discorrer sobre análise do documento que abrange uma crítica interna e externa da fonte. Dentro da crítica interna, o pesquisador deve observar, além da elaboração de um texto, às mensagens entre aquele que escreveu um documento e o outro que se apropria da mensagem. As intenções com as quais os documentos são escritos são indícios que o pesquisador deve levar em consideração ao contextualizar a sua fonte. A crítica externa da fonte, através da materialização do documento, indica caminhos para compreender a sua dimensão, seu tamanho, os elementos para a sua confecção, as técnicas e inúmeras outras informações que levam o pesquisador a descobrir mais sobre o seu objeto.

As primeiras aproximações com o manual selecionado para esta pesquisa, permitem inferir parcerias internacionais para o desenvolvimento da educação no Paraguai, que começam justamente no ano de 1955, essas informações encontram-se no interior do manual. A mensagem preliminar do manual é a de servir como guia e suporte pedagógico nos momentos de dúvidas e para melhorar o ensino. Como apresentado pelos autores até este momento, todas os elementos observados devem ser contextualizados dentro de uma esfera maior, tecendo nexos com a atividade política y econômica da época em que o material foi elaborado, compreendendo a mensagem que de fato queriam enviar e como esta mensagem era recebida pelos professores. Devido à escassez de tempo, essa análise crítica será reservada para um momento mais avançado desta pesquisa. Porém, cabe ressaltar que o caminho a ser percorrido já foi amplamente traçado pelas leituras feitas até o momento.

Feita a discussão sobre documentos escritos, faremos agora uma abordagem no que refere-se a História oral, tendo os testemunhos orais como base para a construção da nossa fonte.

Pela leitura da obra de Tamara e Tupy (2007) foi possível compreender que as entrevistas não se limitam a preservação da memória, neste caso, das alunas da escola n°16, mas a realizar uma associação com o trabalho desenvolvido na escola e posterior trabalhado realizado por esses sujeitos formados na escola

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