Animação Sociocultural - Infância
Por: Hugo.bassi • 10/10/2018 • 3.177 Palavras (13 Páginas) • 275 Visualizações
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Ambiente Lúdico e Brincadeiras
A criança atua na realidade que a cerca, interpretando-a e produzindo significações sobre ela. Nesse sentido, a brincadeira possui um papel especial por se configurar enquanto um dos principais mediadores da relação que ela estabelece com o mundo. No entanto, cada vez mais se restringem os espaços e tempos disponíveis para meninos e meninas vivenciarem momentos lúdicos.
Stabelini Neto et al. (2004) afirmam que atividades motoras enquanto criança é crucial, e que tempos atrás elas eram vivenciadas espontaneamente pelas crianças em seu dia-a-dia, pois elas dispunham de espaços livres como parques, ruas e praças para as suas brincadeiras, mas que atualmente as crianças são “relegadas a brinquedos, na maioria das vezes eletrônicos, ou a atividades desenvolvidas em pequenos espaços, que limitam a aventura lúdica e a experimentação ampla de movimentos”. (p.136)
De acordo com Maluf (2008) o ambiente lúdico precisa ser levado a sério, pois o ato de brincar possibilita o aumento da autoestima e do autoconhecimento da criança. Biscoli (2005), diz que ao deixarmos a criança se expressar respeitando a sua linguagem, imaginação e individualidade, valorizamos sua autoestima. Desse modo, o ambiente lúdico possibilita às crianças o enriquecimento de suas próprias capacidades mediante o estímulo, a iniciativa, a melhoria nos processos de comunicação e criatividade.
Segundo Vygotsky (1984), a brincadeira é importante para a criança, pois é por meio dela que se desenvolve o seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e lidar com o mundo.
“A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento próxima” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz.” (VYGOTSKY, 1984, p.97)
Negrine (1994, p. 19) sustenta que
“As contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança.”
Logo, o ato de brincar é sinônimo de aprender, pois o brincar e o jogar geram um espaço para pensar, desenvolvendo assim o seu raciocínio, o seu pensamento, suas habilidades, conhecimentos e criatividade.
A criança, a educação e o lúdico
A concepção de criança é uma noção historicamente construída e constantemente vem mudando ao longo dos tempos. A Proposta Curricular de Santa Catarina (1998, p.21) defini que
“A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo social em que se desenvolve, mas também o marca.”
Em relação às crianças brasileiras, boa parte enfrenta um cotidiano nos quais são sujeitos a precárias condições de vida, ao trabalho infantil, ao abuso e exploração por parte de adultos. Outas crianças recebem todos os cuidados necessários ao seu desenvolvimento, tanto de suas famílias como da sociedade em geral.
Segundo Lopes (2009), a política de valorização da educação infantil no Brasil, é uma conquista recente, bem como a legislação vigente. Na Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 227 do capítulo 7º: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer...”; na Declaração dos Direitos da Criança, aprovada pela ONU em 1959, tem-se que “A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito” (PRINCÍPIO 7º) e no Estatuto da Criança e do Adolescente em seu capítulo 4, artigo 59: “Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude”.
Animação Cultural
A animação sociocultural é originada a partir do conceito amplo de cultura. A expressão “animação sociocultural” possui origem francesa animation socioculturelle. Já as palavras animador e animação usadas nesse contexto são mais antigas. A ideia de cultura sob a concepção antropológico-cultural é aquele que se refere a tudo que se transmite e adquire através da aprendizagem e não geneticamente. Por exemplo: Conhecimento, valores, tradições, costumes, procedimentos e técnicas, normas e formas de relacionamento, etc.
A animação sociocultural parte do interesse do coletivo e não de um interesse individual e partir disso é possível planejar e criar atividades para suprir as necessidades de um grupo. O trabalho é realizado de forma dialética e está em constante mudança para atender os objetivos comuns entre o grupo participante, já que a animação pressupõe fazer dos participantes os próprios agentes ativos.
Por vezes, a animação sociocultural foi definida como oposição à cultura dominante. Entretanto, o mais correto de se afirmar atualmente é que a animação sociocultural prevê o combate à cultura alienante – muitas vezes feita pela cultura de massas. Ou seja, ela luta contra algumas funções presentes na cultura de massas: consumismo, imperialismo cultural, penetração de determinadas ideologias e valores inadmissíveis, etc.
Há algumas caracterizações que podem ser impostas à animação sociocultural, e que não necessariamente sejam contraditórias ou excludentes, já que a expressão designa aspectos ou momentos diferentes das ações ou processos que se pretende referir ou enfatizar. São elas:
1. Como ação, intervenção, ação;
Indica o que o agente faz..
2. Como atividade ou prática social;
O que o agente faz e o que ele promove, seja uma atividade ou prática social.
3. Como método, maneira de proceder
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