Muito Longe de Casa
Por: Jose.Nascimento • 2/9/2018 • 1.314 Palavras (6 Páginas) • 314 Visualizações
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Quando se reuniram novamente, descobriram que Gasemu estava mortalmente ferido. Ele acabaria morrendo nos braços dos meninos, enquanto eles o carregavam.
Quando chegam a Yele, dominada pelos soldados do governo, eles conseguem ter algumas semanas mais tranquilas, ajudando nas tarefas domésticas em troca de alimento e moradia. No entanto, a aproximação dos rebeldes e a perda de muitos soldados faz com que os meninos sejam recrutados para servir e lutar na tropa.
E assim que os dias de Ishmael passam a ser preenchidos por tiroteios, matanças, invasões, filmes de guerra e drogas, rotina que dura mais de dois anos. O cotidiano de violência e a lavagem cerebral calaram fundo naqueles meninos, tanto que, mesmo resgatados pela Unicef e levados a um abrigo em Freetown, promoveram uma briga contra garotos que haviam lutado com os rebeldes da qual resultaram vários mortos e feridos.
Nas semanas seguintes ao resgate, sob os efeitos da abstinência, ele e os demais ex-soldados promovem todo o tipo de baderna no abrigo das Nações Unidas. Foi apenas com o passar do tempo e com muita paciência da equipe da Unicef, que Ishmael começou a responder aos estímulos. A enfermeira Esther contribuiu grandemente para que ele passasse do garoto rebelde para o porta-voz das crianças-soldados de Serra Leoa, de maneira que foi por intermédio do menino que o mundo tomou ciência das atrocidades que se cometiam naquele cantinho escondido do oeste da África.
Um tio seu que morava na cidade é localizado e não apenas topa receber Ishmael, como põe todo o coração nessa tarefa. Ishmael não demorou a gostar da vida que levava na casa de seu tio, a família o tratava muito bem e ele sempre se sentiu em casa.
A vida melhorou. Ishmael foi escolhido para falar em um congresso da ONU em Nova York sobre a situação das crianças em Serra Leoa. Mas como nada na vida desse lutador vem fácil, a vida que ia tomando um prumo foi posta de cabeça para baixo quando um golpe militar depôs o presidente e trouxe a guerra para Freetown, junto com a realidade que Ishmael conhecia: tiros, fugas, esconderijos..Como se não fosse o bastante, em meio a tudo isso, seu querido tio adoece e morre.
Até quando eu vou fugir dessa guerra? Se perguntava Ishmael no dia em que, sem perspectivas em Freetown e com medo de ser obrigado a voltar para o exército, ele deixou tudo para trás, fugindo para a Guiné, de onde o livro não conta, mas o autor atingiu nova York.
Por tudo isso, dá para se ter uma ideia do interessante que é o livro, com o ritmo narrativo muito forte dado aos múltiplos acontecimentos. Ishmael Beah vai direto ao ponto em vários momentos, sem meias palavras, relatando o horror da guerra por quem a viveu com os olhos de uma criança que foi forçada a crescer. Uma leitura fascinante.
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